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Publicado em: 14/08/2002 | Atualizado em: 29/03/2022
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Pesquisa identificará perfil dos jovens que aderem ao tráfico

Pesquisa identificará perfil dos jovens que aderem ao tráfico

A facilidade com que podem ser substituídos e a impunidade tornam os jovens das comunidades carentes um alvo cada vez mais cobiçado pela estratégia de recrutamento do tráfico de drogas. Essa situação serviu de base para uma pesquisa, cuja proposta é verificar as caraterísticas comuns entre os jovens que aderem ao tráfico na Favela de Acari e definir o que pode ser feito para desestimular essa incorporação. O trabalho é coordenado pelo professor Dario de Sousa e Silva Filho, do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).

Denominado “Estratégias subterrâneas de geração de renda e contratendências à incorporação de jovens à economia das drogas na Favela de Acari”, o trabalho é um dos projetos apoiados pela FAPERJ, por intermédio do Programa de Ciência e Tecnologia na Área de Segurança. A decisão de realizar a pesquisa em Acari - bairro do Rio com o menor índice de desenvolvimento humano (IDH), segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) - não foi aleatória. “O tráfico na favela é dominado há algum tempo pelo mesmo grupo, o Terceiro Comando, que possui uma sólida política de recrutamento”, explica o professor Dario de Sousa, chefe do Departamento de Ciências Sociais da UERJ.

O trabalho terá continuidade em 2002, mas já é possível tirar algumas conclusões. Mesmo diante do alto grau de pobreza existente, a maioria dos jovens do local é renitente e procura resistir aos apelos do tráfico. “A pesquisa nega a premissa entre o nível de pobreza e o nível de violência. Essa causalidade é falsa”, adianta Dario de Sousa. Boa parte dos renitentes busca entretenimento e tem hábitos de consumo fora de Acari como forma de se desvincular do local.

Pesquisa traça perfil dos jovens que atuam no tráfico de drogas

A possibilidade de mobilidade social, de status e de reconhe-cimento perante a comunidade conferidos pelo tráfico é um dos fatores que mais contribuem para a adesão. Também pesam a necessidade de independência cada vez mais precoce entre os meninos da favela e a sedução constante pelo consumo de marcas. Segundo Dario, chega um momento em que o menor fica dividido entre optar por um plano de curto - o comércio de drogas - ou de longo prazo, que é, muitas vezes, simbolizado pela escola ou por uma carreira de jogador de futebol. Alguns acabam absorvidos pela economia das drogas, que oferece ocupa-ção, possibilidade de destaque e poder de consumo. “O tráfico cria a possibilidade de mo-bilidade rápida”, explica.

Essa rede - que oferta emprego, atrai pessoas, gera renda e acaba influindo nas demais atividades econômicas da favela - aposta cada vez mais nos jovens. “Há casos de meninos com 10 anos, que são utilizados para sinalizar, com pipas e rojões, a aproximação da polícia ou de outras facções”, conta Dario de Sousa. Ao mesmo tempo em que alicia os menores, a política de recrutamento do tráfico costuma rejeitar os garotos mais agressivos e falastrões, que podem colocar o negócio em risco.

Disposta a quebrar essa cadeia, a pesquisa sinaliza alternativas que podem desestimular a adesão ao tráfico. Dario de Sousa acha fundamental criar uma rede de informação sobre opções de carreira. “Muitas vezes, os ga-rotos acreditam que só têm duas opções: fazer pequenos bicos, como ser um carregador, ou entrar para o tráfico.” Também é primordial investir em educação numa comunidade onde a evasão é grande. Para cada 52 turmas que iniciam o primeiro ano do ensino fundamental, apenas uma chega ao ensino médio. “É preciso dar visibilidade a atividades culturais e opções de lazer. A Favela de Acari não tem área de lazer ou eventos, senão aqueles promovidos pelo próprio tráfico”, conclui.

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