Desde seu surgimento no início do anos 90, a Rede Mundial de Computadores evolui em ritmo acelerado. A expansão da Rede Rio/FAPERJ é ilustrativa: em 14 anos, o número de instituições vinculadas passou de 10 para mais de 100, e sua velocidade de transmissão saltou de 64 kbits para 1 Gigabit por segundo. A evolução da Internet, porém, não foi acompanhada por estudos que permitissem compreender de forma acurada o comportamento do seu tráfego. Buscando superar essa limitação, Coppe/UFRJ e Rede Rio/FAPERJ lançaram, em 23 de maio, o Portal de Análise de Tráfego (IPTraf), com a palestra Caracterização de Tráfego Utilizando Classificação de Fluxos de Comunicação, de Guilherme Vilela e Luis Felipe de Moraes.
O portal pretende ser uma importante fonte de consulta sobre o tema para a comunidade científica e gerentes de rede. Lá o usuário encontra artigos, teses e documentos disponíveis, além da ferramenta IPTraf, que monitora a Rede Rio e disponibiliza dados e estatísticas sobre o tráfego em seu backbone IP (enlaces que interligam, por fibras óticas da Telemar, os principais pontos da Rede Rio – UFRJ, Fiocruz, PUC-Rio e CBPF – através dos quais as demais instituições da rede ganham acesso à Internet). O IPTraf é executado pela Coordenação Técnica da Rede Rio/FAPERJ, em conjunto com o Laboratório de Redes de Alta Velocidade (Ravel) da Coppe.
De acordo com Vilela, até pouco tempo atrás, a análise do comportamento do tráfego de rede não era uma preocupação, razão da atual escassez de estudos na área. “Hoje a Internet é tecnologicamente muito diversa tanto em infra-estrutura de rede como em protocolos e aplicações que a utilizam. Há tantos serviços diferenciados, como os de voz sobre IP e vídeo, que se tornou importante entender qual é o impacto que essas aplicações causam na rede e como é a interação desses fluxos para melhorar o desempenho da transmissão de dados”, explica o pesquisador.
Esses conhecimentos permitirão planejar as redes de acordo suas necessidades específicas. “Por exemplo, se uma determinada rede será formada basicamente por protocolos web e SMTP (que controla a maneira como o email é transportado), qual é a forma mais adequada de construí-la para que ela tenha a melhor performance?”, exemplifica Vilela. Futuramente, também será possível aos provedores cobrar de forma diferenciada pelo acesso a Internet em função das aplicações mais utilizadas pelo usuário. A caracterização e análise de tráfego também favorecem a segurança da rede, pois permitem detectar um fluxo malicioso.
A palestra foi resultado da tese de mestrado de Guilherme Vilela, sob a orientação de Luís Felipe de Moraes, professor do Programa de Sistemas e Computação da Coppe. Os resultados da pesquisa foram obtidos através de um estudo de caso na Rede Rio, que completou 14 anos no último dia 22 e cujos dados foram coletados a partir do roteador de borda do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF).
De posse dos dados, Vilela classificou fluxos de comunicação segundo seu tamanho, duração e taxa. Além de detectar quais são as aplicações mais utilizadas pela Rede Rio, o pesquisador pôde analisar a interação entre os fluxos. Luís Felipe de Moraes ressaltou que outros estudos estão sendo empreendidos a partir dos dados coletados, como o Visualizador de Ataques em Tempo Real. “Somos apenas uma ponta do iceberg numa área de pesquisa ainda incipiente. Por isso a importância de um canal de troca de informações como Portal IPTraf”, disse o professor.
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