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Publicado em: 09/11/2022 | Atualizado em: 09/11/2022

Nota de pesar: falecimento do biologista molecular Milton Osório Moraes (1971-2022)

Por Ascom Faperj*

A direção da FAPERJ manifestou pesar pelo falecimento do pesquisador Milton Osório Moraes (1971-2022), ocorrido nesta quarta, dia 9 de novembro. Um dos maiores estudiosos em fisiopatologia da hanseníase, ele ocupou, entre outros cargos, a direção do Laboratório de Hanseníase do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz). O biologista molecular lutava contra um câncer. O velório acontecerá nesta quinta (10/11), na capela 6 do Crematório e Cemitério da Penitência (Rua monsenhor Manuel Gomes, 307 – Caju), a partir das 11h30. A cerimônia de cremação está prevista para as 14h30. 

Ao longo de sua premiada trajetória científica, Moraes contou com diversos apoios da FAPERJ para a realização de suas pesquisas, tendo sido contemplado mais de uma vez no programa Cientista do Nosso Estado.

Leia abaixo parte da nota divulgada pela Assessoria de Comunicação do Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz):

Suas contribuições à saúde das populações mais vulneráveis eram notórias, atraindo a atenção de entidades nacionais e estrangeiras. Recentemente, em julho de 2022, a organização mexicana sem fins lucrativos Fundação Carlos Slim, reconheceu sua trajetória científica no prêmio internacional “Carlos Slim de Saúde”. Em 2021, Ozório também foi agraciado com o Prêmio Bacurau, concedido pelo Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (MOHAN). 

Com graduação e mestrado em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Milton deu seus primeiros passos no IOC através do doutorado realizado no Programa de Pós-graduação Stricto sensu de Biologia Celular e Molecular, em 1997. 

Sob a orientação de Euzenir Nunes Sarno, responsável pela reativação do então serviço de leprologia da Fiocruz descontinuado pela ditadura militar e criadora do atual Laboratório de Hanseníase do IOC, Milton desenvolveu e publicou vários artigos sobre expressão gênica em pacientes em estados reacionais, que constituiu sua tese de doutorado, defendida nos anos 2000.  

Dois anos depois, ingressou no Instituto Oswaldo Cruz como pesquisador do Laboratório de Hanseníase. Ao longo da carreira, suas pesquisas também focaram a epidemiologia genética de doenças infecciosas e a análise de polimorfismo genético em genes de citocinas. 

Sempre atento às necessidades da população, um dos grandes destaques de sua trajetória foi a recente criação de um assistente de diagnóstico baseado em inteligência artificial, que pode ajudar a identificar casos suspeitos de hanseníase. A iniciativa, chamada de AI4Leprosy, foi desenvolvida em parceria com um time internacional de cientistas, a Microsoft AI for Health e a Fundação Novartis. 

O pesquisador também desenvolveu e registrou, junto a ANVISA, em parceria com o Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP), um kit de diagnóstico de hanseníase baseado na detecção de DNA de Mycobacterium leprae

O biologista molecular estava à frente do desenvolvimento de uma vacina terapêutica e profilática para hanseníase, chamada de Lepvax. Nos últimos meses, participou de reuniões para alinhamento dos documentos para submissão à Anvisa, junto com a equipe de Bio-Manguinhos. A vacina experimental já foi aplicada em seres humanos nos EUA e mostrou ser segura e bem tolerada em ambas as doses de antígeno.

Milton liderou grupo de pesquisa em genômica funcional e genética epidemiológica de doenças infecciosas, atuando principalmente nos seguintes temas: genética e imunologia de doenças infecciosas, como hanseníase, tuberculose, Zika, Covid-19, dengue, leishmaniose, doença de Chagas e sepse, e diagnóstico molecular de hanseníase e tuberculose 

Foi gerente da Plataforma Tecnológica de Genotipagem e Expressão Gênica do Programa de Desenvolvimento Tecnológico de Insumos para a Saúde (PDTIS). Também coordenou o programa INOVA-Fiocruz como assessor da Vice-Presidência de Produção e Inovação em Saúde da Fiocruz, participou do comitê científico do MALTALEP e foi facilitador da área de diagnóstico da Parceria Global para Hanseníase Zero (do inglês GPZL). 

Ozório integrou um projeto de mapeamento da diversidade de microrganismos presentes nos espaços públicos em cidades dos seis continentes. O Consórcio Internacional Metagenômica e Metadesenho do Metrô e Biomas Urbanos, conhecido como MetaSUB, acompanhou os Jogos Olímpicos e Paralímpicos do Rio de Janeiro de um ponto de vista inédito. Enquanto jogadores e expecxtadores se movimentavam pela cidade a caminho das competições, Milton e outros cientistas visitavam estações de metrô para coletar amostras e analisar a transformação provocada pelo megaevento no microbioma carioca.

A atuação de Milton foi destaque no comitê técnico assessor do Ministério da Saúde junto à coordenação de doenças em eliminação, era pesquisador do CNPq e Cientista do Nosso Estado da FAPERJ. Em 2010, o pesquisador passou a ser afiliado à Academia Brasileira de Ciências (ABC), após ser indicado pela excelência do seu trabalho. 

Sua paixão pela área acadêmico-científica o levou à coordenação do Programa de Pós-graduação Stricto sensu de Biologia Celular e Molecular do IOC entre 2006 e 2010. Durante sua coordenação, participou de um processo de reestruturação do programa que culminou com a progressão do conceito para a nota 7 (máxima) na avaliação CAPES de 2012. 

Na Fiocruz, ocupou o cargo de coordenador geral adjunto de Educação da Vice-Presidência de Ensino, Informação e Comunicação, onde auxiliou no desenvolvimento de política para formação em co-tutela, de novas formas de formação com turmas especiais em consórcios de programas e fomentou as discussões que propiciaram o credenciamento do curso de mestrado profissional do Programa de Pós-graduação em Vigilância e Controle de Vetores do IOC. 

Atou, ainda, em iniciativas de formação de recursos humanos no exterior: em países vinculados ao Mercosul, no Haiti (região do Caribe) e, especialmente, em Moçambique (África), onde também esteve envolvido em atividades de pesquisa. Ozório era ainda professor adjunto da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). 

O pesquisador somou mais de 170 artigos publicados em periódicos revisados por pares. Foi revisor eventual para agências de fomento estaduais (FAPESP, FAPEMIG, FACEPE e FAPERJ) e federais (CNPq, CAPES, DECIT) e internacionais (Leloir/CONICET Instituto Pasteur e MRC, por exemplo). 

Foi editor associado da Leprosy reviews e da Frontiers in Immunology e de periódicos como Lancet Global Health, Lancet Infectious Diseases, PLOS pathogens, Journal Infectious Diseases dentre outras. 

Os mais de 50 mestres e doutores para a ciência e a saúde nacionais e internacionais formados por Milton, além de todos aqueles com os quais trabalhou, ensinou e conviveu certamente possuem um pouco da generosidade e grandiosidade do especialista e manterão vivo o seu legado. 

Milton deixa esposa e quatro filhos. 

* Com informações da Assessoria de Comunicação Social do IOC/Fiocruz

 

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