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Publicado em: 02/05/2019
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Mitigação dos impactos de desastres exige comunicação e planejamento de longo prazo

Juliana Passos

País precisa avançar em planos de ação para diminuir
impacto de desastres ambientais 
(Foto: Giulio Napolitano/FAO)

Prevenir é melhor que remediar. O velho ditado não é válido apenas para o cuidado com a saúde, mas também quando se trata de diminuir os impactos dos desastres ambientais, cada vez mais frequentes diante das mudanças climáticas agravadas pela ação humana. Ainda que não seja possível prever a magnitude das enchentes e secas, de acordo com cientistas que se dedicam ao assunto, essa mitigação em território brasileiro tem a seu favor o fato de que a maioria dos desastres registrados por aqui são aqueles chamados de "cíclicos". Isso significa que os estragos provocados pelas chuvas de verão ou pela seca podem ser diminuídos com planejamento e ações anteriores.

As pesquisas relacionadas à Logística Humanitária são relativamente recentes e ganharam força após o tsunami ocorrido em 2004 na Indonésia, e que levou a morte de 230 mil pessoas. A professora Adriana Leiras, do programa de Engenharia Industrial da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), realiza pesquisas na área desde 2011. Contemplada no programa de fomento à pesquisa Jovem Cientista do Nosso Estado, da FAPERJ, ela se dedicou nos últimos três anos a fazer estudos na área para preencher as lacunas nos três elementos centrais, necessários para fundamentar respostas aos desastres: mapear processos e estratégias de preparação e resposta a desastres; avaliar teoricamente sistemas de alerta e alarmes instalados em áreas de risco; e analisar perdas e danos em desastres.

Em um artigo em que fazem uma revisão bibliográfica sobre o tema, publicado em fevereiro no periódico Journal of Disaster Risk Reduction, Adriana e colegas chamam a atenção para a importância de ações de prevenção, o que não só promove redução de danos como causam um menor impacto econômico. De acordo com a revisão realizada em artigos acadêmicos e relatórios de instituições governamentais ou não (a chamada "literatura cinzenta") dos Estados Unidos, a cada dólar investido em prevenção, 15 são poupados em reconstrução. O trabalho também pontua a ausência da inclusão dos gastos governamentais com as operações de socorro no cálculo geral. De acordo com estudo publicado em 2017, com dados de 1995 a 2014, o Brasil gasta uma média de R$ 800 milhões por mês com desastres naturais. A publicação é do Centro de Estudos e Pesquisas em Engenharia e Defesa Civil, da Universidade Federal de Santa Catarina (Ceped/UFSC), com o qual Adriana mantém diversas colaborações.

"O tempo de resposta das autoridades e as divisões de atribuições para os órgãos públicos envolvidos quando um desastre ambiental ocorre também são desafios importantes que precisam ser trabalhados pelas autoridades", diz Adriana. De acordo com a pesquisadora, a melhoria da comunicação entre Estado e cidadãos sobre as medidas a serem tomadas em caso de desastre é outro passo importante. Ela cita como exemplo, a inclusão de orientações de forma mais acessível à população, ao contrário do material “escondido” nas páginas das defensorias civis. “Qual o principal problema da resposta? A gente demora muito a dar uma resposta. Os tomadores de decisão precisam saber como é um processo de resposta. Além de pensarem em medidas de mitigação para diminuir o impacto dos desastres”, defende.

Adriana: coordenação de pesquisas
em logística humanitária e gestão
de operações após desastres

ambientais 
(Foto: Divulgação)

Para entender a eficiência da resposta e alertas, Adriana coordenou um trabalho em que foram entrevistados 72 líderes comunitários de comunidades na cidade do Rio de Janeiro. O objetivo era saber se as pessoas deixavam seus locais de moradia, confiavam nos alertas e no plano de apoio dos órgãos públicos. Como resultado, os pesquisadores identificaram uma confiança em relação ao trabalho de alerta, mas que são pouco efetivos devido à qualidade dos abrigos oferecidos pela prefeitura e à pouca estrutura para deixar suas casas, principalmente quando as famílias contam com idosos e crianças. Os moradores também questionaram a ausência de gestores em promover melhorias antes da ocorrência das chuvas, foco deste trabalho. Outra característica mencionada pelo artigo, ao citar trabalhos anteriores, é a desconfiança das comunidades em relação ao poder público em usar os momentos de desastres naturais para desapropriação de terras nestes locais.

A engenheira de produção coordena, na PUC-Rio, o Laboratório HANDs (Humanitarian Assistance and Needs for Disasters), voltado para pesquisas em Logística Humanitária e Gestão de Operações em desastres, crises e emergências. Para auxiliar a gestão da distribuição de doações, a equipe finaliza até o fim do primeiro semestre deste ano um sistema para gerir as doações necessárias e recebidas. O projeto tem financiamento da FAPERJ, por meio do edital Prioridade Rio, e o sistema poderá ser utilizado por entidades e órgãos governamentais e não-governamentais.

“A ideia aqui é não deixar faltar nem sobrar. As doações são um segundo gargalo logístico nos desastres. A ideia é que o definidor da demanda, por exemplo, a Cruz Vermelha, informe a capacidade dele de organizar os donativos e a partir daí a população passe a colaborar”, explica Adriana, que fez um trabalho de gestão semelhante para a Organização das Nações Unidas (ONU), na Etiópia. No site do Laboratório é possível observar o funcionamento do sistema, ainda em fase de testes. Em um mapa que aponta o local do desastre estão disponíveis informações da porcentagem de doações recebidas e os itens que ainda são necessários receberem.

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