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Publicado em: 14/06/2017
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Equipamento inovador permite medir com precisão expansão da pele

Aline Salgado*

O medidor identifica o nível de pressão da pele,
 em milímetros de mercúrio (Foto: CTC/PUC-Rio)

Uma nova tecnologia vai auxiliar cirurgias plásticas reparadoras de queimaduras, traumas com perda de tecido e colocação de próteses de silicone. Expectativa dos médicos é reduzir dor e riscos de má cicatrização. O dispositivo inovador, desenvolvido no Departamento de Engenharia Mecânica do Centro Técnico Científico da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (CTC/PUC-Rio) permite medir a expansão da pele para a realização de procedimentos cirúrgicos. O equipamento, inédito na medicina e construído com tecnologia nacional, vai auxiliar médicos em cirurgias plásticas de reparação mamária, como a colocação de próteses de silicone, e de tecidos que sofreram queimaduras ou perdas em função de trauma. Ao precisar até aonde a pele é capaz de ser esticada, médicos e pesquisadores esperam reduzir a dor e o desconforto dos pacientes no pós-operatório, bem como os riscos de formação de estrias e má cicatrização do tecido.

A construção e idealização do projeto contaram com a coordenação da engenheira biomecânica responsável pelo Laboratório de Membranas e Biomembranas do CTC/PUC-Rio, Djenane Cordeiro Pamplona. Duas vezes “Cientista do Nosso Estado” pela FAPERJ, em 1999 e 2006, ela vem, desde 2004, reunindo esforços de alunos e pesquisadores parceiros para criar e aperfeiçoar o equipamento. Foi nesse ano que Djenane obteve o Auxílio à Pesquisa (APQ 1), programa de fomento à pesquisa da FAPERJ, para o estudo. Em meados de 2016, tendo recebido um novo impulso com a obtenção de verba do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o dispositivo ganhou o formato final – em boa medida graças ao talento do professor de Engenharia Mecânica do CTC/PUC-Rio Hans Ingo Weber, dos graduandos em Engenharia Mecânica José Santiago Neto e Raphael Pizzaia, e do doutorando Guilherme Rodrigues.

Pequeno, portátil e fácil de limpar, o equipamento funciona à bateria, com duração de até 24 horas, e conta com um chip, capaz de armazenar dados de até cinco pacientes de uma só vez. Data e hora do procedimento, identificação do indivíduo e nível de pressão da pele, medido em milímetros de mercúrio, são algumas das informações salvas pelo minicomputador. "A medicina ainda não conhece por completo as propriedades elásticas e viscoelásticas da pele. Isto é, até aonde é possível esticá-la e em quais partes do corpo ela é capaz de ceder mais e menos. Por meio desse aparelho, poderemos conhecer melhor as características da pele e diferenciá-la de acordo com a idade, raça e localização no corpo", afirma Djenane. 

O dispositivo é composto por uma pequena caixa e um tubo de material plástico, com duas ramificações. Na primeira, o médico aplica o soro fisiológico com o auxílio de uma seringa; na outra ramificação está o medidor, que vai calcular a pressão que o líquido exerce sobre o tubo em milímetro de mercúrio (mmHg). Essa pressão é a mesma que acometerá a pele. E, automaticamente, o equipamento salva os dados.   

O dispositivo foi testado, em sua fase experimental, em pacientes da clínica criada pelo médico e cirurgião plástico Ivo Pitanguy, localizada em Botafogo, e na 38º Enfermaria da Santa Casa de Misericórdia, no Centro do Rio. Mulheres, brancas, com idades entre 17 a 35 anos, que passaram por procedimentos de reparação da pele com queimadura, cicatrizes e marcas de nascença, foram o público-alvo do teste. Nessa primeira fase, a equipe já conseguiu coletar importantes dados sobre o comportamento da pele.

"Descobrimos que, nesse perfil de pacientes, a pele do couro cabeludo é mais resistente do que a pele do abdômen e da panturrilha", conta Djenane, que espera que mais cirurgiões plásticos utilizem o aparelho para fazer novas pesquisas. 

De acordo com a pesquisadora, o dispositivo deverá permitir a realização de diversos estudos, que visem conhecer melhor as características viscoelásticas da pele. Um deles seria descobrir o efeito da idade na constituição do tecido e avaliar se existe uma diferença significativa entre a pele de indivíduos brancos, negros, mulatos, orientais e índios. Sem falar das diferenças a respeito da localização do tecido no corpo. "Temos, ao todo, quatro equipamentos prontos e disponíveis aos pesquisadores interessados em estudar esse campo do conhecimento", frisa Djenane.

Medindo a pressão sobre o tecido mamário 

  A professora Djenane Pamplona e sua equipe
       (Foto: Divulgação CTC/PUC-Rio)

Um desses aparelhos está sendo usado em pacientes do Hospital Universitário Pedro Ernesto, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Hupe/Uerj). Sob a coordenação da médica cirurgiã plástica e pesquisadora Ana Cláudia Weck Roxo, o dispositivo vem sendo aplicado na medição do impacto que as próteses de silicone provocam sobre o tecido mamário.

Segundo Ana Cláudia, exames de ressonância magnética já mostram haver uma redução desse tecido em função da pressão que a prótese exerce. O que a pesquisadora busca agora é conhecer o grau de atrofia. "Há sete anos atuo na área de cirurgia plástica e colocação de próteses nas mamas. A análise do tecido mamário, por meio de exame de imagem, revelou essa redução no volume da mama. Muito além do edema da cirurgia, descobrimos que havia um impacto das próteses sobre o parênquima mamário (tecido localizado na região do tórax)", explica.

Até o fim do mês de junho, 10 pacientes já haviam sido submetidas a testes; e mais 30 deverão participar do experimento, com previsão de ser finalizado em 2017. Além da medição na cirurgia, as pacientes farão mais dois exames de imagem: o primeiro seis meses após o procedimento cirúrgico; o segundo, um ano depois. 

Por meio do aparelho, Ana Cláudia acredita que conseguirá saber, exatamente, a extensão da atrofia e, assim, melhor precisar a escolha das próteses junto às suas pacientes. "Saberemos exatamente quantos milímetros a prótese deverá ter para produzir visualmente o efeito desejado pela paciente", afirma a pesquisadora.

Que alterações a pele sofre com a expansão?

O uso do aparelho vem permitindo, ainda, a realização de outro estudo, conduzido pela médica e pesquisadora do Instituto Ivo Pitanguy, Mariana Cardoso Rocha. Sob a orientação dos cirurgiões plásticos Henrique Radwamski e Marcelo Oliveira, ela vem pesquisando, desde o fim de 2015, as alterações da pele submetida a procedimentos de expansão.

“Buscamos verificar como o tecido expandido se comporta mediante ao estímulo do expansor. Avaliaremos a pressão dentro do expansor, por meio do aparelho desenvolvido pela professora Djenane, e iremos correlacionar essas medidas com as alterações apresentadas no tecido expandido, a pele”, explica Mariana.

A pesquisa envolve desde a medição da expansão da pele no ato do procedimento cirúrgico, até a biópsia, isto é, o exame histopatológico do tecido em laboratório. No grupo de pacientes sob estudo, estão pessoas com queimadura, submetidas à reconstrução de mama ou que tiveram perda de tecido em função de algum tipo de trauma.

De acordo com Mariana, para que o estudo tenha uma maior relevância, está sendo avaliado o comportamento da pele em pacientes de variados perfis de idade, sexo e raça. “Estamos alocando as pessoas em grupos, para posterior estudo comparativo. Pretendemos realizar a avaliação em até 30 pacientes e finalizar a pesquisa até o segundo semestre de 2017", diz a pesquisadora. 

*Reportagem originalmente publicada em Rio Pesquisa, Ano X, Nº 36 (Setembro de 2016)

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