O seu browser não suporta Javascript!
Você está em: Página Inicial > Comunicação > Arquivo de Notícias > Simpósio discute alternativas para tratamento de lixo
Publicado em: 30/04/2008
ATENÇÃO: Você está acessando o site antigo da FAPERJ, as informações contidas aqui podem estar desatualizadas. Acesse o novo site em www.faperj.br

Simpósio discute alternativas para tratamento de lixo

 Divulgação/Inspector Engenharia

   

  O Rio produz 8 mil toneladas/dia de resíduos:
  opção seria o reuso na indústria de cimento

Mais de 140 mil toneladas de lixo são geradas diariamente no Brasil. Apenas na cidade do Rio de Janeiro, são produzidas cerca de 8 mil toneladas por dia. Esses números traduzem um dos maiores problemas enfrentados pelas sociedades modernas, em especial nos países em desenvolvimento: a gestão de resíduos sólidos, sejam eles domésticos, industriais e/ou comerciais. Considerando que à medida que as populações crescem, essa produção também não pára de aumentar, a busca de soluções se torna ainda mais premente. Para debater esse cenário, o II Simpósio Internacional em Tecnologias e Tratamento de Resíduos Sólidos, que se encerrou nesta quarta-feira, 30 de abril, reuniu especialistas brasileiros e representantes das universidades de Padova, na Itália, e de Hamburgo, na Alemanha, no auditório do Centro de Tecnologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). No evento, foram propostas algumas soluções para o reaproveitamento dos resíduos, como o reuso na construção civil e na queima e geração de energia, o que já vem sendo feito nos países desenvolvidos.

Agravando esse cenário, em países em desenvolvimento, o problema se acentua pela ausência ou insuficiência de uma estrutura capaz de dar conta dos resíduos criados, devido à falta ou mal direcionamento de recursos financeiros para estudos de soluções locais eficazes e pela carência de recursos humanos capacitados. Como resultado, no Brasil, mais de 80% dos municípios lançam cotidianamente lixo em cursos d’água e áreas a céu aberto ou de proteção ambiental, o que evidencia a má gestão do lixo.

Pensando formas de reverter esse quadro, o evento discute os temas apresentados no Simpósio Internacional de Gerenciamento de Resíduos Sólidos, que aconteceu na Sardenha, Itália, em 2007, com três objetivos importantes: possibilitar um fórum de debates e a troca de informações no contexto de busca de tecnologias alternativas em gestão de resíduos sólidos; divulgar as experiências empregadas no tratamento e disposição de resíduos sólidos no Brasil e em outros países; permitir o conhecimento de equipamentos e tecnologias relativas a resíduos, monitoramento, fechamento de áreas de disposição, reciclagem/reuso de resíduos/rejeitos, etc.

Divulgação/CTRNI 
   

 Catadores no antigo lixão da Marambaia,
 em Nova Iguaçu: risco de contrair doenças
 

Para o engenheiro Cláudio Mahler, coordenador da comissão organizadora do simpósio, diretor de Administração e Finanças da FAPERJ e professor da Coppe/UFRJ (Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia), o evento é particularmente oportuno. "Precisamos pensar no futuro. Elaborar soluções que visem principalmente o reaproveitamento e a inertização dos resíduos que não sejam passíveis de reciclagem e que atualmente provocam danos ambientais." Para Mahler, num país como o Brasil, em que ainda se utiliza dos aterros sanitários, é preciso pensar novos conceitos, alternativas bem-sucedidas que já vêm sendo empregadas em outros países. "As sociedades modernas produzem cada vez mais lixo, o que exige a construção de um número crescente de aterros sanitários. Mas a progressiva urbanização faz com que os espaços disponíveis para isso sejam cada vez menores. Por que as populações de bairros de baixa renda precisam conviver com a proximidade dos aterros, perto do nosso lixo? Por acaso, essas populações não têm direito a uma boa qualidade de vida?", critica.

Entre as alternativas que podem substituir os aterros sanitários, ele cita duas: o processo térmico, que promove a incineração dos resíduos, cuja queima é aproveitada para a geração de energia e as cinzas resultantes, já inertizadas, podem ser empregadas como mais uma matéria-prima que pode ser incorporada à indústria de cimento, na pavimentação e na produção de cimento e blocos para a construção civil por exemplo. Para tanto, em vez da construção de novos aterros, seria necessária a implantação de grandes incineradores. "O processo térmico também é indicado para dar fim a resíduos hospitalares, em que os riscos de contaminação acrescentam mais uma questão a ser resolvida", acrescenta Mahler.

Já o processo mecânico-biológico pode aproveitar as instalações dos aterros de forma geral. Diversos procedimentos podem ser incorporados nas etapas de separação e trituração de resíduos, sendo relevante um monitoramento do processo de degradação da matéria orgânica em decomposição, com injeções de oxigênio e chorume sempre que necessário. Nesse método, o gás metano resultante da decomposição de matéria orgânica, quando do uso de fermentação também pode ser aproveitado para geração de energia. "Ambas as alternativas já vêm sendo praticadas na Alemanha, que tem repassado a experiência a outros países da União Européia", comenta Mahler.

Diuvulgação/Inspector Engenharia 

  
  Em vez de jogado em valas, dejeto poderia ser
  aproveitado na queima e geração de energia
Durante os três dias de discussões, o simpósio, que é voltado a pesquisadores e técnicos de universidades, centros de pesquisa públicos e privados, empresas de consultoria, indústrias, agências governamentais e instituições ligadas à preservação ambiental e ao desenvolvimento sustentável, vem debatendo tópicos como a política nacional de resíduos sólidos, discussão da qual participou a representante do Ministério das Cidades, Nadja Limeira.

"Entre vários trabalhos interessantes, o do professor italiano Raffaello Cossu aborda a questão do aproveitamento dos gases metano, enquanto o da engenheira Elizabeth Ritter, da Uerj, que também é Jovem Cientista do Nosso Estado, da FAPERJ, discorre sobre transporte por difusão linear em aterro sanitário", cita Mahler. Também despertam interesse as apresentações de Juliana Rose, bolsista Nota 10 da FAPERJ, sobre oxidação de metano em aterros de resíduos, e do engenheiro Ronaldo Izzo sobre o uso de resíduos pré-tratados mecânica e biologicamente na construção de barreiras capilares. As bolsistas de Iniciação Científica da FAPERJ, Paola Lindman e Caroline van Onselen, também vêm participando ativamente destas pesquisas.

Na programação do simpósio, o aproveitamento de resíduos para geração de energia e créditos de carbono será objeto de debate com a presença do engenheiro Ricardo Menezes, do grupo Kompac, da engenheira Adriana Felippeto, do grupo NovaGerar, e do engenheiro Marco A. B. Gonçalves, da Caenge Ambiental, contratada pela Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb) para operar e manter o Aterro Metropolitano de Jardim Gramacho, em Caxias. As discussões passam ainda pelas tecnologias de tratamento e disposição de resíduos urbanos, de que participam o professor da Coppe/UFRJ, o diretor de Administração e Finanças da FAPERJ, Cláudio Mahler, e Luis Diaz, diretor e fundador da empresa Call Recovery, e editor da revista internacional Waste Management, além dos professores Raffaello Cossu, da Universidade de Padova, na Itália, e Sergio Reyez, da Argentina.

Luis Diaz e Raffaello Cossu, os organizadores do Simpósio Internacional de Gerenciamento de Resíduos Sólidos, na Sardenha, em 2007, já começam a promover o próximo encontro, que deverá acontecer em 2009, no mesmo local. Trata-se do maior evento mundial relativo a tratamento, gerenciamento e disposição de resíduos sólidos, de que costumam participar mais de mil especialistas de todo o mundo.

Compartilhar: Compartilhar no FaceBook Tweetar Email
  FAPERJ - Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro
Av. Erasmo Braga 118 - 6º andar - Centro - Rio de Janeiro - RJ - Cep: 20.020-000 - Tel: (21) 2333-2000 - Fax: (21) 2332-6611

Página Inicial | Mapa do site | Central de Atendimento | Créditos | Dúvidas frequentes