Linguagem Libras Facebook Twitter Intagram YouTube Linkedin Site antigo
logomarca da FAPERJ
Compartilhar no FaceBook Tweetar Compartilhar no Linkedin Compartilhar no Whatsapp Compartilhar no Email Imprimir
Publicado em: 06/10/2022 | Atualizado em: 06/10/2022

Aplicativo pioneiro para pais e crianças surdas

Claudia Jurberg

Joana Peregrino (D) e Rick Bouillet, sócios na starturp Libre-se, participam de pitching que fechou o programa de pre aceleração do IBMEC hubs

Neste mês de setembro de 2022, foi testado o protótipo do primeiro aplicativo bilíngue direcionado a pais ouvintes e crianças surdas e ouvintes. A iniciativa é de Joana Peregrino e Rick Bouillet, sócios na starturp Libre-se.

Segundo estudos nacionais, 95% das crianças surdas brasileiras nascem em lares de ouvintes. E diante desse cenário, os criadores do aplicativo desenvolveram, além de uma seção específica para as crianças surdas e ouvintes, um módulo voltado para o acolhimento aos pais.

Na seção para as crianças, o app reúne vídeos apresentados por crianças surdas e ouvintes e que ensinam os sinais em Libras, divididos por categorias que são pensadas a partir do universo infantil e da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). A BNCC é utilizada como um balizamento para a criação das categorias de sinais a serem disponibilizados, respeitando-se a faixa etária de 0 a 6 anos. O aplicativo fará com que haja a paridade de conteúdos para que as crianças surdas tenham acesso ao mesmo conteúdo que as crianças ouvintes têm durante a educação infantil.

No módulo destinado aos responsáveis e familiares, o app apresentará vídeos e pílulas de acolhimento com informações essenciais a respeito da surdez e as estratégias que podem ser utilizadas para ajudar no desenvolvimento da criança surda. Joana explica que não será, de forma alguma, uma substituição ao atendimento especializado, mas fornecerá informações que possam ajudar os pais em sua caminhada com o seu filho surdo, bem como, ensinará, aos pais, sinais diversos para que possam iniciar uma comunicação com o seu bebê ou criança surda.

"Nele, levaremos informações relevantes sobre a surdez, redes de apoio, profissionais envolvidos além de ensinar os primeiros sinais para que os pais possam estabelecer uma comunicação, por meio da Libras, com seus filhos", explica Joana.

Ela conta que os bebês têm a capacidade de se comunicar por meio de sinais a partir dos seis meses de idade e acredita que a comunicação por sinais com o auxílio do aplicativo será benéfica em vários aspectos, seja para o bebê surdo ou para criança ouvinte, assim como para os pais e familiares.

O projeto foi contemplado no Programa de Apoio em Empreendedorismo de Impacto Socioambiental Positivo, edital lançado pela FAPERJ em 2021, e recebeu um aporte de investimentos no valor de R$ 150 mil. E está hoje dentro do Ibmec Hubs, um programa que ajuda na estruturação de startups.

Joana Peregrino: sócia na Libre-se, que recebeu apoio da FAPERJ, teve projeto aprovado na lei do ISS e agora busca outros investidores públicos ou privados

Mas como Libras é uma língua viva, está sempre em evolução e a todo dia surgem novos sinais que se somam aos 17 mil já existentes, o projeto precisa se auto viabilizar. Neste sentido, Joana explica que o aplicativo será oferecido no modelo freemium, ou seja, uma parte será gratuita e a outra paga, por meio de assinatura que dará acesso a mais sinais.

"Pretendemos também encontrar outros investidores públicos ou privados que acreditem no nosso propósito. Além disso, em agosto, o projeto foi aprovado na lei do ISS. De modo, que poderemos captar outros patrocínios, por meio de renúncia fiscal. Parcerias com Secretarias de Estado para disponibilização em escolas da rede pública como política de inclusão estão em nosso foco como formas de gerarmos receita. Outra fonte de receita será a internacionalização do aplicativo", acrescenta.

O importante, segundo Peregrino, é que o aplicativo chegue ao maior número de pessoas para que conheçam e saibam que existe e o quanto é importante para o desenvolvimento da criança surda aprender uma língua com a qual ela poderá se comunicar e se desenvolver cognitivamente. A ideia é que o app seja usado dentro e fora do universo surdo, como forma de gerar empatia e inclusão, diz.

Joana Peregrino tem uma longa carreira na área. Jornalista e com mestrado em Educação, Gestão e Difusão em Biociências pelo Instituto de Bioquímica Médica Leopoldo de Meis, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IBqM/UFRJ), trabalha com pessoas surdas desde 2012, quando foi convidada a criar e implementar a primeira webtv para pessoas surdas do país, a TV Ines, do Instituto Nacional de Educação de Surdos. Posteriormente, criou a empresa Conecta Acessibilidade – uma produtora especializada em acessibilidade audiovisual com foco em cinema, televisão e plataformas de streaming. Em 2019, se juntou ao sócio Rick Bouillet, que atua há mais de 30 anos nas áreas de comunicação e educação. E daí, surgiu a ideia do projeto.

Atualmente, a equipe conta com 10 profissionais. Dentre os quais, pedagoga especializada em surdez, professora surda da educação infantil voltada para crianças surdas, ilustrador, desenvolvedor e intérprete de Libras.

Topo da página