O seu browser não suporta Javascript!
Você está em: Página Inicial > Comunicação > Arquivo de Notícias > Pesquisadora quer produzir CD e DVD para criar diálogo com índios
Publicado em: 09/11/2006
ATENÇÃO: Você está acessando o site antigo da FAPERJ, as informações contidas aqui podem estar desatualizadas. Acesse o novo site em www.faperj.br

Pesquisadora quer produzir CD e DVD para criar diálogo com índios

Para desenvolver sua pesquisa, Solange Padilha esteve várias vezes visitando as tribos indígenas da região do Alto XinguAo pesquisar duas coleções de objetos indígenas coletadas pelos irmãos Villas Boas, a antropóloga Solange Padilha levantou alguns questionamentos, que deram novo rumo ao seu trabalho. Agora, o contexto de seu trabalho se amplia com a proposta de um CD/DVD sobre essas coleções, a ser distribuído entre as lideranças do Alto Xingu pelo Museu do Índio. "Seria um processo de devolução virtual das coleções", diz a pesquisadora, que com isso espera contribuir para uma espécie de diálogo aberto com aqueles povos. Ter os índios como principais interlocutores, abre para ela a possibilidade de revitalização e democratização do conhecimento, promove uma atualização do passado.

"É uma forma do público tomar conhecimento de que esses povos não ficaram perdidos no passado, que as culturas que fizeram esses objetos continuam fazendo peças semelhantes ainda hoje", explica Solange, que desde 2005 tem uma bolsa de fixação de pesquisador pós-doutorado pela FAPERJ para desenvolver sua pesquisa sobre essas coleções do Alto Xingu. "Memórias e identidades nas coleções dos irmãos Villas Boas no Museu do Índio" tem orientação do professor José Ribamar Bessa Freire. Solange aposta na possibilidade de que alguns índios vários dos que tiveram contato com os irmãos Villas Boas ainda vivem queiram falar, dizer o que pensam, já que por sua experiência no Xingu, ela percebeu que eles têm grande preocupação com o destino das peças que saem das tribos e sobre as quais eles não têm mais controle.

A cerâmica waurá em forma de pássaro eo adorno plumário fazem parte das 219 peças coletadas pelos irmãos Villas Boas e servirão de base para um DVD


"Está na hora de as instituições abrirem a documentação que têm sobre essas sociedades à interpretação e fala dos próprios protagonistas. Também é importante que as pessoas que vão ao museu saibam o que esses índios têm a dizer, o que eles querem falar sobre sua história, sobre a história do contato com o branco no caso os indigenistas Villas Boas , sobre as coleções e sobre eles mesmos", diz a pesquisadora.

Os 219 objetos que formam este acervo foram recolhidos pelos irmãos Villas Boas e pelo etnólogo Pedro Lima em 1955, a pedido do antropólogo Darcy Ribeiro, que era o diretor do Museu do Índio à época. A idéia de Darcy era montar uma exposição que seria batizada Fronteiras da Civilização  um de seus vários projetos com esse nome, que inclui também o roteiro de um filme com patrocínio da Unesco e que mostraria as diferenças culturais a partir da aproximação da sociedade indígena com a civilização. "É evidente que a exposição teria esse mesmo eixo de relação entre barbárie x civilização. Mas não sabemos se essa exposição chegou a ser realizada", fala Solange, que atualmente procura outras referências sobre o assunto, consultando a correspondência de Darcy Ribeiro.

Além da documentação fotográfica das peças, feita com ajuda de uma câmera digital, Solange aprofundou-se nesses últimos dois anos em algumas questões teóricas que perpassavam a sua pesquisa: quais eram os conceitos do indigenismo que nortearam a coleta, em 1955; e como esses conceitos são visualizados nas peças. "Mais do que os valores estéticos dos objetos, a discussão sobre essas coleções levanta questões de identidade, memória social e representação a partir da experiência que aproximou a sociedade nacional e a indígena, a história antiga e recente do Alto Xingu. Se de um lado, as peças são expressões plásticas e gráficas de uma cultura material, dotadas de funcionalidade cultural e simbólica milenar, elas também exprimem projeções ideológicas e formulações antropológicas sobre a cultura do outro, a partir de significados filtrados e manipulados pela ótica ocidental", fala a pesquisadora.

A pesquisa busca o diálogo entre a cultura indígena e a nossa civilizaçãoTendo o trabalho de antropólogo James Clifford como referência, Solange procura questionar a neutralidade "científica", as relações de dominação implícitas, desde o momento da coleta de dados pelo antropólogo em campo à organização das exposições nos museus. "Clifford também aponta como indício dessas relações de dominação da nossa sociedade sobre os povos indígenas a ausência de referências,nas montagens das coleções, à história de como teriam sido aqueles primeiros contatos. O que, aliás, é uma constante nas exposições mundo afora", argumenta.

A partir dessas questões, e da metodologia visual, ela pensou seu segundo passo. E a proposta que lhe pareceu mais adequada foi a realização de um CD ou DVD: "Nesse momento, e nos próximos meses, a pesquisa entrou na fase de elaboração de um CD, ou DVD, sobre as coleções, partindo da documentação digital já elaborada.Quero transformá-la em um meio de comunicação com os agentes sociais indígenas de hoje", explica. E prossegue: "Se você abre espaço para representantes dessas culturas se manifestarem hoje sobre os mais diferentes aspectos de sua história, inclusive a do contato, torna-se possível enriquecer nossa visão de mundo, recuperar áreas nebulosas e esquecidas. Destinado aos grupos indígenas do Xingu, a idéia do CD é criar uma relação dinâmica com essas culturas. No processo de conhecimento, tudo é encadeamento, processo, não tem ponto final", conclui.

Compartilhar: Compartilhar no FaceBook Tweetar Email
  FAPERJ - Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro
Av. Erasmo Braga 118 - 6º andar - Centro - Rio de Janeiro - RJ - Cep: 20.020-000 - Tel: (21) 2333-2000 - Fax: (21) 2332-6611

Página Inicial | Mapa do site | Central de Atendimento | Créditos | Dúvidas frequentes