Vinicius Zepeda
Divulgação/Uenf |
Pintinhos na caixa antes de serem infectados com Plasmodium gallinaceum para a pesquisa |
Segundo dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), o Brasil é o maior exportador de frango do mundo, respondendo por um terço da produção mundial – o equivalente a mais de 1,5 milhão de toneladas por ano. Apesar disso, em termos de pesquisas, há poucos estudos sobre a biologia de frangos no país, bem como sobre imunologia e doenças infecciosas, ou trabalhos que relacionem a conversão de ração consumida em ganho de peso e produção de ovos. Na contramão dessa tendência, o biólogo Renato Augusto DaMatta, professor da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf) e Cientista do Nosso Estado, da FAPERJ, procura preencher o pouco conhecimento que existe no setor. Para isso, ele e uma equipe de pesquisadores da Uenf e da Universidade Federal do Pará (UFPA) vem realizando estudos sobre a malária aviária em frangos, procurando entender melhor o papel do óxido nítrico (NO) na doença.
Segundo DaMatta, existem poucos estudos sobre malária aviária no país, e os que existem, em sua maioria, foram feitos principalmente sobre o parasito Plasmodium gallinaceum como modelo experimental. "Entretanto, não há relatos de infecção de frangos por este parasito no Brasil. De origem asiática – a mesma dos frangos –, esse parasito não se espalhou pelo mundo, como as galinhas", explica. No Brasil, vários relatos apontam a existência do parasito P. juxtanuclear, em galinhas criadas no ambiente rural. "Apesar de não ser grande causa de mortalidade entre as aves, contribui para reduzir a produção de ovos e o ganho de peso do animal. Isso acaba reduzindo o valor de mercado dos frangos brasileiros", destaca.
DaMatta explica que galinhas infectadas pelo parasito da malária aviária passam a produzir grandes quantidades de óxido nítrico. Nesse ponto, o pesquisador abre um parênteses para explicar sobre o óxido nítrico. "Normalmente, ele tem várias funções no organismo, seja nos animais, seja nos humanos." Segundo o pesquisador, ele basicamente serve como neurotransmissor, promovendo a comunicação entre células em todos os tecidos. Um exemplo em humanos é o controle da ereção peniana. "Quando o sinal nervoso chega ao pênis, uma das alterações que provoca é que o endotélio dos capilares do órgão genital produz óxido nítrico, que se difunde pelas células vizinhas", afirma. O pesquisador acrescenta que o NO também é produzido em grande escala nos macrófagos – células do sistema imunológico que atacam elementos estranhos ao corpo, na chamada fagocitose.
"No caso das aves infectadas, esse aumento da produção de NO pelos macrófagos em vários tecidos é uma resposta das defesas do organismo do animal para o controle do protozoário. Mas esse processo pode também induzir a um excesso de produção de óxido nítrico, o que altera vários mecanismos celulares de comunicação do organismo, podendo levar o animal ao óbito. Possivelmente, esse excesso de óxido nítrico também eleva a vasodilatação do sistema circulatório, o que pode alterar parâmetros fisiológicos das aves", explica.
No experimento da equipe da Uenf e UFPA, utilizou-se o composto aminoguandina para inibir o excesso de produção de NO nas galinhas infectadas. "O estudo sugere que o bloqueio de NO pode, da mesma forma, amenizar a malária humana. No entanto, ainda serão necessários novos estudos para que essa hipótese seja comprovada", complementa.
Divulgação/Uenf |
DaMatta: "Setores público e privado deveriam |
Para ler a íntegra o artigo escrito pelos pesquisadores acesse: http://www.veterinaryresearch.org/content/44/1/8
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