O seu browser não suporta Javascript!
Você está em: Página Inicial > Comunicação > Arquivo de Notícias > Estudo investiga o uso de novas terapias contra arritmias em diabéticos
Publicado em: 24/11/2016
ATENÇÃO: Você está acessando o site antigo da FAPERJ, as informações contidas aqui podem estar desatualizadas. Acesse o novo site em www.faperj.br

Estudo investiga o uso de novas terapias contra arritmias em diabéticos

Débora Motta*

O coordenador do estudo, Emiliano Medei (de paletó azul), e colaboradores
da pesquisa, no Instituto de Biofísica da UFRJ (Foto: Divulgação/Inbeb)

Mais um passo foi dado rumo ao desenvolvimento de novas terapias de combate a uma das complicações causadas pelo diabetes. Pesquisadores do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho/Centro Nacional de Biologia Estrutural e Bioimagem (Cenabio) e do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Ciência Estrutural e Bioimagem (Inbeb), investigaram por quais mecanismos o diabetes afeta o coração e testaram com sucesso o uso de duas promissoras drogas, que conseguiram reverter o processo inflamatório causado pela doença no sistema cardiovascular. O estudo, coordenado pelo professor Emiliano Medei, do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho e do Cenabio da UFRJ, é tema de um artigo publicado na edição de novembro da revista Nature Communications. O projeto de pesquisa teve o apoio da FAPERJ, pelos editais Jovem Cientista do Nosso Estado (JCNE), Apoio a Grupos Emergentes de Pesquisa no Estado do Rio de Janeiro e Apoio à Formação e Consolidação de Grupos de Pesquisa Multi-Institucionais e Interdisciplinares.

De acordo com o pesquisador, os problemas cardíacos originam 65% das mortes decorrentes do diabetes. “O distúrbio mais comum nesses casos é a taquicardia, que é uma desregulação no ritmo dos batimentos cardíacos. O aumento da glicose no sangue provoca uma inflamação específica, que afeta diretamente o coração”, explicou Emiliano Medei. “Pela primeira vez, conseguimos mostrar que a arritmia no diabetes está relacionada com um estágio de maior inflamação na circulação”, destacou Medei.

A chave para a pesquisa foi a observação de uma proteína inflamatória chamada IL-1beta. “A IL-1beta é uma proteína produzida pelos macrófagos, que são uma das células mais importantes do sistema imune. Observamos, nesse estudo, que ela causa alterações nos batimentos do coração, gerando arritmias”, detalha Medei. Para investigar esse processo, os pesquisadores provocaram diabetes em camundongos comuns e em mutantes incapazes de produzir a substância IL-1beta. Ambos tiveram aumentos semelhantes de glicose no sangue, porém apenas os que inflamavam normalmente tiveram a frequência cardíaca alterada. Além disso, os mutantes, que não produzem IL-1beta, sofrem muito menos arritmias, mesmo quando estão sob efeito de cafeína ou dobutamina, que promovem taquicardia. “Esse mecanismo da IL-1beta não era conhecido na literatura”, afirmou Medei.

Os pesquisadores encontraram uma grande quantidade de IL-1beta depositada no corpo e especialmente no coração dos camundongos diabéticos comuns. Observaram também que ela sozinha já altera as funções cardíacas, quando administrada em ratos saudáveis (sem diabetes), ou em células cardíacas humanas.

A boa notícia é que o grupo testou, com sucesso, duas drogas que inibem especificamente esse processo inflamatório: MCC-950 e anakinra. A primeira bloqueia a produção de IL-1beta, enquanto a segunda impede que ela atue nas células do corpo. A MCC-950 ainda não é comercializada para uso em seres humanos, mas a anakinra já é encontrada nas prateleiras das farmácias, utilizada em terapias padrão de pacientes com doenças como a artrite reumatoide. “Conseguimos inclusive reverter as alterações cardíacas de camundongos diabéticos com o uso dessas drogas”, contou Medei.

Vale ressaltar que a inflamação é uma importante ferramenta para combater infecções e que geralmente acaba quando o ‘intruso’ é eliminado. “No caso do diabetes, porém, não há infecção. A hiperglicemia persistente estimula o sistema imunológico a produzir uma inflamação constante, com grande produção de IL-1beta, que descobrimos ser o link entre as arritmias e o diabetes”, explica Medei. “No entanto, acredito que as novas ferramentas terapêuticas que propomos neste trabalho são muito promissoras e devem ser desenvolvidas a longo prazo”, ponderou.

Medei destaca que o apoio da FAPERJ foi importante para expandir os horizontes da pesquisa. “O presente trabalho teve um aporte importante de colaboradores estrangeiros. Isso foi possível pelos recursos obtidos através da bolsa JCNE, que me permitiu visitar e estreitar colaborações com o Dr. Fleischmann, da Universidade de Bonn, na Alemanha, logo após com a realização do I Simpósio Alemanha Brasil de Terapia Celular e Eletrofisiologia Cardíaca, realizado no Rio de Janeiro com suporte do programa Auxílio a Organização de Eventos Científicos (APQ 2), da FAPERJ. Ainda com recursos do APQ 2, tive oportunidade de convidar o professor Oscar Casis para I Encontro de Estudantes de Biofísica e consegui manter contato, visitando o laboratório dele na Universidad del Pais Vasco, na Espanha, utilizando recursos da bolsa JCNE. Finalmente, nos últimos anos, organizando o Congresso Brasileiro de Biofísica, que mais uma vez contou com recursos do APQ 2, convidamos o professor Martin Vila-Petroff da UNLP-Argentina, a quem tive a sorte de visitar, consolidando colaborações e utilizando recursos da bolsa JCNE. Sendo assim, só tenho a agradecer à FAPERJ pelas oportunidades que me tem dado e que hoje se refletem não somente em trabalhos científicos, mas também em formação de recursos humanos e atualização científica”, concluiu.

*Com informações de Marina Verjovsky, da Assessoria de Comunicação do Inbeb

Compartilhar: Compartilhar no FaceBook Tweetar Email
  FAPERJ - Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro
Av. Erasmo Braga 118 - 6º andar - Centro - Rio de Janeiro - RJ - Cep: 20.020-000 - Tel: (21) 2333-2000 - Fax: (21) 2332-6611

Página Inicial | Mapa do site | Central de Atendimento | Créditos | Dúvidas frequentes