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Publicado em: 18/08/2025 | Atualizado em: 19/08/2025

Estande da FAPERJ é palco de palestras sobre projetos inovadores no Rio Innovation Week

Débora Motta

Dois projetos de inovação social na Rocinha em destaque no estande da Fundação: à esq., a presidente da FAPERJ, Caroline Alves, com Marcelo Santos, do Sabão Amigo; e a equipe do projeto Rocinha Mais Sustentável, coordenada por Davison Coutinho (ao centro), exibindo souvenirs de plástico reciclado (Fotos: Divulgação/FAPERJ)

Como parte das comemorações pelo aniversário de 45 anos da FAPERJ, a Fundação participou, de 12 a 15 de agosto, da 5ª edição do Rio Innovation Week com um estande próprio, instalado no Armazém 4, no Píer Mauá. Ponto de encontro entre empreendedores, pesquisadores e autoridades, o estande foi palco de uma programação intensa de 33 palestras, com cases de sucesso de projetos científicos e tecnológicos inovadores desenvolvidos com apoio da Fundação. Neste ano, a novidade foi o “Passaporte da Ciência”, iniciativa lúdica em que os participantes receberam carimbos ao visitarem os diferentes espaços das instituições vinculadas à Secretaria estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação (SECTI) – Fundação Centro de Ciências e Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro (Cecierj), Fundação de Apoio à Escola Técnica (Faetec), Universidade do Norte Fluminense (Uenf), Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e FAPERJ, além da própria SECTI. Ao completarem o passaporte com todos os carimbos, foram recompensados com brindes e participaram de sorteios no estande da FAPERJ. Outra atração foi a realização de um quiz com os visitantes, que testaram seus conhecimentos com perguntas sobre o universo científico e tecnológico, escolhidas após girarem a roleta.

Entre os diversos temas apresentados, estiveram em pauta as diferentes aplicações da Inteligência Artificial e das técnicas de impressão em 3D para o desenvolvimento de produtos inovadores, a importância das políticas de fomento direcionadas ao empreendedorismo, à inovação tecnológica e social, além dos relatos das conquistas e desafios para inserção no mercado de representantes de startups e empresas juniores. A professora Maitê Vaslim, do Departamento de Virologia do Instituto de Microbiologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IMPG/UFRJ), compartilhou sua experiência no desenvolvimento de bioinsumos para proteger as plantas dos ataques causados por fungos e viroses, com o objetivo de aumentar a produtividade agrícola e minimizar as doenças no campo, de forma sustentável.

“Hoje, temos cerca de quatro mil toneladas de pesticidas no mundo, anualmente. No Brasil, são 719,5 mil toneladas de agrotóxicos por ano e, mesmo com o uso desses pesticidas, cerca de 40% daquilo que é plantado é perdido com doenças”, justificou. Maitê lembrou que em 2021 nasceu a startup Tolveg, fundada pelas suas ex-alunas Mariana Collodetti e Caroline Montebianco, com apoio da FAPERJ, por meio de editais como o Doutor Empreendedor. Entre os produtos da Tolveg estão o bioestimulador Hariman, concebido para dar maior tolerância aos vegetais, para que tenham mais resistência às pragas comuns no campo.

No estande da FAPERJ, o público girou a roleta e participou de um quiz, testando o conhecimento científico e tecnológico. Outra novidade foi o Passaporte da Ciência, que estimulou a visita aos diferentes espaços das instituições vinculadas à SECTI (Fotos: Divulgação/FAPERJ)  

Outro destaque foi a palestra do estudante de Engenharia Matheus Afonso, da Uerj, campus regional de Resende, que refletiu sobre o tema “Por que contratar uma empresa júnior pode ser o melhor negócio que sua organização vai fazer esse ano?”. Presidente da RioJunior, a Federação das Empresas Juniores do Estado do Rio de Janeiro, ele palestrou sobre as vantagens da inserção das empresas juniores no mercado. “O nosso estado possui 76 empresas juniores federadas, com uma mão de obra jovem, cheia de energia e qualificada, a um custo-benefício imbatível. Alcançamos um faturamento de R$ 23 milhões de 2022 a 2024. Dos aproximadamente dois mil empresários juniores, estima-se que 58% são mulheres empreendedoras”, pontuou. “Contratar empresas juniores gera benefícios tanto para o ecossistema empreendedor como para as universidades, com projetos de jovens talentos que geram impactos diretos na sociedade”, completou.

Produtos rurais inovadores que geram desenvolvimento regional, e estão em vias de obter o selo de Indicação Geográfica (IG), foram o tema das apresentações de Thamyres Freire, representante da “Santa Farofa” – farinha de mandioca típica de São Francisco de Itabapoana –, e de Graziela Passarelli, coordenadora da produção de arroz-anã de Porto Marinho. Esta comunidade pertence ao pequeno distrito de São Sebastião do Paraíba, no município fluminense de Cantagalo, às margens do Rio Paraíba do Sul. Contempladas pela FAPERJ no edital Apoio à Promoção de Indicações Geográficas no Estado do Rio de Janeiro, elas destacaram a importância do reconhecimento dos seus produtos com o selo, que chancela a originalidade de produtos tradicionais vinculados a determinados territórios. “Na região de Porto Marinho, a produção de arroz-anã é fundamental para gerar uma alternativa de trabalho e dar a oportunidade de nossos filhos continuarem trabalhando em nossa terra, sem precisarem migrar para a cidade grande. Que eles tenham a chance de escolher ficar e não precisem ir embora”, disse Graziela.

O biólogo Vander Luna, do grupo Kovalent Esportes, sediado em Niterói, falou sobre os equipamentos de nutrição do futuro. De forma didática, ele realizou testes de hidratação com o público no estande da FAPERJ, a partir da aferição rápida da saliva, e detalhou as funções dos outros equipamentos inovadores da empresa. “Com o point-of-care de Bioquímica, obtemos em apenas 12 minutos, com uma gotinha de sangue retirada do dedo, dados sobre a glicose, CK Total, ureia, creatina, LDH e eletrólitos, por exemplo. Esse e outros equipamentos rápidos e portáteis, alguns com resultados em um ou dois minutos, vão ajudar a revolucionar os critérios para o monitoramento da saúde de atletas”, explicou.

O biólogo Vander Luna, do grupo Kovalent Esportes, movimentou o estande da FAPERJ com a realização de testes rápidos para aferir o nível de hidratação do público, por meio da coleta da saliva. Ele também apresentou outros equipamentos inovadores na área da Saúde (Foto: Mirian Dias/FAPERJ)

A gestora Jéssica Rodrigues, da Baby Move, apresentou uma tecnologia inédita para a saúde de bebês: uma cinta capaz de monitorar os batimentos cardíacos e outros sinais do feto ainda na barriga da mãe. Mãe de dois bebês prematuros e casada com um obstetra, Jéssica partiu da sua experiência pessoal para criar o produto, que já tem registro de patente e deve chegar ao mercado em 2026. “Com o auxílio da Inteligência Artificial, a cinta acoplada ao corpo da mãe e conectada a um aplicativo no celular da gestante identifica os batimentos maternos e fetais de forma separada, sendo uma ferramenta importante para a detecção precoce de problemas de saúde. O objetivo é que ela seja utilizada como uma ferramenta aliada ao trabalho dos médicos, complementando os cuidados”, disse. Ela e o seu marido, Cristiano Salles, contam com o apoio da FAPERJ, pelo edital Doutor Empreendedor.

Ainda na área de inovação para a Saúde, o biomédico Anael Viana, do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz),  discorreu sobre a construção de bioimpressora em 3D e biotintas para a Medicina regenerativa. A tecnologia de bioimpressão 3D permite obter tecidos biológicos artificiais com potencial para aplicação na pesquisa biomédica, na saúde humana e animal e na indústria de alimentos. Ele explicou que o equipamento funciona de forma semelhante a uma impressora 3D convencional. Mas, enquanto a impressora 3D utiliza materiais como plásticos para imprimir objetos, a bioimpressora utiliza biotinta para imprimir estruturas semelhantes a tecidos biológicos em laboratório. “A biotinta funciona como uma matriz extracelular. Ela é composta de células vivas imersas em hidrogel de biopolímeros. Este material rico em proteínas, como o colágeno, promove a adesão das células, de forma similar ao que ocorre no organismo, e possibilita a realização de diversos testes científicos”, resumiu Viana.

O presidente do Conselho Municipal de CT&I de Nova Friburgo, Marcelo Verly, destacou a importância do desenvolvimento do interior fluminense para reduzir as assimetrias regionais (Foto: Divulgação/FAPERJ) 

Representando os empreendedores que desenvolvem projetos de inovação social na Rocinha, com suporte da Fundação, estiveram entre os palestrantes Davison da Silva Coutinho, que falou sobre o trabalho da associação de catadores de lixo reciclável da comunidade, e Marcelo Santos, conhecido como Marcelinho do Ciep, da Sabão Amigo, que coordena a coleta óleo de cozinha usado para a fabricação de sabão ecológico.

Coutinho explicou que o projeto Rocinha Mais Sustentável – uma iniciativa da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), no Núcleo de Estudos e Ação Mundo da Juventude (Neam/PUC-Rio), e do coletivo Tamo Junto Rocinha – recolhe 200 toneladas de lixo por dia. “Criamos a partir do plástico reciclado produtos para turistas na Rocinha, souvenirs artesanais, como porta-copos e casinhas de empilhar. Esse trabalho, financiado pelo Favela Inteligente e concorrendo no edital PISTA, ambos da FAPERJ, recebeu o Prêmio Periferia Viva 2024”, contou. Já Marcelinho do Ciep, da empresa Sabão Amigo, detalhou os impactos sociais do projeto. “Esse esforço de reaproveitamento de óleo de cozinha tem gerado benefícios para toda a comunidade e até ajudou a despoluir a praia de São Conrado, que recebia em suas águas os dejetos de óleo usado. São mais de mil litros de óleo usado recolhidos por mês, e também realizamos oficinas de empoderamento feminino, pois sabemos que a maioria dos lares na Rocinha é coordenada por mulheres”, completou.

Presidente do Conselho Municipal de Ciência, Tecnologia e Inovação de Nova Friburgo, Marcelo Verly falou sobre o papel da inovação para o desenvolvimento de Nova Friburgo e da região Centro-Norte fluminense. “Temos uma região com muitas potencialidades, mas que tem como desafio a evasão de mão de obra. Em 2012, foi criado o movimento Serra do Silício, para gerar alternativas regionais de desenvolvimento. É bom lembrar que os estados que mais se fortaleceram no País são aqueles nos quais o interior também é desenvolvido, além da capital. Precisamos trabalhar para reduzir as desigualdades regionais no interior fluminense”, destacou.

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