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Publicado em: 18/04/2013
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Bloqueio da produção de óxido nítrico aumenta sobrevida de aves com malária

Vinicius Zepeda

Divulgação/Uenf 

             
          Pintinhos na caixa antes de serem infectados
          com
Plasmodium gallinaceum para a pesquisa
 

Segundo dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), o Brasil é o maior exportador de frango do mundo, respondendo por um terço da produção mundial – o equivalente a mais de 1,5 milhão de toneladas por ano. Apesar disso, em termos de pesquisas, há poucos estudos sobre a biologia de frangos no país, bem como sobre imunologia e doenças infecciosas, ou trabalhos que relacionem a conversão de ração consumida em ganho de peso e produção de ovos. Na contramão dessa tendência, o biólogo Renato Augusto DaMatta, professor da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf) e Cientista do Nosso Estado, da FAPERJ, procura preencher o pouco conhecimento que existe no setor. Para isso, ele e uma equipe de pesquisadores da Uenf e da Universidade Federal do Pará (UFPA) vem realizando estudos sobre a malária aviária em frangos, procurando entender melhor o papel do óxido nítrico (NO) na doença.

Segundo DaMatta, existem poucos estudos sobre malária aviária no país, e os que existem, em sua maioria, foram feitos principalmente sobre o parasito Plasmodium gallinaceum como modelo experimental. "Entretanto, não há relatos de infecção de frangos por este parasito no Brasil. De origem asiática – a mesma dos frangos –, esse parasito não se espalhou pelo mundo, como as galinhas", explica. No Brasil, vários relatos apontam a existência do parasito P. juxtanuclear, em galinhas criadas no ambiente rural. "Apesar de não ser grande causa de mortalidade entre as aves, contribui para reduzir a produção de ovos e o ganho de peso do animal. Isso acaba reduzindo o valor de mercado dos frangos brasileiros", destaca.

DaMatta explica que galinhas infectadas pelo parasito da malária aviária passam a produzir grandes quantidades de óxido nítrico. Nesse ponto, o pesquisador abre um parênteses para explicar sobre o óxido nítrico. "Normalmente, ele tem várias funções no organismo, seja nos animais, seja nos humanos." Segundo o pesquisador, ele basicamente serve como neurotransmissor, promovendo a comunicação entre células em todos os tecidos. Um exemplo em humanos é o controle da ereção peniana. "Quando o sinal nervoso chega ao pênis, uma das alterações que provoca é que o endotélio dos capilares do órgão genital produz óxido nítrico, que se difunde pelas células vizinhas", afirma. O pesquisador acrescenta que o NO também é produzido em grande escala nos macrófagos – células do sistema imunológico que atacam elementos estranhos ao corpo, na chamada fagocitose.

"No caso das aves infectadas, esse aumento da produção de NO pelos macrófagos em vários tecidos é uma resposta das defesas do organismo do animal para o controle do protozoário. Mas esse processo pode também induzir a um excesso de produção de óxido nítrico, o que altera vários mecanismos celulares de comunicação do organismo, podendo levar o animal ao óbito. Possivelmente, esse excesso de óxido nítrico também eleva a vasodilatação do sistema circulatório, o que pode alterar parâmetros fisiológicos das aves", explica.

No experimento da equipe da Uenf e UFPA, utilizou-se o composto aminoguandina para inibir o excesso de produção de NO nas galinhas infectadas. "O estudo sugere que o bloqueio de NO pode, da mesma forma, amenizar a malária humana. No entanto, ainda serão necessários novos estudos para que essa hipótese seja comprovada", complementa.

Divulgação/Uenf 
       

DaMatta: "Setores público e privado deveriam
apoiar estudos sobre imunologia de
 frangos"  


Para DaMatta, é importante que órgãos governamentais, de fomento à pesquisa e empresas privadas incentivem mais estudos no setor. "Doenças em galinhas afetam os ganhos econômicos dos exportadores, portanto, estudos imunológicos de aves e a seleção de animais produtivos, com sistema imunológico robusto, são áreas em que deveríamos estar atuando intensamente", explica. Ele também destaca o apoio da FAPERJ como fundamental para o desenvolvimento de seus trabalhos. "Graças aos investimentos contínuos da Fundação em nosso laboratório podemos continuar desenvolvendo pesquisas e capacitando novos pesquisadores", afirma. Os resultados descritos no estudo foram apresentados na revista científica de maior impacto  na área de veterinária do mundo: a Veterinary Research. E o artigo tem sido um dos mais acessado da revista.

Além da FAPERJ, o estudo também contou com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Fundação de Amparo à Pesquisa do Pará (Fapespa) e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O artigo também é assinado pelos professores Eulógio Carlos Queiroz de Carvalho e Antônio Peixoto Albernaz, do Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias (CCTA) da Uenf; além dos professores Barbarella Matos de Macchi e José Luiz Martins do Nascimento (ambos da UFPA) e os alunos Farlen José Bebber (pós-graduação) e Fernanda Silva de Souza (iniciação científica), ambos do LBCT.



Para ler a íntegra o artigo escrito pelos pesquisadores acesse: http://www.veterinaryresearch.org/content/44/1/8

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