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Publicado em: 18/02/2016
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Estudo avalia o risco de desertificação no estado do Rio de Janeiro

Débora Motta

Mapa desenvolvido pelos pesquisadores da UFRRJ estima o aumento da
temperatura do ar em até 4°C, para o ano de 2100
(Imagens: Reprodução)

As mudanças climáticas ocupam posição de destaque na pauta internacional de importantes instituições de pesquisa e organismos ao redor do mundo. Recentemente, no início de dezembro, representantes de 195 países se reuniram na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP 21, realizada na capital francesa. Depois de 13 dias de intensos debates, eles chegaram a um consenso e propuseram a criação do "Acordo de Paris", documento que entrará em vigor em 2020 com o objetivo de limitar o aquecimento global da atmosfera a 1,5°C até o ano de 2100. Enquanto autoridades e especialistas internacionais discutem a elevação da temperatura no planeta, um projeto de pesquisa desenvolvido na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) investiga os processos de desertificação em curso no estado do Rio de Janeiro – associados às mudanças climáticas e alterações do uso e cobertura da terra – e a susceptibilidade de algumas regiões fluminenses, que podem se tornar semiáridas ou áridas nas próximas décadas.

Coordenado pelo meteorologista Gustavo Lyra, Jovem Cientista do Nosso Estado, da FAPERJ, e professor do Departamento de Ciências Ambientais da UFRRJ, o estudo procura caracterizar os cenários de risco à desertificação, com a elaboração de mapas, baseados em índices climáticos de aridez, na dinâmica do uso e cobertura da terra, e no relevo do estado do Rio de Janeiro.

De acordo com o pesquisador, poucos são os estudos sobre o tema voltados à realidade da Região Sudeste. “Embora o Sudeste tenha áreas de risco à desertificação, grande parte dos estudos se concentra no Nordeste do País e no Norte de Minas Gerais”, justifica Lyra, que também é professor dos programas de pós-graduação de Práticas em Desenvolvimento Sustentável e de Engenharia Agrícola e Ambiental, da UFRRJ, e de Engenharia de Biossistemas, da Universidade Federal Fluminense (UFF). Ele tem doutorado em Agronomia (Física do Ambiente Agrícola) pela Universidade de São Paulo (USP).

Financiado pela Fundação por meio do edital Apoio a Grupos Emergentes do Estado do Rio de Janeiro, o projeto está em curso há dois anos. A pesquisa se fundamenta na comparação dos índices climáticos de aridez, com base na precipitação pluvial e na temperatura do ar, para a caracterização dos cenários de risco à desertificação. O cenário atual foi elaborado com dados climáticos (chuva e temperatura do ar) observados de 1961 a 2011, obtidos na base de dados da Agência Nacional de Águas (ANA) e do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Atualmente, também estão sendo obtidos, com auxílio de modelos climáticos, os dados de chuva e de temperatura do ar para a elaboração, em uma fase posterior do projeto, do cenário futuro de clima (2070 - 2100).

No estudo, foram identificadas áreas climáticas moderadamente suscetíveis à desertificação em grande parte do Norte Fluminense e, em menores proporções, na Região Metropolitana do Rio, no Noroeste e Região dos Lagos. “Nossa hipótese de trabalho é que, com o aumento da temperatura global e a diminuição dos totais de chuva, as áreas semiáridas podem se tornar áridas e, por sua vez, as áreas classificadas como subúmidas podem se tornar semiáridas, consideradas mais suscetíveis ao fenômeno de desertificação”, resume Lyra.

Índices de aridez apontam no cenário atual áreas do estado suscetíveis à 
desertificação, como o Norte e o Noroeste fluminenses e a Região dos Lagos
 

Os resultados preliminares indicam que esse fenômeno deve se intensificar nas próximas décadas. “Entre 2070 e 2100, as regiões subúmidas e semiáridas no estado do Rio de Janeiro vão aumentar. Principalmente no Norte e Noroeste do estado e na Região dos Lagos, as áreas já suscetíveis se intensificarão. Cabo Frio e Arraial do Cabo, por exemplo, são municípios onde o índice pluviométrico, hoje, é de cerca de 750 a 900 milímetros por ano, o que já representa poucas chuvas. A eliminação da cobertura vegetal, práticas agrícolas não conservacionistas e a especulação imobiliária podem piorar esse quadro”, pondera.

Os resultados da modelagem climática obtidos até o momento pela equipe apontam que, na região Norte do estado, de acordo com a projeção futura (2070-2100), deve haver uma redução de até 200 milímetros nas chuvas em relação à linha de base do modelo (1961-1990), ao longo do território. No Noroeste Fluminense e na área Metropolitana, estima-se uma redução de 100 milímetros. Também se espera uma tendência de aumento das temperaturas do ar, que poderá ser de até aproximadamente quatro graus Celsius em algumas regiões, como a Serrana, Noroeste, parte do Médio Paraíba e a Região Metropolitana do Rio.

A principal consequência do processo de desertificação será a redução da disponibilidade hídrica, tanto pelo aumento da temperatura, quanto pela diminuição das chuvas, associado a degradação do uso da terra. “Temos que avaliar os impactos das mudanças climáticas e também a influência das técnicas de agricultura, já que o uso intensivo do solo, sem o manejo agroecológico adequado, pode contribuir para a erosão e sua consequente desertificação”, diz Lyra. “Espero que o estudo possa fornecer subsídios para a formulação de políticas públicas ambientais. A utilização de modelos climáticos é fundamental para identificar as principais mudanças na distribuição da precipitação e da temperatura e estabelecer diretrizes de acordo com os cenários futuros dessas mudanças no estado, pensando na qualidade de vida da população e nos impactos sociais, econômicos e ecológicos”, conclui. 

Também fazem parte da equipe responsável pelo desenvolvimento do projeto os seguintes pesquisadores do Departamento de Ciências Ambientais da UFRRJ: Ednaldo Oliveira dos Santos, José Francisco de Oliveira Júnior, Henderson Silva Wanderley e Rafael Coll Delgado, além de Gustavo Mota de Souza, do Departamento de Geociências da mesma universidade.

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