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Publicado em: 06/07/2023 | Atualizado em: 06/07/2023

Pesquisadores brasileiros depositam patente contra o câncer

Jerson Lima (dir.) e Vitor Ferreira: pesquisadores lideraram grupos de pesquisa na UFRJ e UFF, em estudo que resultou no depósito de pedido de patente junto ao INPI (Foto: Divulgação)

Claudia Jurberg

Um grupo de 10 pesquisadores brasileiros da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Universidade Federal Fluminense (UFF) depositou patente no Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI), no qual descrevem o desenvolvimento de novo composto sintético para o tratamento de câncer de mama, com alvo direcionado a proteína conhecida como p53, quando apresenta mutação.

Esta proteína, também conhecida como guardiã do genoma humano, tem um importante papel na proteção do DNA, suprimindo o aparecimento de tumores. Mas quando está alterada no organismo, perde sua função protetora e permite que as células se reproduzam de forma desordenada.

Mais da metade dos tumores malignos apresenta mutações no gene da p53, e milhões de pessoas morrerão se novas terapias não forem desenvolvidas.

Assim, a busca por novas terapias está na mira de vários grupos internacionais. E esta patente, recém depositada no Brasil, deriva de uma naftoquinona – uma substância produzida pelo metabolismo de algas, líquens, fungos, plantas, animais e em seres humanos.

Na pesquisa que resultou a patente, o composto foi obtido, de forma sintética, a partir da vitamina K3 e possui uma atividade 10 vezes mais potente que outras drogas na redução dos tumores de mama. E, especialmente, para os tumores de mama que possuem a proteína p53 alterada.

A invenção levou cerca de dois anos e mais três foram necessários para avaliar o seu mecanismo de ação. A descoberta revela novos caminhos para a pesquisa na área oncológica com formulações antitumorais que podem contribuir para que multinacionais farmacêuticas desenvolvam drogas alternativas para o tratamento do câncer, combinando ou não a outros fármacos já em uso.

Vanguarda – O grupo é liderado pelo pesquisador da UFRJ Jerson Lima Silva, presidente da FAPERJ, e que acaba também de publicar um importante artigo de revisão em periódico internacional, Chemical Review, cujo Fator de Impacto é de 73, um dos mais elevados. Na UFF, o grupo participante do estudo foi coordenado pelo pesquisador e químico Vitor Ferreira.

Publicado no dia 28 de junho, o artigo descreve de forma abrangente a diferença de comportamento da p53 na saúde e na doença. A compreensão detalhada dessa proteína mutante no câncer é essencial para o desenvolvimento de tratamentos, e as terapias direcionadas a essa proteína estão na vanguarda da pesquisa científica molecular.

O artigo aborda a relevância da transição de uma fase de um estado de gotas líquidas e a transformação em um condensado de gel ou ainda em agregados sólidos em distúrbios neurodegenerativos e no câncer. Os autores descrevem as formas aberrantes nessa transição de fases e as implicações desse processo errôneo no desenvolvimento e na progressão de uma doença como as oncológicas.

"Uma estratégia promissora para o desenvolvimento de novas ferramentas terapêuticas e de diagnóstico do câncer é o uso da agregação amilóide p53 mutante e condensados biomoleculares aberrantes em certos carcinomas. Essa estratégia tem chamado a atenção para as conexões entre várias doenças neurodegenerativas e o câncer, particularmente, aquelas relacionadas ao mutante p53, bem como alterações em outros supressores tumorais e oncogenes. A perturbação dos condensados biomoleculares é uma característica comum dessas doenças e representa um alvo potente para novos tratamentos", afirma Lima Silva.

Os cientistas destacam no estudo que, no futuro, sistemas genéticos podem ser usados para fornecer proteínas que dissolvam agregados p53, ou projetar distribuição seletiva de drogas. A medicina personalizada também pode beneficiar pacientes que possuam a p53 alterada, bloqueando os mutantes ou o dobramento e agregação errôneos de proteínas. O estudo contou com a participação dos pesquisadores Giulia Ferretti e Ruan Carlos Busquet Ribeiro, que defenderam suas teses de doutorado no curso da pesquisa. 

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