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Publicado em: 17/07/2009
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Rios voadores: o caminho das chuvas


Débora Motta, de Manaus

                                                          Débora Motta

 
   Segundo Pedro Leite Dias, a água evaporada pela
   Amazônia é responsável por chuvas no Sul do País
O Brasil é o campeão mundial de rios voadores. Mas o que quer dizer esse nome tão intrigante? "Rios voadores, conhecidos tecnicamente como Jatos de Baixo Nível (JBN), são ventos que transportam a água na atmosfera, atuando como fontes de umidade para diversas regiões do globo", explicou na terça-feira, 14 de julho, o diretor do Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), Pedro Leite Dias, durante conferência realizada na 61 Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), na capital amazonense.

De acordo com Dias, existem três grandes centros de formação de umidade no planeta: o norte da América do Sul – predominantemente a Amazônia –, a Indonésia e a África. O processo de deslocamento dos rios voadores, responsáveis pela formação das chuvas, indica que o equilíbrio do ecossistema de diversas regiões é bastante interligado.

"A água suspensa na atmosfera da Amazônia, a partir da evapotranspiração, explica em grande parte as chuvas em toda a Bacia do Prata", diz Pedro, acrescentando que as massas de ar úmidas formam uma espécie de corredor, que circulam da Amazônia, junto à Cordilheira dos Andes, até o Sul do continente.

Além de tentar compreender melhor o caminho das chuvas, um dos objetivos do projeto Rios voadores – que reúne pesquisadores de diversas instituições, como o LNCC, a Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável (FBDS) e a Universidade de São Paulo (USP) – é investigar de que modo o desmatamento e as mudanças climáticas podem influenciar o regime de chuvas em outras regiões do País, além da Amazônia. De acordo com o professor, o aumento da temperatura de 1 grau Celsius (C) a 2,5 C pode reduzir as chuvas em até 20%.

O projeto Rios voadores conta ainda com a parceria do piloto suíço Gérard Moss, que numa façanha que mais lembra histórias de ficção científica realizou vôos no Brasil dentro de rios voadores, numa aeronave equipada especialmente com medidores de umidade. Desse casamento da ciência com a aventura, foi possível acompanhar o trajeto dessas massas de ar e coletar dados a respeito delas. "O Brasil é o país que mais recebe chuva do mundo, três vezes mais do que os Estados Unidos", disse.

O especialista em análise isotópica Marcelo Moreira, da Universidade de São Paulo, é um dos responsáveis pela identificação da "impressão digital" das moléculas de vapor d’água presentes nos rios voadores. Ele avalia se as gotículas, capturadas pelo avião de Moss no interior de São Paulo, são mesmo oriundas de árvores da Amazônia. "Procuramos explicar o que acontece quimicamente com o vapor d’água dentro dos rios voadores ao longo de sua trajetória", disse.

Para Moss, o estudo procura conscientizar a população brasileira em geral, inclusive as pessoas que não moram na Amazônia, mas vivem no Sul, Centro-Oeste e Sudeste – regiões cujos sistemas de chuvas dependem dos rios voadores –, para a importância da preservação da floresta. "Uma árvore de grande porte pode evaporar 300 litros de água por dia", explicou o piloto, ressaltando o imenso volume de água em suspensão na atmosfera da região. "A quantidade de água evaporada pela Amazônia é equivalente a do total da água do rio Amazonas. Ou seja, a Amazônia tem um rio igual ao do Amazonas", completou.

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