Danielle Kiffer
No centro de memória, alunos da UniRio podem pesquisar em |
A outra sala foi destinada ao arquivamento e pesquisa do acervo, e está aberta a todos os estudantes da UniRio para a realização de pesquisas no acervo. São três computadores, cada um com ampla capacidade de armazenamento. “Cada computador precisa ter muito espaço de memória, porque neles estão arquivadas todas as dissertações de mestrado e doutorado produzidas na área da pós-graduação de Educação da universidade”, comenta Angela.
O trabalho de pesquisa e catalogação dos trabalhos produzidos na universidade demorou cerca de três anos e foi dividido em duas etapas. Na primeira fase, foi feito o levantamento de todas as pesquisas já realizadas pelos professores do programa de pós-graduação em Educação da universidade. “Foi um processo trabalhoso, já que o programa de pós-graduação em Educação foi criado em 2004. Em dez anos de curso, foram produzidos e concluídos pelos docentes 19 projetos, e há outros 24 em andamento”.
No acervo, pode-se encontrar, por exemplo, pesquisas sobre cinema e educação; a história das instituições escolares no período da Primeira República; a relação entre educação e cordel; e preconceito racial nas práticas educativas, entre outros temas. “São trabalhos importantes, que podem contribuir para futuros estudos que visam à transformação da educação”, afirma.
A segunda etapa consistiu em organizar informações sobre os alunos egressos do programa, desde o início até 2012. Para conseguir essas informações, a professora e equipe elaboraram questionários para esses alunos. “Procuramos traçar um perfil dos discentes que se interessaram pelo curso. Também pesquisamos, junto aos egressos, elementos que nos ajudassem a descrever sua trajetória em atividades acadêmicas e científicas, além de informações que nos levassem a sua atuação profissional, sua participação em atividades acadêmicas e ainda se deram continuidade aos estudos, cursando um doutorado, por exemplo”, explica Angela.
Com as pesquisas, Angela e equipe puderam constatar que atualmente a idade dos que cursam mestrado é bem menor do que há algumas décadas, o que mostra que os estudantes começam na graduação já pensando em seguir carreira acadêmica. “Também vimos que 78% dos estudantes vêm da área de pedagogia, enquanto o restante é formado por profissionais de outras áreas. O aspecto mais importante é que a maioria dos profissionais de educação que cursam a pós-graduação passam a trabalhar na área universitária e deixam, ou pretendem deixar, o trabalho como professor na educação básica. Isso, na verdade, reflete a situação precária de salário e reconhecimento que os professores do ensino básico enfrentam. E esse êxodo acaba sendo prejudicial para as escolas públicas”, analisa Angela.
Para que alunos e professores de outras universidades futuramente possam ter acesso ao acervo, Angela pretende, junto com sua equipe, criar e disponibilizar na rede todas as informações coletadas. “É um projeto futuro, já que o acervo é muito extenso, com textos, fotos e filmes, e não para de crescer. De qualquer forma, acreditamos que o centro será uma contribuição fundamental para os estudos de discentes de outros cursos e instituições. Desse modo, nosso trabalho em resgatar e manter essa memória científica e difundi-la será ainda mais bem-sucedido”, finaliza.
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