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UFRJ cria Laboratório de Teatro de Animação
Elena Mandarim
Juliana Ribeiro/UFRJ |
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Entre as lendas africanas de Anansi, homem-aranha é um dos temas do teatro de sombras do Laboratório de Teatro de Animação |
Ao ouvir a descrição de um personagem metade homem, metade aranha, a maioria das pessoas imediatamente pensaria na imagem do super-herói americano. Porém, na cultura
ashanti, da África Ocidental, há um homem-aranha bem diferente. Herói civilizador capaz de disputar com os deuses para obter a posse de todas as histórias do mundo, trazendo o conhecimento aos seres humanos, Ananse, como é chamado, faz a comunicação entre a terra e os céus. Ele pode assumir múltiplas formas e oscila entre a esperteza e a verdadeira sabedoria. Suas histórias, que falam de valores éticos, são alguns dos contos apresentados pelo teatro de sombras do Laboratório de Teatro de Animação (Lata), da Escola de Belas Artes, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), sob a coordenação do professor Gilson Moraes Motta. Contemplado no programa de
Auxílio à Pesquisa (APQ 1), da FAPERJ, ele usou os recursos para a aquisição de materiais e equipamentos destinados a dar suporte técnico às apresentações cênicas realizadas no Lata. "O que era antes uma disciplina voltada para a confecção de bonecos, tornou-se agora uma atividade mais complexa, onde os alunos aprendem a base teórica e prática do teatro de formas animadas. Ou seja, os estudantes aprendem como fazer uma cena, como adaptar uma história à dramaturgia, como devem projetar os personagens e ainda como o ator-manipulador deve atuar para que o foco esteja no objeto manipulado", explica Motta. O projeto, que acaba de ser contemplado novamente no APQ1, atenderá aos alunos de várias disciplinas do curso de Artes Cênicas e de outros cursos da Escola Belas Artes.
O teatro de animação é bem mais do que simplesmente atuar com bonecos. O que quer dizer que compreende os espetáculos de manipulação, em suas mais variadas técnicas e tipos, como, por exemplo, teatro de sombras, teatro de objetos, marionetes, bonecos de manipulação direta e bonecos de luvas. Segundo Motta,o teatro de animação é um dos mais significativos setores da produção teatral contemporânea, sendo uma forma teatral que pode ser voltada tanto para o público infantil, quanto para o adulto. "No ano de implementação do projeto, em 2012, as atividades do primeiro semestre foram dedicadas à técnica do teatro de objetos. Na fase prática, os alunos se agruparam, em duplas ou trios, e criaram cenas a partir da manipulação de objetos diversos, como bules, garrafas, rolos de papelão, sacolas plásticas, abridores de lata etc", conta o pesquisador.
Já o segundo semestre foi dedicado ao teatro de sombras. A técnica, segundo Motta, permite uma maior exploração dos elementos plástico-visuais, assim como envolve uma confecção mais aprimorada dos bonecos. Considerando que uma das principais dificuldades dos alunos era o desenvolvimento da dramaturgia, optou-se por trabalhar com um texto de referência: as lendas de Ansanse. "No processo de criação teatral, todos os alunos se envolveram nas funções de adaptação dramatúrgica do conto para a cena, na criação do estilo visual da montagem, na confecção dos bonecos, na concepção dos cenários e, evidentemente, na manipulação das luzes e sombras."
Encontro de teatro de formas animadas
Juliana Ribeiro/UFRJ |
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Gilson Motta explica a seus alunos do Lata algumas técnicas de projeção e luzes usadas no teatro de sombras
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Entre 3 e 5 de junho de 2013 quando for realizado o evento Objetos em Performance: Encontro Nacional de Teatro de Formas Animadas, na Escola de Belas Artes da UFRJ, o pessoal do laboratório estará presente. O evento, que reúne profissionais e estudantes, artistas e pesquisadores dessa área, possibilita discussões e troca de experiências sobre os rumos do teatro de formas animadas e suas técnicas no cenário cultural contemporâneo, enfatizando principalmente a questão de sua inter-relação com as outras artes, como a performance, o vídeo, as artes visuais e a dança.
Para o encontro, que também recebeu recursos do programa de
Apoio a Organização de Eventos (APQ 2), da FAPERJ, foram convidados profissionais de grande experiência como os pesquisadores Ana Maria Amaral, da Universidade de São Paulo (USP), Valmor Beltrame, da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), Izabela Brochado, da Universidade de Brasília (UNB), Susanita Freire, da Union Internationale de la Marionnette (Unima), Miguel Vellinho, do Teatro de Animação PeQuod, do Rio de Janeiro. O evento, portanto, contará com palestras e mesas-redondas de artistas e pesquisadores nacionais. Haverá ainda exposições e mostras de vídeo e apresentações de espetáculos produzidos pela Escola de Belas Artes da UFRJ, pelo Lata.