Linguagem Libras Facebook Twitter Intagram YouTube Linkedin Site antigo
logomarca da FAPERJ
Compartilhar no FaceBook Tweetar Compartilhar no Linkedin Compartilhar no Whatsapp Compartilhar no Email Imprimir
Publicado em: 18/04/2024 | Atualizado em: 19/04/2024

Estudo destaca o potencial fluminense como produtor de argilominerais

Débora Motta

A rocha caulim (à esq.), da qual é extraído o argilomineral halloysita, observada pelo microscópio eletrônico do Cetem, na imagem à direita (Foto: Luiz Bertolino/Cetem)

Com grande potencial para aplicações industriais e ambientais, os argilominerais são utilizados como matéria-prima na fabricação de produtos diversos, como fármacos, polímeros, cerâmicas, tintas e estabilizadores de solo. Apesar de possuir reservas geológicas, o Brasil ainda não concentra esforços na sua produção interna e depende da importação de halloysita (argilomineral também conhecido como caulim halloysítico). Pesquisas desenvolvidas no Centro de Tecnologia Mineral (Cetem), unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) localizada na Ilha do Fundão, revelam o potencial da região Noroeste do estado do Rio de Janeiro para exploração de halloysita e investiga outros argilominerais presentes em território nacional.

“Nosso objetivo é coletar esses minerais em diferentes locais no Brasil e fazer no Cetem o beneficiamento e purificação, além da caracterização mineralógica para aplicação deles. Atualmente, venho estudando diversos argilominerais, como a halloysita, descoberta na região de Porciúncula, no Noroeste Fluminense, e a palygorskita, no Piauí”, disse o geólogo Luiz Carlos Bertolino, chefe do Laboratório de Argilas Aplicadas do Cetem, que coordena seus estudos com apoio da FAPERJ, por meio do programa Cientista do Nosso Estado. “A pesquisa envolve os estudos dos argilominerais brasileiros em todas as etapas, desde a coleta em campo, beneficiamento e caracterização tecnológica”, completou Bertolino, que também é professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).

A olho nu, os argilominerais assemelham-se a um pó branco, mas quando analisados no microscópio eletrônico de varredura, revelam as minúsculas partículas que o constituem, com diâmetro inferior a quatro micrômetros (1/256 milímetros). Quimicamente, são formados por silicatos hidratados de alumínio e ferro, podendo conter elementos químicos alcalinos (sódio, potássio) e alcalinos terrosos (cálcio, magnésio). “Eles reúnem características peculiares, que o tornam desejados na produção industrial. Possuem tamanho reduzido, grande área específica, alta capacidade de troca catiônica e são baratos e abundantes no Brasil”, detalhou o geólogo.

Luiz Carlos Bertolino: à frente do Laboratório de Argilas Aplicadas do Cetem, o geólogo destaca o potencial do Noroeste fluminense como região produtora de halloysita (Foto: Divulgação)

A halloysita é amplamente usada em aplicações industriais, como reações químicas, na fabricação de porcelanas francesas e no craqueamento de frações de petróleo em gasolina, podendo ainda ser ingrediente para nanocompostos de polímeros e agentes ativos para medicina, agricultura e outros usos. Um dos resultados do estudo da halloysita fluminense foi a publicação do artigo intitulado Mineralogical Characterization of Pegmatites with Occurrences of Halloysite in the Regions of Porciúncula (RJ) and Patrocínio do Muriaé (MG), Southeastern Brazil, no Anuário do Instituto de Geociências da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Assinado por Ernesto Adler Licursi, Bertolino e Francisco José da Silva, o estudo apresenta a caracterização mineralógica de pegmatitos com ocorrência de halloysita nas regiões de Porciúncula (RJ) e Patrocínio do Muriaé (MG), no Sudeste brasileiro.

Entre os estudos desenvolvidos no Laboratório de Argilas Aplicadas do Cetem estão projetos de pesquisa realizados a partir de parcerias com diversas instituições de ensino e pesquisa. “Junto com pesquisadores do IMA/UFRJ (Instituto de Macromoléculas Professora Eloisa Mano), testamos o uso dos argilominerais na produção de polímeros. Verificamos as argilas que possuem as melhores características físico-químicas para não escurecer o plástico e torná-lo mais resistente”, contou o pesquisador. “Também investigamos o uso dos argilominerais para a remoção de contaminantes presentes na água, como cádmio, chumbo, zinco e o herbicida glifosato, em parceria com o Instituto e a Escola de Química da UFRJ. Outra parceria é com a Petrobras, para avaliar ocorrências de argilominerais nas rochas petrolíferas do pré-sal. Elas diminuem a porosidade e permeabilidade da rocha armazenadora do petróleo, e ajudamos os geólogos a identificarem a presença desses minerais”, citou.

Bertolino destaca a importância de investimentos para os estudos dos argilominerais, ainda pouco explorados. “É uma linha de pesquisa que pode gerar resultados inovadores e abrir as portas para o desenvolvimento econômico e regional do estado do Rio de Janeiro. Precisamos valorizar a produção brasileira de argilominerais”, ressaltou. Ele lembrou que o Laboratório de Argilas Aplicadas do Cetem conta com recursos da FAPERJ – por meio do programa Auxílio Básico à Pesquisa (APQ 1) e de diversas bolsas para alunos, de mestrado, doutorado, Pós-Doutorado e de Treinamento e Capacitação Técnica (TCT). “A criação desse laboratório foi importante para consolidar pesquisas e a formação de recursos humanos nessa área do conhecimento”, concluiu.

Topo da página