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Publicado em: 15/03/2007
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Obra faz inventário de fósseis da Bacia de São José de Itaboraí

Paul Jürgens

 Antônio Carlos Fernandes

 
 Cava deixada por empresa mineradora virou lago
Objeto constante de estudo por pesquisadores nacionais e estrangeiros ao longo das últimas oito décadas, a Bacia de Itaboraí, localizada no município de mesmo nome situado próximo à cidade de Niterói, ganha, afinal, uma publicação à altura de sua importância para a paleontologia nacional. Bacia de São José de Itaboraí – 75 anos de História e Ciência (CPRM/Serviço Geológico do Brasil), cuja execução foi idealizada pela pesquisadora da UFRJ Lílian Paglarelli Bergqvist, traz uma listagem de todos os fósseis já descritos em publicações científicas, a maioria deles acompanhados de ilustrações coloridas, além de fotos inéditas da região e de alguns dos fatos mais marcantes de sua história. Ali estão igualmente todas as referências bibliográficas sobre o assunto e a lista das instituições que hoje abrigam o material de pesquisa recolhido na região.

Apesar de suas reduzidas dimensões, foram encontrados na Bacia Calcária de São José de Itaboraí vestígios da presença do homem pré-histórico, que têm sido utilizados em estudos que visam traçar o roteiro da ocupação humana nas Américas. O local possui registros de rochas que variam de cerca de aproximadamente 65-58 milhões de anos, sendo o mais antigo registro brasileiro da irradiação dos mamíferos após a extinção dos dinossauros. Por meio de diversas iniciativas, a FAPERJ tem levado apoio à reivindicação de pesquisadores fluminenses de transformar o local num parque paleontológico ao estilo de outros que já funcionam pelo país e no exterior.

Paul Jürgens
 
Carodnia vieirai: esqueleto foi reconstituído em
2006 por equipe coordenada por Bergqvist
Um exemplo de fóssil encontrado no local é o Carodnia vieirai, descoberto em 1949 e uma das muitas espécies de mamíferos encontrados na região. Em agosto passado, um grupo de pesquisadores liderados por Lílian, todos do Departamento de Geologia do Instituto de Geociências da UFRJ, apresentou ao público a reconstituição de seu esqueleto – o mais completo de um mamífero sul-americano do início da era Cenozóica.

Ricamente ilustrado, o livro, que tem como co-autoras Adriana de Lima Moreira e Danielle Ribeiro Pinto, ganhou uma tiragem inicial de 500 exemplares. Está prevista igualmente a produção de 200 CD-ROMs com o mesmo material. A obra chega em boa hora ao criar uma fonte de consulta não só para especialistas mas também para o público leigo interessado no assunto. “O trabalho tem um lado bastante científico, já que funciona como um catálogo tradicional, com a listagem de fósseis ‘tipos’ e ‘figurados’”, explica Lílian. “Mas tivemos a preocupação de contar a história da bacia de uma forma mais acessível para pessoas que não têm muito conhecimento do assunto e que a partir agora podem entender a dimensão da importância da bacia”, diz.

Embora grande parte do material recolhido em Itaboraí já tenha sido objeto de pesquisa, Lílian esclarece que ainda há um número expressivo de fósseis não estudados depositados nos acervos do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), na Urca, e no Museu Nacional/UFRJ, na Quinta da Boa Vista. “O material melhor preservado já foi utilizado em pesquisas anteriores. Mas novos estudos vêm sendo feitos com o mesmo material à luz de novas informações, e as 'redescobertas' realizadas em anos recentes com os milhares de fósseis coletados trarão em breve novidades sobre a fauna e sobre o paleoambiente de Itaboraí”, adianta a pesquisadora.

 Divulgação

 
Itaboraí: proximidade de Niterói e São Gonçalo
Antiga reivindicação de pesquisadores fluminenses, a criação do Parque Paleontológico de Itaboraí, ocorrida em dezembro de 1995, garantiu – ao menos no papel – a proteção e manutenção como área de interesse público. Após um período marcado por invasões freqüentes no território oficialmente demarcado, o terreno foi finalmente isolado. Para o grupo de cientistas, o objetivo principal é torná-lo uma área de lazer de caráter ecológico-cultural. O projeto do parque, contudo, só veio a ganhar impulso após a criação, no âmbito dos institutos virtuais lançados pela FAPERJ, do Instituto Virtual de Paleontologia. Desde então, o IVP vem trabalhando para o resgate da importância da Bacia de Itaboraí e para a recuperação da área degradada do parque após cerca de 50 anos de exploração mineral.

Em 1984, a Companhia Nacional de Cimento Portland Mauá anunciou que estava encerrando suas atividades, deixando como herança uma cava de aproximadamente 70 metros de profundidade. Preenchida por água subterrânea e de chuvas, a cava transformou-se num lago artificial que atualmente abastece os cerca de 10 mil moradores da localidade. Com a partida da mineradora, a economia do município entrou em franco declínio. O anúncio da instalação do Pólo Petroquímico de Itaboraí trouxe novo alento não só para a comunidade local, mas também para o grupo de cientistas envolvidos no projeto do parque.

Convênio intermediado pelo IVP dá novo impulso ao projeto de revitalização

Divulgação
 
Bacia calcária: primeiro saco de cimento
produzido pela Mauá em São José de Itaboraí
Em agosto de 2006, um convênio intermediado pelo IVP e assinado na sede da Fundação trouxe novo impulso ao projeto após um período de dificuldades devido à falta de recursos. Resultado de um acordo celebrado entre a Petrobras e o Instituto Walden, a iniciativa – que levou um aporte de R$ 268 mil ao projeto – já garantiu a implantação de 5.600 metros de cercamento, feito em colaboração com os próprios moradores e organizações locais. “A instalação do pólo petroquímico na região vem despertando a atenção de autoridades sobre o parque e esperamos que novos convênios possam ser realizados não só para acelerar como também para ampliar o alcance do projeto”, sonha Lílian.

O programa de revitalização em andamento inclui obras de demarcação da área e a instalação de um Centro de Formação Profissional voltado para a comunidade local. Através do programa Jovens Talentos, a FAPERJ contribui com bolsas para alunos do ensino médio, engajados em projeto de pesquisa desenvolvido no parque, nas áreas de geologia, paleontologia, arqueologia, arqueologia histórica, educação e meio ambiente.

A bióloga conta que em janeiro de 2007 uma nova reunião, desta vez no próprio parque, em Itaboraí, reuniu diretores da Petrobras, representantes do Instituto Walden, do IVP, do programa Jovens Talentos e da comunidade local. “Os diretores da estatal acenaram com a possibilidade de novos investimentos, o que deixou todos muito animados”, conta.

 Divulgação

 
 A bacia em 1957: intensa atividade mineradora
Outro resultado alcançado nos últimos meses foi a realização do Plano de Diretrizes do Parque, com o delineamento de propostas para uso das instalações, implantação de trilhas e centro de exposição. Atualmente, está em fase de finalização a reforma de um dos galpões da antiga fábrica de cimento Mauá onde será instalado um centro profissionalizante com salas de multi-uso, biblioteca e banheiros. A inauguração de um pequeno museu também está prevista. “É obrigação da sociedade brasileira retribuir à população que ali vive todos os anos de exploração comercial e científica que pouco – ou nada – lhes deixaram em troca”, defende Lílian.

O projeto idealizado para o local tem uma concepção de vitrine ecológica com técnicas de bioconstrução, em que deverão ser empregados, entre outros, energia solar, telhado vivo, separação de águas cinzas e coleta de água de chuva. Paralelamente, um curso de capacitação de lideranças comunitárias, baseada na tecnologia de inclusão social Teia da Vida, vem sendo desenvolvido com 20 integrantes. Eles criaram os Movimentos Geração e Gota D’água, além de cinco Núcleos de Desenvolvimento Local em Itaboraí.

A obra Bacia de São José de Itaboraí – 75 anos de História e Ciência está sendo distribuída para instituições de ensino e pesquisa em todo o país. Os interessados em obter um exemplar podem contatar a pesquisadora por meio do seguinte e-mail: bergqvist@geologia.ufrj.br
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