Débora Motta
Ana Liao |
Solistas em ação: cantores interpretam a comédia de costumes de Ripper, baseada na obra de Martins Pena |
Baseado na peça homônima do escritor brasileiro Martins Pena, importante autor teatral de comédia do século XIX, a ópera O Diletante foi escrita por Ripper, especialmente para o projeto da UFRJ. Ele compôs o libreto – a parte textual, com a história cantada pelos solistas – e toda a música em um curto espaço de tempo, ao longo de 2013. "O libreto foi escrito em dois meses e, a parte musical, em seis meses", revelou. A regência é de André Cardoso e de Jean Molinari (da Escola de Música da UFRJ), e a direção teatral é de José Henrique Moreira (da Escola de Comunicação da universidade).
Mantendo a estrutura e o espírito do texto de Martins Pena, Ripper transpôs o contexto histórico da peça para a Copacabana dos anos 50. "Martins Pena foi um autor eminentemente carioca, um grande cronista e observador dos costumes no Rio no século XIX. Apesar de transportar a ópera para o século XX, procurei manter esse olhar agudo", disse Ripper. Ele é o compositor brasileiro contemporâneo que mais tem se dedicado ao gênero operístico, com obras como Domitila, Anjo Negro, Piedade e Onheama.
A ópera, com duração de cerca de uma hora, será encenada em apenas um ato. Além de não ser um espetáculo cansativo pelo tempo de apresentação, O Diletante é uma comédia leve, por essência. A nova criação de Ripper faz uma homenagem bem-humorada ao mundo e aos amantes da ópera. "É uma peça muito divertida, que é uma exaltação à própria ópera. Ela começa com um coro dizendo ‘Viva a ópera!’", adiantou o autor. "Além de ter a leveza da comédia, trata-se de uma ópera brasileira escrita em português, o que ajuda a aproximar mais o público da realidade dos personagens", completou.
O cenário do espetáculo é a sala do apartamento de Quintino, rico comerciante italiano, que alimenta uma paixão desmedida por La Traviatta, de Verdi. Seu maior desejo é fazer com que toda sua família compartilhe de sua paixão pela música italiana, solicitando o tempo inteiro sua filha, Josefina, e sua esposa, Merenciana, a cantarem trechos da obra com ele. Entre os pretendentes de sua filha procura um tenor para completar o elenco. É tão intenso seu estado delirante que as cenas do cotidiano de sua família sempre lhe remetem à ópera.
Divulgação |
O compositor João Guilherme Ripper ambientou a ópera O Diletante na Copacabana dos anos 1950 |
“pera na UFRJ, um dos mais bem sucedidos projetos de ensino, pesquisa e extensão desenvolvidos na Universidade Federal do Rio de Janeiro, foi criado em 1994 e, desde então, já produziu 17 montagens envolvendo docentes, discentes e técnico-administrativos da universidade. A partir de 2011, ele passou a ser itinerante. "O apoio da FAPERJ tem sido fundamental para o projeto ter sido elevado a outro patamar. Conseguimos fazer um número maior de récitas e atingir o público em outras cidades, no interior do estado do Rio de janeiro. Entre esse público, estão pessoas que vão assistir a uma ópera pela primeira vez na vida", destacou. Em 2013, a FAPERJ apoiou a montagem da ópera Così fan tutte (Leia mais: http://www.faperj.br/interna.phtml?obj_id=8261)
Cardoso acredita que é fundamental aumentar o número de montagens operísticas no País para movimentar esse mercado. "A ópera é encarada como uma manifestação cultural da maior importância no exterior, enquanto no Brasil ela ainda é apresentada de forma esporádica. É preciso apoiar a realização de mais espetáculos para que haja uma regularidade na agenda e nosso mercado se torne mais desenvolvido. Precisamos ter mais óperas, inclusive em outros teatros e capitais brasileiras, para evitar a fuga de vozes e de músicos para o exterior", ressaltou.
Por sua vez, o funcionário da UFRJ José Mauro Albino, que vem participando da produção do projeto “pera na UFRJ há diversas edições, conta que a reação da plateia costuma ser calorosa. "A arte da ópera não agrada apenas aficionados ou a elite. As pessoas que nunca assistiram a um espetáculo de ópera também ficam encantadas. O acesso a espetáculos, como O Diletante, é importante para formar novas plateias, especialmente entre alunos da rede pública, que são convidados", disse.
Programação das Récitas
Salão Leopoldo Miguez, Escola de Música da UFRJ
25 de setembro, quinta-feira, 19h
26 de setembro, sexta-feira, 19h
27 de setembro, sábado, 17h
28 de setembro, domingo, 16h
Lotação: 400 lugares
Rua do Passeio, 98, Centro, Rio
Tel.: (21) 2262-8742
Teatro Municipal de Niterói
1 de outubro, quarta, 19h
Lotação: 371 lugares
Rua XV de Novembro, 35, Centro, Niterói
Tel.: (21) 2620-1624
Theatro D. Pedro, Petrópolis
2 de outubro, quinta, 19h
Lotação: 500 lugares
Praça dos Expedicionários, s/n, Centro, Petrópolis
Tel.: (24) 2235-3833
Auditório Horta Barbosa, Centro de Tecnologia da UFRJ
6 de outubro, segunda, 11h
Lotação: 500 lugares
Av. Athos da Silveira Ramos 149, Bloco A, C. de Tecnologia,
Cidade Universitária.
Tel.: (21) 3938-7008
Teatro Municipal de Macaé
16 de outubro, quinta, 19h
17 de outubro, sexta, 17h e 21h
Lotação: 310 lugares
Av. Rui Barbosa, 780, Centro, Macaé
Tel.: (22) 2759-0889
Elenco
SOLISTAS
Cyrano Sales e Jessé Bueno (Quintino), barítonos
Luíza Lima e Michele Ramos (Josefina), sopranos
Fernando Lourenço e Marcelo Coelho (Gaudêncio), barítonos
Beatriz Simões e Déborah Cecília (Merenciana), mezzosopranos
Bruno dos Anjos e Daniel Marinho (Marcelo), tenores
Camila Marlière (Constança), soprano
CORO e ORQUESTRA SINF”NICA DA UFRJ
André Cardoso, direção geral e regência
José Henrique Moreira, direção cênica
Marcelo Coutinho, direção musical
Jean Molinari, regente assistente
Luiza Rangel, assistente de direção
Andréa Renck, coordenação de Cenografia
Jéssica Trindade, Rafael Gonçalves e Rebeca Bauns, cenógrafos
Desiree Bastos, coordenação de Figurino
Mariana Burgo e Raquel Novaes, figurinistas
Renato Machado, projeto de iluminação
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