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Publicado em: 13/06/2013
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Laboratórios da UFRJ herdarão equipamento adquirido para eventos esportivos

Vilma Homero

 Divulgação

           
          Nos vários laboratórios do Ladetec, técnicas avançadas 
        buscam soluções para questões de interesse da sociedade


Uma das perguntas mais frequentes que faz o carioca com a aproximação dos eventos esportivos que serão realizados no Rio de Janeiro, em 2014 e 2016, são os ganhos que ficarão para a cidade e seus moradores. Uma das respostas mais concretas vem do Laboratório de Controle de Dopagem (LabDop), do Instituto de Química, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IQ-UFRJ), que em breve passará a contar com equipamentos mais modernos, que serão adquiridos para efetivar o controle antidoping dos atletas que participarão da Copa do Mundo e das Olimpíadas. Mas se o trabalho do LabDop é o de maior visibilidade, é também apenas uma parte da atuação das várias equipes que compõem o Laboratório de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico
(Ladetec), do IQ-UFRJ. A partir da química analítica de moléculas orgânicas – utilizando, em especial, os métodos de cromatografia e de espectrometria de massas – cada um deles contribui para importantes questões do cotidiano da sociedade fluminense. Além do controle antidoping, faz parte da rotina das equipes detectar resíduos de hormônios ou de agrotóxicos em alimentos, descobrir erros inatos do metabolismo, como os que, sem tratamento, podem levar a doenças de sérias consequências, como o hipertiroidismo e as anemias falciformes, ou ainda acompanhar a evolução de certos tratamentos oncológicos.

Os nove laboratórios que integram o Ladetec atuam em diferentes vertentes: Laboratório de Controle de Dopagem (LabDop), Laboratório de Preparação de Colunas e Cromatografia (LPCC), Laboratório de Calibração (Lab Cal), Laboratório de Erros Inatos do Metabolismo (Labeim), Laboratório de Análise de Resíduos (Lab Res), Laboratório de Análise de Proteínas e Sangue (Laps), Laboratório de Geoquímica Orgânica Molecular e Ambiental (Lagoa) e Laboratório de Análises Geológicas e Químicas (Lagequim). "O Ladetec, hoje, seria uma espécie de holding. As técnicas empregadas em todos esses laboratórios estão em desenvolvimento contínuo e acelerado. Portanto, ao contrário da tendência em se classificar o serviço de análises como algo corriqueiro, simples e sem conteúdo científico, é preciso frisar que se trata de um trabalho que exige capacitação avançada e continuada da equipe. E um bom exemplo da ação direta do mundo acadêmico na solução de problemas que afligem a sociedade", afirma Francisco Radler de Aquino Neto, coordenador do Ladetec e do LabDop, e Cientista do Nosso Estado, da FAPERJ.

Para melhor exemplificar, ele cita o próprio controle do doping. "O LabDop analisa na urina e no sangue dos atletas todas as substâncias que possivelmente poderiam ser usadas para aumentar o desempenho esportivo. Como há centenas delas, o trabalho de detectá-las é de enorme complexidade." Isso abrange desde estimulantes que fazem parte de medicamentos triviais, como o isometepteno – que aumenta resistência física, estado de alerta e agressividade, e entra na composição de certos analgésicos –, até substâncias que ainda não chegaram ao mercado. "Características de algumas substâncias desenvolvidas como medicamento – ou seus efeitos colaterais – podem servir para ampliar o desempenho de atletas. Daí, a aproximação entre os laboratórios da indústria farmacêutica com aqueles que fazem controle do doping, para troca de informações", explica Radler.

Ele acrescenta que, hoje, essas substâncias ergogênicas são alvo da maior rede de fraudes estabelecida no mundo, maior até mesmo do que o mercado negro de drogas de abuso. "Na prática, isso significa indústrias de fundo de quintal produzindo substâncias para esse mercado. Muitas delas são resultado do desenvolvimento de medicamentos abandonados pela indústria farmacêutica justamente por seus efeitos colaterais", afirma. E acrescenta: "Tudo isso pode dar uma ideia da importância e enorme dificuldade de se dominar as técnicas mais atuais de análise orgânica molecular. Não por acaso, somos o único laboratório acreditado pela Agência Mundial Antidopagem no Brasil."

Divulgação
          
 No LabDop, são feitas análises de amostras de  
sangue e urina de atletas para controle de doping      
 
       
Os mesmos equipamentos e métodos de análise servem para outros propósitos. Um deles é auxiliar no diagnóstico de doenças e, principalmente, acompanhar terapias em clínica médica, em oncologia etc. Ou ainda para acompanhar o desenvolvimento de novos fármacos e a detecção de seus metabólitos, ou seja, o resultado de sua metabolização no organismo, conhecimento essencial para avaliar possíveis efeitos colaterais tóxicos. "Há muitos anos, trabalhamos, por exemplo, com medicamentos voltados para a eliminação de células de medula de pacientes que serão submetidos a transplante. Nesses casos, é preciso avaliar quais são as dosagens adequadas a cada paciente, já que cada pessoa metaboliza as substâncias de modo diferente", explica. Como são drogas muito tóxicas, se for um indivíduo cujo organismo tem excreção lenta, esse tempo maior em que a substância fica retida no corpo pode prejudicá-lo. No extremo oposto, num paciente com organismo de excreção muito rápida, isso pode significar que a substância não conseguirá matar as células cancerígenas, e como resultado, poderá haver recidiva.

Outros laboratórios também se ocupam de questões médicas, como o Labeim. Ali, amostras de sangue e urina de neonatos são analisadas para detectar possíveis erros inatos do metabolismo, ou seja, erros genéticos. "Esses erros estão presentes em 1 de cada 1.000 nascimentos e podem provocar problemas gravíssimos, como a síndrome de Down e mais outras 500 doenças conhecidas. O Labeim atende à demanda de mais de 50 hospitais e clínicas do Rio de Janeiro e outros estados, realizando, entre outras análises para doenças específicas, o teste do pezinho.", fala Radler.

No teste do pezinho, são detectadas as cinco mais frequentes, como hipertireoidismo, anemias falciformes, deficiência de biotinidase, fibrose cística e fenilcetonúria. "Como a população brasileira é muito miscigenada, isso faz com que haja maior diversidade de doenças genéticas. Portanto, nossa proposta é ampliar o painel de análises para abranger outros problemas genéticos." Como, ao longo dos anos, o Labeim se tornou uma referência, é procurado por boa parte dos hospitais da rede pública fluminense. "A questão é que até agora isso tem sido por iniciativa de cada médico, que nos procura pela qualidade do nosso trabalho e anos de experiência. Mas o mais adequado seria criar mecanismos para facilitar essa rotina, fazendo com que, a partir dos hospitais da rede pública, esse encaminhamento para triagem fosse feito automaticamente." Com os novos equipamentos e uma iniciativa nesse sentido, este certamente será um legado da maior importância para a cidade, uma vez que o diagnóstico precoce dessas doenças significa um ganho enorme para a população "Muitas dessas doenças, detectadas precocemente têm tratamento. Sem o diagnóstico, significa termos cidadãos desenvolvendo doenças graves desnecessariamente. E só cinco laboratórios no Brasil fazem esse tipo de trabalho", pondera Radler.

No caso do Laboratório de Análise de Resíduos (Lab Res), o trabalho também está próximo do cotidiano da população. Ele analisa se há resíduos de fármacos e de defensivos agrícolas – anabolizantes, antibióticos e outros – nos rebanhos brasileiros. Para isso avalia em tecidos animais (picanha, peito de frango, camarão etc.) se ainda há presença de quantidades, ainda que ínfimas, dessas substâncias, que poderiam afetar os consumidores. "Isso tem a maior importância na preservação da saúde dos consumidores. E também é uma questão econômica, pois a ausência de um controle mais rigoroso tem sido usada para impor barreiras à exportação da nossa carne, o que representa uma parte importantíssima da balança comercial brasileira", analisa Radler.

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       Francisco Radler coordena o Ladetec
Pioneiro na introdução da cromatografia gasosa de alta resolução no país em 1982, o LPCC continua contribuindo para avanços e aplicações nessa técnica essencial para caracterização de combustíveis, fragrâncias, produtos naturais, alimentos e bebidas. Enquanto isso, o Lagoa e o Lagequim atuam fortemente na química ambiental – tanto externa quanto interna –, seja na caracterização de petróleo e outros materiais fósseis, ou alternativos, como biodiesel. Com 30 anos de experiência na prospecção geoquímica de petróleo, o Lagoa e mais recentemente o Lagequim analisam as moléculas presentes em óleos e rochas para saber onde estão localizados os reservatórios, descrever a evolução e o comportamento de determinada bacia sedimentar, e a partir daí auxiliar os geólogos a compreender as características de cada possível campo de exploração e assim definir os locais mais adequados à perfuração. "Temos colaborado com a Petrobras, na área de prospecção geoquímica, ajudando a orientar as formas de exploração."

No caso do Lagoa, que introduziu a ciência ambiental interna no Brasil em 1992, tanto faz a parte ambiental mais clássica, para analisar os vários tipos de contaminação e seu impacto, seja atmosférica, seja de corpos dágua, do solo ou da atmosfera, como auxiliou a Anvisa no estabelecimento de regulamentos da qualidade de ambientes internos. "Essa é uma vertente recente, entender que o meio ambiente no interior das edificações é diferente do externo. Hoje, passamos de 80% a 85% do tempo em ambientes internos, o que tem impacto sobre nosso dia a dia. O ar interno é mais contaminado que o externo, e essa contaminação acontece de forma crônica, não aguda, o que muitas vezes dificulta definir sua origem, estabelecer uma relação de causa e efeito", explica Radler.

Os estudos do laboratório são no sentido de desenvolver marcadores desses efeitos à saúde. "Os materiais dos ambientes internos, como laminados e carpetes, emitem moléculas para o ambiente, o que é acentuado pelo confinamento do ar, na atmosfera criada pelos aparelhos de ar-condicionado. Poeira, micro-organismos, tudo isso cria uma carga molecular fantástica, afetando a população de três formas diretas: respiratória, dermatológica e ocular", fala Radler. Se o meio industrial já tem regulamentação dos níveis de exposição dos operários, ainda não há nada para os escritórios, shoppings, por exemplo. Que é o que o laboratório ajudará a definir. "Por tudo isso, no que diz respeito ao Ladetec, o legado para a cidade do Rio de Janeiro e sua população será indiscutível."

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