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Publicado em: 29/05/2025 | Atualizado em: 29/05/2025

Cartilhas da Uerj esclarecem dúvidas sobre Transtorno do Espectro Autista

Marcos Patricio

Equipe do Lavimpi/Uerj: pesquisadores lançaram cartilha para esclarecer as principais dúvidas sobre o Transtorno do Espectro Autista - TEA (Fotos: Divulgação)

Muito se fala sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA) e muitas ainda são as dúvidas relacionadas ao autismo, como o seu diagnóstico e possíveis causas. Para esclarecer as principais questões acerca do assunto, pesquisadores do Laboratório de Vibrações Mecânicas e Práticas Integrativas (Lavimpi), da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), lançaram uma coleção de cinco cartilhas, editada com apoio da FAPERJ, que trata de aspectos como sintomas, terapias, níveis de suporte, direitos e aprendizagem de pessoas com TEA.

O primeiro livro da série dedica-se a questões centrais, começando pela definição de TEA, que não é considerado uma doença, mas sim um transtorno global do desenvolvimento, que, dependendo do nível, afeta as funções e habilidades da comunicação, da aprendizagem e da interação social. Aborda, também, uma das principais dúvidas sobre o tema: as causas do transtorno. Segundo a professora Danúbia de Sá-Caputo, pesquisadora responsável pelo Lavimpi/Uerj, uma das autoras e coordenadora dos textos da cartilha, há fatores genéticos, hereditários e ambientais relacionados ao TEA. Mas ainda não há uma resposta definitiva para essa pergunta.

“Há muitas teorias a respeito. Particularmente, acredito que não seja um fator isolado, mas sim, um conjunto de aspectos que se somam e têm aumentado o número de casos. É lógico que hoje há um esclarecimento maior. Há muitos adultos se identificando, buscando ajuda, fazendo os testes e avaliações neuropsicológicas necessárias e obtendo o diagnóstico tardio. Há uma conscientização maior. Mas não podemos achar que seja só isso. Tem algo acontecendo que tem proporcionado esse aumento de casos. É um conjunto. Mas não há ainda na literatura algo que determine uma causa principal”, esclarece Danúbia, apoiada pelo programa Jovem Cientista do Nosso Estado da FAPERJ e bolsista de produtividade do CNPq.

A publicação mostra que alguns sinais do TEA já podem ser notados logo após o nascimento. Para a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), na maioria dos casos os sintomas são percebidos de forma mais clara entre o 12º e o 24º mês de idade. Entretanto, o diagnóstico é feito, geralmente, apenas aos 4 ou 5 anos de idade. O que acaba trazendo prejuízos. Por isso, a cartilha destaca a importância do diagnóstico precoce.

“Quando o diagnóstico é feito de forma precoce, é possível iniciar as intervenções mais cedo e isso é ótimo porque é possível reduzir as comorbidades e os sintomas do indivíduo com TEA. À medida que a pessoa está com o cérebro mais pronto, com um comportamento que permita o aprendizado, ela vai desenvolvendo habilidades, que vão melhorar sua qualidade de vida, a comunicação, a funcionalidade e ela consegue ser mais independente”, afirma Danúbia, doutora em Fisiopatologia Clínica e Experimental pela Uerj. As intervenções são o conjunto de atividades multidisciplinares, como sessões de fisioterapia, de terapia ocupacional, fonoaudiologia e psicoterapia, entre outras, que vão dar suporte ao indivíduo.

Coordenadora do Lavimpi, Danúbia de Sá-Caputo destaca que o diagnóstico precoce permite iniciar mais cedo as terapias. Intervenções contribuem para reduzir comorbidades e ajudam o indivíduo a ser mais independente

As outras quatro cartilhas abordam tópicos como a evolução do diagnóstico, as possibilidades terapêuticas, os direitos das pessoas com TEA e cuidados e estímulos para pessoas portadoras. Todos eles, temas de interesse para pais, familiares e aqueles que convivem com pessoas com TEA, bem como para os que lidam profissionalmente com a questão, como pesquisadores, professores, alunos e terapeutas de diferentes áreas. As cartilhas podem ser baixadas gratuitamente por todos os interessados pelo link: https://atenaeditora.com.br/catalogo/ebook/voce-sabe-o-que-e-o-autismo

Editadas pela Atena Editora, as cartilhas têm como coautores os pesquisadores Juliana Vasques de Almeida, Moizeis Sobreira de Sousa, Ariane da Silva Pires, Damara Guedes Gardel, Mario Bernardo-Filho e Flávio Antonio de Sá Ribeiro. A coleção foi lançada oficialmente durante o “II Fórum de Discussão sobre autismo: Desafios, Oportunidades e Conscientização”, realizado na Policlínica Universitária Piquet Carneiro (PPC) da Uerj, em abril, mês em que é comemorado o Dia Mundial de Conscientização sobre o Autismo (2 de abril).

A Terapia Vibratória Sistêmica faz parte do projeto de pesquisa que deu origem às cartilhas

A elaboração das cartilhas foi uma atividade de extensão vinculada ao projeto de pesquisa “Terapia Vibratória Sistêmica e Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua na Sintomatologia do Autismo”, coordenado por Danúbia e que conta com auxílios dos editais Jovem Cientista Mulher e Iniciação Científica da FAPERJ.  Principal projeto desenvolvido no Lavimpi atualmente, o estudo propõe a utilização, em crianças de seis a 12 anos com autismo, da Terapia de Vibração Sistêmica e da Estimulação Transcraniana, consideradas duas inovações tecnológicas.

“A Terapia Vibratória Sistêmica envolve a utilização de uma plataforma vibratória que gera vibração mecânica, que acaba modulando alguns efeitos no organismo. Dessa forma é possível melhorar a liberação de substâncias que estimulam o sono, melhorar o comportamento e a partir disso, o aprendizado. Tudo isso em cadeia. Já a Estimulação Transcraniana faz uma espécie de reorganização das sinapses cerebrais, deixando o cérebro mais pronto e receptivo. Com isso, pretendemos melhorar os sintomas nessas crianças”, destaca Danúbia. Este projeto de pesquisa ocorre em parceria com o professor Egas Caparelli Dáquer, pesquisador na área de Neuromodulação.

A Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua é outra prática que está sendo estudada pela equipe do Lavimpi

A pesquisadora explica porque o projeto é destinado a crianças de seis a 12 anos com TEA. “Essa faixa etária corresponde à terceira infância, que é a última grande janela de oportunidade do desenvolvimento humano. Muito provavelmente, essas crianças, quando chegarem aos 13 ou 14 anos, vão carregar para a vida adulta tudo o que tiverem de comorbidades, de problemas em relação à funcionalidade e à qualidade de vida. Então, a escolha desse perfil foi por considerar a urgência. Porque essa é, de fato, a última oportunidade dessas crianças”, explica Danúbia, também diretora do Departamento de Ensino e Pesquisa (Depenpes), da PPC/Uerj.

Vinculado à PPC e ao Instituto de Biologia Roberto Alcântara Gomes (Ibrag) da Uerj, o Lavimpi dedica-se também a outros temas. Os pesquisadores do laboratório desenvolvem estudos relacionados à obesidade, doença pulmonar obstrutiva crônica, síndrome metabólica, narcolepsia, osteoartrite de joelho e avaliação de risco de quedas em idosos, entre outros.

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