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Publicado em: 04/05/2007
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Soluções criativas melhoram a vida de comunidades de baixa renda

 LTDS

 

Turistas europeus, hospedados na Vila das
Canoas, admiram a vista da Pedra da Gávea

Desde o Carnaval de 2005, pequenos grupos de turistas estrangeiros estão conhecendo o Rio de um ângulo diferente. Hospedados com famílias da favela de Vila das Canoas, no alto de São Conrado, Zona Sul carioca, eles vêem a cidade a partir da perspectiva de vida daquela comunidade. Ao mesmo tempo geram renda para os moradores que os hospedam. A iniciativa é uma das dez soluções alternativas identificadas pelo Laboratório de Tecnologia e Desenvolvimento Social (LTDS), da Coppe/UFRJ (Instituto Alberto Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro), e foi tema do workshop realizado pelo instituto no último dia 18 de abril. Parceria entre o LTDS, o Laboratório Interdisciplinar em Design de Interesse Social (LIDIS) e a rede internacional de pesquisadores vinculados ao projeto Creative Communities for Sustainable Lifestyles (CCSL), o evento contou com a participação do pesquisador belga e co-idealizador do projeto, François Jégou.

Iniciativas como essas, que surgem no seio da população como formas alternativas de preencher as lacunas deixadas pela ausência do poder público e de melhorar a vida das populações locais, têm sido identificadas em diversos países, especialmente China, Índia e Brasil. É o que os pesquisadores chamam de estilos de vida sustentável. Dar-lhes visibilidade e apoio faz parte do Marrakech Process, com que a ONU vem traçando um quadro de programas com duração de dez anos, através da Task Force on Sustainable Lifestyles.

No Brasil, o articulador do projeto é o LTDS, que vem mantendo um trabalho importante na área de políticas públicas e, com o apoio do LIDIS, foi um dos organizadores do recente workshop. Para o segundo semestre, já está programado na Coppe mais um evento. Será um curso sobre Inovação Social e Design Sustentável, com o professor italiano Ezio Manzini, do Instituto Politécnico de Milão. A disciplina faz parte de um projeto de cooperação internacional entre o Programa de Engenharia de Produção da Coppe/UFRJ e o Instituto Politécnico de Milão e terá como público-alvo alunos de pós-graduação em Design e Arquitetura, além de estudantes de algumas áreas da Engenharia que tenham interseção com o Desenho Industrial, como a Engenharia de Produção.

Pesquisadora do LTDS e coordenadora do LIDIS  laboratório que vem sendo montado com apoio da FAPERJ , a professora Beany Monteiro não só participou do grupo que identificou essas iniciativas, como vem trabalhando esses conceitos com seus alunos da graduação em Desenho Industrial. “Em cada país, são as universidades, que ficam responsáveis por selecionar os casos identificados. No Rio, essa parceria com as entidades internacionais coube ao LTDS, que desde outubro do ano passado vem trabalhando com esse projeto. O primeiro passo foi a identificação e a constituição de uma rede que associe as comunidades criativas fluminenses com ramos internacionais. Depois, discutimos a melhor forma de dar-lhes apoio e visibilidade, visando sua reprodução em outras localidades” explica a pesquisadora.

 LTDS

 
Na favela Santa Marta, uma creche comunitária
cuida das crianças enquanto as mães trabalham
  
 
No Brasil, em geral, e no Rio, em particular, o que não faltam são saídas alternativas encontradas pela população para resolver problemas locais. Na região do Mendanha, em Campo Grande, e em Pedra de Guaratiba, a alimentação das famílias melhorou bastante depois que se instalou uma horta comunitária num sítio local, organizada pela Pastoral da Criança. De lá saem verduras, legumes e principalmente as sementes que permitem que em cada quintal das redondezas se reproduzam outras pequenas hortas familiares, que incrementarão com produtos orgânicos as refeições dos moradores.

Em São Gonçalo, um grupo organizado dá apoio a pequenos empreendimentos que auxiliem a reinserção de egressos do sistema penitenciário no mercado de trabalho. Com isso, evita-se que eles reincidam e voltem à prisão. Ou ainda são as mulheres, que, em Água Santa, procuram reduzir os casos de gravidez precoce, doenças sexualmente transmissíveis e câncer de mama, mobilizando moradores e promovendo reuniões e visitas de agentes comunitários às famílias. Elas têm um único objetivo: conscientizar a todos da importância de hábitos corriqueiros de saúde e de medidas para prevenir ou buscar diagnóstico precoce de certas doenças, como o próprio câncer de mama.

Durante o workshop, voltado para representantes do terceiro setor e da sociedade civil, professores de desenho industrial e de outras esferas do universo acadêmico, foram apresentadas dez comunidades sustentáveis. Além das citadas, há a rede ecológica, que liga pequenos agricultores que cultivam produtos orgânicos a consumidores da Urca, Tijuca, Copacabana, Santa Teresa e Jacarepaguá; a central de serviços da Rocinha, associação de trabalhadores autônomos que oferece trabalhos nas áreas de construção civil, corte e costura, culinária e serviços gerais; creche mundo infantil, criada pelas mães da comunidade do Santa Marta para que seus filhos tenham onde ficar enquanto elas trabalham; Nusac, que promove atividades para ocupar jovens e cursos de geração de renda para mães em comunidades; e a biblioteca comunitária, organizada pelos moradores de Vila da Penha.

 LTDS

 
Em Água Santa, mulheres assistem palestra 
sobre prevenção de problemas de saúde
Para Marcos Lins Langenbach, também pesquisador do LTDS, o que chamou atenção foi a força de mobilização e organização popular e especialmente a solidariedade entre moradores de áreas mais pobres. “Mesmo vivendo situações difíceis e com pouquíssimos recursos, eles conseguem pensar o lugar em que moram e buscar meios de resolver os problemas locais. Em Água Santa, por exemplo, a consciência das mulheres que atuam no Núcleo Comunitário de Saúde é espantosa”, diz.

“Todas essas soluções surgiram espontaneamente entre a população. Além de identificá-las, nosso objetivo tem sido o de tornar possível o surgimento de projetos semelhantes em locais diferentes, estendendo essas saídas a um maior número de pessoas que vivem questões parecidas. E também pensamos formas de viabilizar e dar suporte ao crescimento das iniciativas já existentes, sem fugir à proposta inicial. Um primeiro passo nessa direção é a formação de uma rede que estabeleça um canal entre as comunidades criativas, além de lhes dar visibilidade e ampliar seu campo de possibilidades”, explica Beany.

A receptividade dessas comunidades aos pesquisadores, segundo Beany, tem sido boa. “Todos costumam nos receber bem. Para eles, é como se aquele esforço despendido passasse a ter reconhecimento. Os representantes de várias delas estiveram no seminário e participaram das discussões”, fala. Os resultados desses debates farão parte de um blog, com que os pesquisadores esperam ampliar a discussão. E principalmente multiplicar essas soluções criativas e alternativas para enfrentar os problemas da cidade.

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