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Publicado em: 11/11/2004
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Proteínas: 350 pesquisadores e dezenas de estudantes em Angra

Cerca de 350 pesquisadores do Brasil e do exterior assistiram, na abertura do 1 Congresso Latino-Americano da Protein Society, na segunda-feira, 8 de novembro, no Hotel do Frade (Angra dos Reis), à palestra de um dos mais renomados estudiosos em proteínas, o Nobel de Química 2002, Kurt Wüthrich, que descreveu seu método para determinar a estrutura das proteínas extraídas de membranas celulares. Na quarta-feira, dia 10, o diretor-científico da FAPERJ, Jerson Lima Silva, discorreu, em sessão que abordou as doenças causadas pelo príon, sobre o papel do ácido nucleíco na conversão de príons celulares em elemento patogênico. O Congresso, que reúne pesquisadores de várias partes do mundo e tem o apoio da FAPERJ, termina nesta sexta-feira, dia 12.

A conferência foi aberta pelo representante da Protein Society, Christopher Dobson, da Universidade de Cambridge e membro da Royal Society da Inglaterra. Ele falou sobre a importância da realização desste evento no Brasil, que graças ao Laboratório Nacional de Luz Síncronton (MCT/LNLS) – organizador do evento – possui hoje a melhor infra-estrutura de pesquisa, entre os países latino-americanos que hoje estudam proteínas.

O suíço Kurt Wüthrich expôs um histórico das pesquisas que permitiram a visualização das proteínas, a partir de ressonância magnética nuclear. Em seguida, ele mostrou o novo método que permitiu a observação das proteínas que fazem parte das membranas celulares. Este novo tipo de análise também permite usar a ressonância magnética nuclear em moléculas muito grandes, que antes não eram possíveis de serem observadas no equipamento. Através do processo, que utiliza detergentes especiais, o físico isola a proteína cercada por uma camada sintética semelhante à membrana celular, composta por lipídios (gordura), viabilizando a observação.

A nova técnica possibilita o estudo de proteínas antes intangíveis para os pesquisadores, especialmente aquelas responsáveis pela relação com o meio externo, como respostas hormonais causadoras de hipertensão ou outros distúrbios.

Na terça-feira à tarde, dia 9, uma mesa sobre o desenho de novas drogas orientou a atenção dos participantes para o campo de maior repercussão desses estudos junto à sociedade. Na coordenação da mesa esteve o professor Glaucius Oliva (USP), que vem estudando proteínas ligadas a doenças tropicais parasitológicas, como doença de Chagas e leishmaniose.

Na mesma sessão, esteve presente Tom Blundell, da Universidade de Cambridge, apontado por muitos cientistas como sério candidato a um Nobel. Ele é hoje a maior autoridade em drogas moleculares e sócio da empresa Astex, que prepara sigilosamente fármacos com base neste conhecimento. Em sua participação ele falou sobre suas pesquisas, baseadas na estrutura das proteínas relacionadas ao câncer, especificamente de mama, ovário e próstata.

 

Depois de integrar a mesa de abertura, o professor Jerson Lima Silva, um dos organizadores do evento, teve outras duas participações no congresso. Na primeira, como chairman de uma sessão destinada à discussão sobre a estrutura de vírus transmitidos por insetos, como o da dengue e o da febre amarela. O trabalho sobre a dengue foi apresentado pelo pesquisador Richard J. Kuhn, da Purdue University, dos Estados Unidos. Por causa dos surtos epidêmicos e a preocupação com o seu possível emprego em armas biológicas, a pesquisa deste grupo de vírus, denominado flavivírus, atrai hoje um grande interesse.

 

A segunda participação de Lima Silva aconteceu na quarta-feira, dia 10, quando o diretor-científico da FAPERJ fez, numa sessão sobre príons, apresentação sobre o papel de ácidos nucléicos na conversão do príon da forma celular para a forma patogênica. Esse trabalho, explicou Jerson Lima Silva, de alguma forma toca o cerne da teoria denominada ‘protein-only hypothesis’, defendida pelo professor Stanley Prusiner, ganhador de prêmio nobel. “O que nós temos mostrado é que há necessidade de outro fator, possivelmente, um RNA ou DNA, para catalisar a conversão da proteína ‘saudável’  na forma causadora da doença da vaca louca”, completou.

Em outro trabalho apresentado na mesma sessão, Monica Freitas, aluna no laboratório de Lima Silva na UFRJ, falou sobre técnicas de ressonância magnética nuclear para obtenção das estruturas de proteínas virais.

 

Sobre a importância da realização do evento no Brasil, Jerson Lima Silva lembrou que, todos os anos, uma conferência é realizada nos Estados Unidos e que, desde há cerca de 10 anos, a Europa também organiza, a cada dois anos, a sua própria conferência. “Ficou decidido que agora, depois dessa estréia latino-americana, a cada três anos um país da América Latina deverá sediar uma edição do evento”.

 

O professor do Instituto de Bioquímica Médica da UFRJ disse ainda que, em conversas com pesquisadores estrangeiros, pôde se certificar de que o evento está causando excelente impressão nos participantes. “Kurt Wüthrich me disse que estava impressionado com a pontualidade das sessões e a qualidade dos trabalhos. Ele afirmou ainda que não tinha dúvidas de que o setor de pesquisa no campo das proteínas cresceu muitíssimo no país”, disse Lima Silva.

 

De segunda-feira, 8 de novembro, data do início da conferência, até a manhã do dia 11, já haviam sido feitas mais de 200 apresentações em forma de painel, com a participação maciça de estudantes.

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