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Publicado em: 06/06/2007
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Rastreamento pré-natal avalia risco de anomalias em fetos

Vilma Homero

 Arquivo pessoal

       

      O obstetra Laudelino Lopes quer ver o método
      Pratic adotado pelos hospitais da rede pública
 

No Canadá, em 1993, 31% das mulheres em torno dos 35 anos eram mães pela primeira vez. Hoje, esse número subiu para 54%, pela tendência, cada vez maior, de adiar a maternidade em função da estabilidade profissional e econômica. Essa disposição é a mesma nos diversos países do Ocidente, inclusive no Brasil. Mas é também nessa faixa de idade que crescem os riscos de gerar fetos com certas anomalias, como a síndrome de Down. Daí a importância de avaliá-los ainda no primeiro trimestre de gravidez. Como atualmente há mais recursos, em vez de fazer apenas uma ultra-sonografia nem sempre de padrão satisfatório , a gestante pode submeter-se aos exames do PRATIC, sigla para Programa de Rastreamento de Aneuploidias por Testes de Integração Clínica, único do gênero realizado no Rio de Janeiro segundo critérios internacionais, reunindo rigor, padronização e precisão de imagens, e resultados com um índice de acurácia de 95%, com 5% de falsos negativos.

Se é cômodo para a futura mamãe, que realiza toda a série de exames numa única ida à clínica, também garante ao médico a certeza de contar com informações seguras para avaliação e aconselhamento da gestante. Isto motivou o obstetra Laudelino Marques Lopes, MBA Executivo em Saúde pela UFRJ-Coppead (2005), pós-doutorado e fellowship em Medicina Materno Fetal pela University of British Columbia (UBC), no Canadá (1999), dentre vários outros títulos no currículo, a se empenhar em  trazer o método criado pelo professor Kypros Nikolaides, do King’s College, de Londres, para o Rio. O que foi feito com apoio do edital Rio Inovação da FAPERJ. Para isso, o médico precisou submeter o Centro Pré-Natal de Diagnóstico e Tratamento (CPDT) de Laranjeiras Clínica Perinatal a uma rígida adaptação às normas, equipamento e padronização internacional estabelecidas pela Fetal Medicine Foundation e baseadas no Oscar, seu similar inglês (One Stop Clinic for Assessment of Risks). O que também foi feito com seus parceiros no projeto: o DLE Medicina Laboratorial (dosagens bioquímicas) e a Genética Médica Forense (avaliação diagnóstica dos cromossomos).

"O que muita gente confunde é que podemos ter nascimentos com alterações congênitas decorrentes de vários fatores. As anomalias cromossomiais, como a síndrome de Down, são um exemplo clássico", explica o Dr. Laudelino. O rastreamento do PRATIC, que deve ser feito entre 11 semanas e 13 semanas e 6 dias de gestação, rastreia as principais alterações cromossomiais. A partir de técnicas bioquímicas e biofísicas, o método tem uma abordagem integrada, realizada por equipe treinada e certificada para abranger os vários aspectos relacionados ao rastreamento do primeiro trimestre. O CPDT de Laranjeiras Clínica Perinatal iniciou o programa de forma pioneira em dezembro de 2005, quando foi contemplado pelo programa Rio Inovação, da FAPERJ.

A partir de um aconselhamento pré-teste, se segue uma ultra-sonografia, em que se faz uma avaliação morfológica de primeiro trimestre, acompanhada de dopplerfluxometria, para observar os marcadores biofísicos do feto nessa fase de desenvolvimento. Esses marcadores são a medida da translucência nucal (se aumentada aponta risco de malformação) e a presença do osso nasal (osso do nariz que não pode ser identificado indica maior risco de problemas para o feto). O doppler do ducto venoso é outro parâmetro complementar (a onda "A" negativa  pode indicar doença genética do feto ou ser sugestivo de má formação cardíaca)

Além dos marcadores biofísicos, também são analisados marcadores bioquímicos. É o que se chama de perfil bioquímico materno. A partir de amostra do sangue da mãe, analisam-se dois parâmetros: a proteína A associada à gestação (PAPP-A) e a fração livre do beta-hCG. Os resultados saem em cerca de 40 minutos.

 Arquivo CPDT

         

 Na imagem da ultra-sonografia, observam-se a medida da
 translucência nucal e a presença do osso do nariz, no feto

Outro dado importante entra na avaliação: a idade materna, já que a partir dos 35 anos, aumenta significativamente a faixa de risco. Se aos 20 anos, a gestante tem, por exemplo, risco de 1 bebê afetado pela síndrome de Down em 1.734 gestações; aos 35, esse risco sobe para 1 em cada 386 gestações; e aos 40 anos, é de 1 em 110. O mesmo ocorre com outras malformações cromossômicas. Aos 20 anos, se ele é de 1 para 526; aos 35, ele se eleva de 1 para 192; e aos 40 anos é de 1 em 66 gestações.

A paciente sempre recebe um segundo aconselhamento para comunicar e explicar os resultados. Constatando-se algum risco significativo, a paciente passa por novo aconselhamento médico com explicações sobre métodos diagnósticos e é encaminhada a procedimentos mais invasivos, como a coleta de material para cariótipo por biópsia de vilo corial (entre 11 e 14 semanas) ou teste realizado através da análise do líquido amniótico (amniocentese), após a 15 semana. Os exames invasivos são feitos no centro cirúrgico.

"Em geral, as grávidas nessa fase de gestação (12 semanas) costumam fazer apenas uma ultra-sonografia, usada apenas para confirmar a idade gestacional. No PRATIC, ao contrário, além dos marcadores que podem levar à suspeita de uma malformação, verificam-se ainda vários outros parâmetros como a freqüência cardíaca, o coração fetal, toda a biometria e morfologia, além do número de fetos", explica o médico.

"O PRATIC usa equipamentos encontrados em quase todos os hospitais. A integração, a abordagem única, a utilização de um software específico, licenciado pela Fetal Medicine Foundation (atualizado e auditado anualmente), e profissionais bem treinados e certificados são o que o diferenciam. Tudo isso é perfeitamente factível e pode ser conseguido desde que haja seriedade e empenho", diz Laudelino. É baseado nesta assertiva que ele pretende ver o método adotado nos hospitais da rede pública, do SUS.

"Trata-se de uma questão de prevenção, sem qualquer risco para a gestante ou para o feto, já que não são exames invasivos. O rastreamento deve ser realizado em todas as gestantes, independente da idade materna. Deve ser universal. Logo, é, e deverá ser, um projeto compatível com instituições públicas, onde o grande volume de exames faz cair o custo do processo.

O que leva a outra questão. No caso de alto risco de anomalia, além da orientação para novos exames, como orientar os pais? "Esta é uma proposta para a Fase II do PRATIC: criar um centro com um serviço multidisciplinar de psicólogos, fetólogos, neonatologistas, pedagogos, enfermagem e serviços de referência para conscientizar os pais sobre os problemas que vão enfrentar e orientá-los de forma integral e objetiva, tentando minimizar essas dificuldades", explica.

E prossegue: "O PRATIC não objetiva indicações para interrupções, ainda mais em se tratando de uma questão tão polêmica como essa. Ao contrário, ele pretende esclarecer, elucidar, rastrear e dar maiores subsídios para casais e médicos assistentes", esclarece.

O professor Laudelino Lopes anima-se também com o interesse de alguns hospitais particulares e públicos do Espírito Santo, Minas Gerais e Distrito Federal em adotar o PRATIC . Numa próxima etapa, ele também pretende apresentar o método a empresas, convênios e planos de saúde. "De acordo com a filosofia do projeto Rio Inovação, nossa idéia é a de popularizar ao máximo esse rastreamento pré-natal e expandir as ações de prevenção", finaliza.

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