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Publicado em: 08/02/2024 | Atualizado em: 08/02/2024

FAPERJ integra comitê que planejou ações para comemorar o centenário de Johanna Döbereiner

Por Ascom Faperj

Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN), descoberta por Döbereiner, é um processo natural que ocorre em associações de plantas com bactérias diazotróficas (Foto: Ana Lucia Ferreira/Embrapa)

O primeiro evento comemorativo do centenário de nascimento da pesquisadora Johanna Döbereiner (1924-2000) será realizado no dia 20 de fevereiro, na Embrapa Agrobiologia, em Seropédica (município da Baixada Fluminense), com a realização de duas mesas-redondas sobre a pesquisadora. A cerimônia contará com a presença da presidente da Embrapa, Sílvia Massruhá, que estará na mesa de abertura ao lado da presidente da ABC, Helena Nader, do presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Renato Janine, e de representante da Secretaria de Política e Programas Estratégicos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). As mesas-redondas serão transmitidas on-line canal Embrapa no YouTube (aqui).

Além de ressaltar a importância de Johanna para o cenário científico nacional e para a agricultura brasileira, o evento abrirá as portas aos visitantes, que poderão conferir o acervo da chamada “Sala JD”, com algumas das lembranças deixadas pela cientista, que foi a primeira chefe geral da Embrapa Agrobiologia. Ela é a sétima cientista brasileira mais citada pela comunidade científica mundial e a primeira entre as mulheres, segundo levantamento de 1995 do jornal Folha de S. Paulo.

A mesa de abertura, às 10h30, sob o título “A Revolução Biológica na Agricultura”, contará com a presença de Massruhá, Nader, Janine e um representante do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inivação (MCTI). Na segunda mesa, sob o tema “Johanna, a mulher cientista e seu legado para a formação de cientistas, empresários e seu compromisso com a comunicação para a sociedade”, estão confirmados as presenças do Engenheiro Agrônomo, pesquisador aposentado da Embrapa e membro da Academia Brasileira de Ciências (ABC) Avilio Franco, que trabalhou ao lado de Johanna e mediará o debate; a Engenheira Agrônoma Mariangela Hungria, pesquisadora da Embrapa Soja que foi bolsista da pesquisadora e também estuda a Fixação Biológica de Nitrogênio; o pesquisador da Embrapa Agrobiologia Ivo Baldani, que também conheceu Johanna, o professor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), o agrônomo e bolsista da FAPERJ, Everaldo Zonta; o diretor executivo da Associação Nacional de Produtores e Importadores de Inoculantes (ANPII), Solon Araújo; o jornalista e diretor geral da VideoCiência, produtora audiovisual especializada em programas de ciência para televisão, Sergio Brandão e Christian Döbereiner, filho de Johanna Döbereiner. Ao final do evento, às 12h30, será inaugurado um busto de bronze feito em homenagem à cientista, cedido pela Prefeitura de Seropédica.

A FAPERJ estará representada por sua Diretora Científica, Eliete Bouskela, e pelo professor Vitor Ferreira, do Departamento de Química Orgânica da Universidade Federal Fluminense (UFF). Segundo ele, Johanna foi uma exitosa cientista brasileira que trabalhou com a microbiologia agrícola e desenvolveu as bases para a fixação biológica de nitrogênio em planta por bactérias do gênero Azospirillum. “Com essa descoberta ela ajudou a agricultura a reduzir a dependência de fertilizantes químicos no desenvolvimento diversas espécies importantes, como o milho, o arroz e o trigo. Hoje a agricultura em grande escala no Brasil e no mundo não estaria tão desenvolvida se não fosse seus estudos”, explica Vitor.

Quem foi Johanna Döbereiner

Johanna Döbereiner: com suas pesquisas, a agrônoma conquistou não apenas a comunidade científica brasileira como teve seu trabalho reconhecido mundialmente

A principal linha de pesquisa de Johanna Döbereiner foi visando à fixação biológica do nitrogênio (FBN) e as bactérias capazes de realizar esse processo por meio da captação do nitrogênio presente no ar e sua transformação em um elemento assimilável pelas plantas. Seus estudos foram fundamentais para o avanço do programa brasileiro Pró-Álcool e também para colocar o Brasil como segundo maior produtor mundial de soja, atrás apenas dos Estados Unidos. Além de substituir adubos químicos nitrogenados, a FBN tem vantagens econômicas, sociais e ambientais para o produtor, para o consumidor e para o meio ambiente. Conforme dados da Embrapa, estima-se que a FBN tenha uma contribuição global para os diferentes ecossistemas da ordem de 258 milhões de toneladas de nitrogênio (N) por ano, sendo que a contribuição na agricultura é estimada em 60 milhões de toneladas. 

Johanna nasceu em 1924 na cidade de Aussig, Republica Tcheca, uma região de influência alemã. No Pós-guerra, ainda jovem, precisou deixar a capital Praga às pressas, fugindo com os avós da perseguição à população de língua alemã, fato que implicou na morte de sua mãe, em um campo de concentração. Na Alemanha Ocidental, teve o contato com a terra e a agricultura, trabalhou em fazendas para sustentar a família e custear os estudos na Faculdade de Agronomia da Universidade de Munique, na qual ingressou em 1947. Ali ela conheceu o estudante de Medicina Veterinária, Jürgen Döbereiner, com quem se casou em 1950.

Seguindo os passos do pai, também cientista, Johanna e o marido vieram para o Brasil em 1948. Aqui, foi contratada pelo Instituto de Ecologia e Experimentação Agrícola, atual Centro Nacional de Pesquisa em Agrobiologia da Embrapa. Fruto de uma educação isonômica, sem diferenciação de gênero, conduzida pela mãe, destacou-se em um universo predominantemente masculino. Com suas pesquisas, conquistou não apenas a comunidade científica brasileira como teve seu trabalho reconhecido mundialmente.

A vida de Johanna Döbereiner foi tema do programa de estreia da série documental produzida pelo canal GNT e a Grifa Filmes intitulada “Ciência, substantivo feminino”, dia 4 de fevereiro. O conteúdo do episódio está disponível no Globoplay + Canais. Outros quatro episódios da série, de 26 minutos cada, com exibição sempre aos domingos, às 23h, trarão outras cientistas da atualidade, entre elas a astrofísica Marcelle Santos, da Universidade de Michigan; Mayana Zatz, expoente da pesquisa genética no País; Sonia Guimarães, primeira mulher negra a se tornar doutora em Física e a dar aulas no ITA; e Kellen Vilharva, que traz para a academia os conhecimentos ancestrais da medicina dos Guarani Kaiowá.

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