Vinicius Zepeda
Fotos: Reprodução |
O mico estrela está entre espécies animais exóticas invasoras registradas nos documentários |
No caso dos filmes científicos, tudo começou por acaso, no ano de 1999. Na época, seu irmão – o professor e pesquisador do Departamento de Ecologia da Uerj, Carlos Frederico Rocha – estava preparando uma expedição com a participação de 20 pesquisadores e alunos da universidade para percorrer as principais áreas de restinga do País, do litoral fluminense até o litoral baiano. “Ele precisava de alguém para documentar a expedição e me convidou para viajar com eles. Durante um mês e meio filmei mamíferos, répteis, anfíbios e bromélias, animais e vegetais típicos do ambiente de restinga”, recorda Duarte. Foram 50 horas de imagens de material bruto, que roteirizados renderam 10 programas de televisão, que trazem 21 documentários científicos da série “Expedição Restingas Brasileiras”. De meia hora de duração cada, os registros foram exibidos pela TV Universitária, TV Senado e TV Brasil (antiga TV Educativa). “O trabalho registrado foi tão rico que até hoje, dez anos depois, os cientistas da Uerj ainda publicam estudos com resultados colhidos naquela época”, acrescenta.
O documentarista destaca que, durante a expedição, o processo de degradação das restingas foi o que mais o impressionou. Duarte chama a atenção para a destruição da natureza movida pela ocupação desordenada e pela especulação imobiliária do litoral – considerada área nobre pela construção civil – e recorda dois episódios ocorridos durante a expedição. O primeiro foi quando os pesquisadores foram ameaçados por jagunços armados no meio da restinga da cidade de Setiba, Espírito Santo. “Constatamos que a degradação ambiental dali não é fruto somente da especulação imobiliária. Lá vivem poderosos empresários que se apossaram do espaço em interesse próprio, uma verdadeira máfia que destrói a natureza local para favorecer a exploração comercial de areia”, conta. O segundo fato foi quando estavam na Bahia, depois da restinga de Prado, a caminho de Ilhéus. “Antes de iniciarmos a viagem, tínhamos visto algumas fotos de satélite e ficamos empolgados com a área verde muito densa que vimos nas imagens. Mas quando chegamos ao local ficamos bastante frustrados. Toda extensão de restingas simplesmente não existia mais, era tudo coqueiro”, lamenta.
Pesquisas desenvolvidas no Ceads estudam a fauna nativa da Ilha Grande |
A filmagem desses trabalhos virou um projeto pessoal em parceria com a universidade. Este ano, foi lançada a Coleção Ceads – Série Pesquisa II, também com dez documentários de 12 minutos cada. Desta vez, os filmes buscaram focar os estudos sobre espécies exóticas existentes na ilha, como os caracóis africano e asiático, o mico estrela, o coral sol e outros animais e vegetais considerados invasores, merecedores de controle e erradicação da área.“A riqueza da Ilha Grande é tanta que a transforma numa espécie de laboratório vivo, pois reúne em seu entorno uma quantidade interminável de trabalhos a serem desenvolvidos”, explica Duarte.
Luiz Duarte recorda que há dez anos, quando começou a filmar documentários educativos, a tecnologia disponível no País ainda não permitia disponibilizar os vídeos na internet como hoje. Ele ressalta a importância do audiovisual como forma de documentar a ciência feita no estado e tornar seus resultados mais acessíveis ao público em geral. “É claro que os vídeos não tiram a importância de artigos pelos cientistas. Porém, os artigos, na maior parte das vezes ficam restritos ao conhecimento de outros pesquisadores, enquanto que os vídeos colocam o espectador dentro da pesquisa e apresentam uma visão bem variada de como a ciência é feita”, conclui.
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