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Publicado em: 23/11/2022 | Atualizado em: 23/11/2022

Minicientistas: projeto difunde o interesse pela Ciência entre crianças e jovens na Zona Oeste

Débora Motta

Sirqueira (à dir.) recebe crianças de cinco a nove anos durante visita aos laboratórios do Uezo: primeiro contato com a Ciência (Fotos: Divulgação) 

Um projeto está ajudando a despertar a vocação pelas carreiras científicas em crianças e jovens da Zona Oeste do Rio. Intitulada “Minicientistas – Uma experiência científica no ensino infantil e fundamental”, a iniciativa visa estimular a curiosidade pela pesquisa em crianças dos ensinos infantil e fundamental de escolas da Zona Oeste e adjacências e foi contemplada pela FAPERJ por meio do Programa Apoio à Difusão e Popularização da Ciência e Tecnologia da Uezo. “A região da Zona Oeste é muito carente de atividades científicas e tecnológicas. A localização da Uezo no bairro de Campo Grande é uma excelente oportunidade de reverter essa situação, já que a instituição de ensino superior foi estrategicamente concebida para apoiar o desenvolvimento dessa região”, justificou o coordenador do projeto, o engenheiro químico Alex da Silva Sirqueira, professor da Fundação Centro Universitário Estadual da Zona Oeste (Uezo).

O objetivo da iniciativa é abrir as portas da Uezo para crianças e jovens, oferecendo a eles o primeiro contato com o universo científico e acadêmico. “As crianças nos ensinos infantil e fundamental não são, em geral, estimuladas para a prática científica. A maioria só consegue ter alguma atividade laboratorial de Química e Física quando chega ao ensino médio. Essa deficiência na formação escolar ajuda a explicar a baixa demanda no vestibular para as áreas Exatas e Tecnológicas aqui na Zona Oeste também”, justificou. “Para ajudar a transformar essa realidade, vamos realizar ao longo de 2023 visitações estudantis regulares a diversos laboratórios da Uezo, pertencentes a duas faculdades: a Faculdade de Ciências Exatas e Engenharia e a Faculdade de Ciências Biológicas”, disse.

A primeira visitação foi realizada pouco antes da pandemia, em 2020, e na ocasião foram organizadas atividades em dois dias diferentes, um para crianças de cinco a nove anos e outro para estudantes de 10 a 14 anos, do Colégio Estadual Sarah Kubitscheck. Segundo ele, foram experimentos simples, mas fundamentais para despertar corações e mentes para as carreiras científicas, de forma lúdica. “As crianças conheceram o biotério, esqueletos, estudaram a anatomia do corpo humano, foram ao laboratório de Biotecnologia, analisaram placas de cultura celular e no Laboratório de Física presenciaram um experimento com o gerador de Van der Graff, que levanta o cabelo devido à carga elétrica estática, além de experimentos de óptica, com estudos da luz para a formação da imagem. Na Química fizemos um indicador do pH utilizando como elementos repolho, água sanitária e vinagre”, detalhou.

O professor acredita que, ao promover o encontro de professores universitários com crianças, ambos saem transformados. “A realização de práticas científicas aumenta a percepção de mundo das crianças, sendo um importante momento de socialização, pois elas se tornam parte de um grupo social diferente de suas famílias, interagem e experimentam novas regras de convivência”, ponderou. Sirqueira adiantou que a consolidação do projeto permitirá a criação de um clube de ciências na Uezo. “Espera-se que o projeto possa envolver não somente os alunos, mas os responsáveis que vivenciarão as atividades de uma instituição de ensino superior. Tanto os meninos quanto as meninas demonstram interesse pelas experiências, pois essa curiosidade pela Ciência é algo natural do ser humano e deve ser igualmente incentivada”, completou.

Depois de um dia intenso com atividades científicas lúdicas e educativas, os 'minicientistas' exibem seus diplomas no Uezo 

Aos 49 anos, Sirqueira possui uma relação afetiva com o bairro de Campo Grande, onde foi criado, e especialmente com a Uezo, instituição em que se tornou o primeiro reitor eleito pela comunidade acadêmica, em 2013. Ele recordou a importância para sua vida pessoal e profissional de ter tido o primeiro contato com a prática científica quando estudante, na escola pública estadual Raja Gabaglia, em Campo Grande. “Terminei meu ensino fundamental querendo seguir a área de Humanas, mas quando fui para o antigo Segundo Grau tivemos uma única experiência no Laboratório de Química. O professor mergulhou um prego no ácido e aquilo foi transformador para mim. Tomei então a decisão de seguir a carreira de Engenharia Química, para desvendar os fenômenos da natureza, e aqui estou eu”, contou.

A ideia de criar o projeto para divulgar a Ciência entre os jovens da Zona Oeste, dessa forma, foi influenciada também pela sua trajetória individual. “Meu pai era vendedor ambulante e minha mãe costureira. Eles me apoiaram muito e fui o primeiro da família a ingressar em uma faculdade pública. Oferecer o primeiro contato com a Ciência aos jovens certamente ajuda a direcionar talentos para as carreiras científicas e a nortear transformações de vida, em uma região com poucos atrativos culturais e educacionais”, completou.

A região da Zona Oeste, que inclui bairros como Campo Grande e Bangu, entre outros, possui uma forte tradição industrial. Trata-se de uma área cercada por parques industriais, com destaque para grandes empresas nas áreas de metalomecânico e siderúrgico. A Uezo foi inaugurada em 2005 com o objetivo de formar tecnólogos para atender a necessidade de mão de obra desse parque industrial. Recentemente, em março de 2022, a instituição foi incorporada pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), fato comemorado por Sirqueira. Incorporada, a antiga Fundação Centro Universitário Estadual da Zona Oeste (Uezo) ganha oficialmente o status de Campus Uerj Zona Oeste. “Foi um passo importante para o Uezo se unir à Uerj, instituição estadual que possui uma maior infraestrutura, inclusive para conseguirmos mais fomento e visibilidade às pesquisas”, refletiu.

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