Luz, Câmera: Ciência!
Roteiros premiados pela FAPERJ já estão sendo rodados
O encontro entre a ciência e o cinema promovido pelo 1º Concurso FAPERJ de Roteiros para Filmes Científicos já está rendendo seus primeiros frutos. Em breve, os roteiros vencedores das categorias Universitários e Iniciantes poderão ser vistos no cinema. O primeiro filme, Liberdade Confinada, já em fase de edição, é baseado no argumento da dupla premiada com o primeiro lugar na categoria Universitários, Candy Milosky Saavedra, aluna da Estácio de Sá, e Carla Miguelote, aluna da UFF. O roteiro critica o estilo de vida dos moradores de condomínios da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. O documentário tem 12 minutos e é fruto de uma parceria entre a FAPERJ e a Universidade Estácio de Sá. A direção do filme, idealizado por Candy e Carla, é de Paulo Mendel, aluno de Cinema da Estácio.
Liberdade Confinada revela a contradição entre a imagem de felicidade permanente que é associada ao bairro e a realidade vivida pelos seus moradores. O protagonista do filme é o Sr. Smile, uma criação das universitárias inspirada na marca surgida nos anos 70. O rosto risonho redondo e amarelo era estampado em camisetas, adesivos, material escolar, numa espécie de apologia à felicidade. No filme, apesar de viver cercado de miséria, poluição, trânsito e problemas ambientais, o Sr Smile está sempre sorridente. Isso deve-se ao fato de que dentro dos condomínios ele não vive a realidade social da cidade mas uma vida aquartelada e alienada, como outros 200 mil habitantes dos condomínios, explica Candy. O documentário mostra o personagem em passeios nos shoppings, quase uma extensão de sua casa.
Liberdade Confinada foi baseada na tese de mestrado da professora Silvia Josephson, que atualmente é doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social da UERJ. A proposta foi fazer uma reflexão acerca dos espaços urbanos a partir de uma abordagem que ressalta a indissociabilidade entre estes e a produção de territórios existenciais. Os condomínios exclusivos da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, foram escolhidos como campo de análise da hierarquização social e das formas de organização sobre as relações entre os espaços urbanos, públicos e privados. Segundo a professora, procurou-se identificar, através de entrevistas com os moradores, os valores associados por eles a estes espaços. Privacidade, tranqüilidade e isolamento foram os aspectos valorizados, destacando-se a desqualificação dos espaços públicos das ruas. Esta nova maneira de morar implica não somente na valorização da vida privada, intimista, como indica, sobretudo, a desqualificação de qualquer tipo de exterioridade, cuja interferência é sentida como uma ameaça que incomoda e tem que ser evitada, interpreta Silvia. Na dissertação, a professora demonstra que tais espaços habitacionais constituem um outro mundo, com uma concepção urbanística que origina outra forma de viver. Não há lugar para a história viva que se escreve nas ruas da cidade. Segundo críticos dessa forma urbana de habitar, a inexistência das ruas provoca o desaparecimento do meio fundamental para a elaboração da cidadania e da civilidade: o espaço público. Este é o lugar onde, ao mesmo tempo, aprende-se, pela vivência de experiências diversas, a assumir a responsabilidade pelo que é comum a todos e onde se pode exercitar esse aprendizado, ressalta a pesquisadora.
Próxima atração
Segundo o produtor-executivo, Chris Rodrigues, coordenador do concurso, o outro roteiro premiado já está em fase de produção. Esperamos que o lançamento dos dois filmes se realize no próximo semestre deste ano. O evento também contará com o apoio da FAPERJ, acrescentou o produtor, que é professor do Núcleo de Cinema da Estácio. Ainda neste semestre, o segundo roteiro premiado no concurso estará sendo finalizado. O documentário de Paulo César Cerdeira Campos, primeiro lugar na categoria Iniciantes, é baseado no trabalho do pesquisador Paulo Antônio de Souza Mourão, do departamento de Bioquímica Médica, do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, da UFRJ. Paulo Antônio é bolsista do programa Cientistas do Nosso Estado, da FAPERJ.
Retrospectiva
O 1º Concurso FAPERJ de Roteiros para Filmes Científicos, realizado no segundo semestre de 2000, ofereceu R$ 20 mil em prêmios. Os vencedores de cada categoria receberam R$ 7 mil e os segundos colocados R$ 3 mil, cada um. A todos foi entregue, ainda, um troféu concebido pelo Núcleo de Difusão Científica da FAPERJ e esculpido por Gian Pietro Zagni.
Dos 80 documentários recebidos pela FAPERJ, 19 foram selecionados pela comissão, sendo 14 da categoria universitários. O júri, que reuniu 14 especialistas em cinema, foi presidido pelo cineasta Roberto Farias e teve como presidente de honra o diretor brasileiro premiado Nélson Pereira dos Santos.
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