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Publicado em: 20/07/2023 | Atualizado em: 20/07/2023

Pesquisadores obtêm carvão a partir da lama de esgoto

Paul Jürgens*

Equipe responsável pela pesquisa na UFF: estudo tem como objetivo gerar materiais capazes de converter resíduos da chamada 'biomassa lignocelulósica' em compostos que podem ser utilizados como biocombustíveis (Foto: Divulgação)

Frente aos alarmantes dados sobre a evolução das mudanças climáticas e eventos extremos, nos últimos anos, a demanda por fontes renováveis de energia e por substitutos do petróleo tornou-se cada vez mais urgente. Somando esforços nesse cenário, o professor Thiago de Melo Lima, do Instituto de Química da Universidade Federal Fluminense (UFF), coordena pesquisa cujo intuito é produzir catalisadores que possam suprimir parte da atual demanda por petróleo. Ele recebe apoio da FAPERJ para a realização do estudo por meio do programa Apoio ao Jovem Pesquisador Fluminense.

A pesquisa tem como objetivo gerar materiais capazes de converter resíduos da chamada "biomassa lignocelulósica" em compostos que podem ser utilizados como biocombustíveis, sendo transformados posteriormente em biocombustíveis de aviação (querosene sustentável) e também aditivos de combustíveis. “Como biomassa lignocelulósica entende-se qualquer matéria de origem vegetal, principalmente plantas e resíduos que não são utilizados para alimentação e são problemas ambientais da região – aguapé ou gigoga, resíduos urbanos, lama de estação de tratamento. Estudos como esse possibilitarão alcançarmos um futuro mais sustentável”, explica Thiago de Melo.

De acordo com o pesquisador, o principal desafio do projeto consiste em utilizar biomassas que não possuem valor comercial ou alimentício e que representam um impacto ambiental. Ele cita a planta gigoga (ou aguapé), que todo ano se acumula em lagoas e praias e gera um transtorno enorme para a limpeza urbana, além de não possuir aplicações comerciais muito atrativas. Thiago conta que uma nova vertente do projeto é produzir catalisadores que sejam baratos e de fonte renovável. Segundo ele, grande parte da literatura especializada e das pesquisas na área trabalham com biomassas mais tradicionais, como plantas oleaginosas, e que possuem uma maior facilidade de serem convertidas. “Temos uma grande dificuldade associada para quebrar as moléculas das gigogas e de outras biomassas ‘não convencionais’ em frações menores e que possam em seguida passarem por reações químicas".

A pesquisa atende, também, à necessidade de dar novos destinos ao aguapé (gigoga), uma planta considerada um problema ambiental por seu crescimento desenfreado em águas poluídas, projeto que é financiado pelo edital Jovem Pesquisador Fluminense da FAPERJ. “Também nos preocupamos em obter estes catalisadores a partir de fontes cada vez mais baratas, pensando futuramente em uma possível aplicação industrial”, diz.

Thiago de Melo: para o pesquisador, o desenvolvimento de produtos e tecnologias que possam colocar o País no cenário mundial em sustentabilidade e ações contra mudanças climáticas são parte do compromisso de pesquisas científicas desenvolvidas na universidade pública

O coordenador menciona outros materiais que podem vir a cumprir essa função em desdobramentos futuros do projeto. “Estudamos o uso de carvão obtido a partir de lama de esgoto como catalisador para promover as mesmas conversões mencionadas. Para nossa surpresa, este demonstrou ser muito ativo, podendo ser esse método uma forma de reintegrar a matéria em um processo produtivo mais nobre em vez de simplesmente descartá-la como resíduo urbano”, comemora.

Para Thiago de Melo, o desenvolvimento de produtos e tecnologias que possam nos colocar no cenário mundial em sustentabilidade, e de ações contra mudanças climáticas, assim como o uso de fontes renováveis de energia e matéria-prima alternativas, são parte do compromisso das pesquisas científicas desenvolvidas na universidade pública.

A pesquisa conta com a participação de Vinicius Gomes da Costa Madriaga, químico e doutorando em Química Verde e Catálise pelo Programa de Pós-graduação em Química da UFF, que recebe bolsa da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) para a realização de seus estudos de doutorado. Também integram a equipe do projeto o pós-doutor Daniel Garcez Santos Quattrociocchi e os estudantes de Iniciação Científica Saulo Bom Pinheiro e Maria Clara Oliveira Ribeiro – todos vinculados ao programa Jovem Pesquisador Fluminense outorgado a Thiago.

De acordo com Madriaga, assim como pontuou Thiago, o desafio está em explorar as potencialidades de materiais que inicialmente seriam considerados como lixo ou resíduo. "Na prática, nós descobrimos a potencialidade desses materiais durante o processo, enquanto os estudamos. Além disso, a necessidade de uma boa infraestrutura para a pesquisa é outro ponto que vale a pena mencionar, uma vez que estudamos biomassas que são produzidas aqui no Rio de Janeiro e a composição química delas é pouco explorada e precisa ser bem estudada. Isso demanda uma infraestrutura robusta e diferentes colaborações Brasil afora”, relata o doutorando.

* Com informações da Assessoria de Comunicação da UFF

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