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Publicado em: 02/12/2010
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Videocirurgia: bom para humanos e para animais

Vilma Homero

 

 Divulgação / Uenf

 

    Com a videocirurgia, é possível se realizar biópsias de 
           órgãos, como o fígado, também em animais   

 

Procedimentos cirúrgicos sobre o intestino costumam ser demoradas e o risco de problemas no pós-operatório está sempre presente, seja em pacientes humanos ou em animais. Na rota inversa dos procedimentos clínicos, o veterinário André Lacerda, da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf) e o cirurgião Ricardo Zorron, professor da Faculdade de Medicina de Teresópolis, do Centro Universitário da Serra dos “rgãos (Unifeso) estão lançando mão de uma técnica amplamente usada na medicina, a videocirurgia, para efetuar operações em cães, porcos e ovelhas. Em vez de incisões, eles usam como acesso os orifícios naturais do corpo. Pacientes humanos também saem ganhando: ao adaptar técnicas já consolidadas para novos usos – e testadas com sucesso nos procedimentos com animais – os dois especialistas também inovaram para o tratamento de pacientes humanos. Com recursos do edital de Apoio a Universidades Estaduais, da FAPERJ, eles desenvolveram um método pioneiro para operar tumores de cólon e de reto, por via transretal. Os resultados têm sido tão promissores que já há empresas no exterior, interessadas em produzir o equipamento criado pela dupla.

 

Os tumores de intestino tanto são frequentes em humanos quanto em animais. Motivo para que o órgão fosse um dos primeiros alvos do método de Lacerda e Zorron, que procuraram usar a videocirurgia em animais, mas visando operações que ainda não haviam sido feitas em humanos. “Primeiro fizemos estudos com suínos, animais com organismo bastante semelhante ao dos humanos. Para isso, usamos um equipamento de endoscopia, mais flexível do que o laparoscópio, e não precisamos fazer nenhuma incisão no abdômen, já que o acesso do aparelho foi por via retal”, explica Zorron. Para essa aplicação, o endoscópio passou por uma série de adaptações. Foi integrado a um tubo de calibre suficiente para dar passagem aos instrumentos, mas flexível o bastante para passar pelas dobras do intestino. Integrado ao kit, ele compõe o protótipo, cuja patente está sendo adquirida por uma empresa alemã. Empresas brasileiras também já demonstraram interesse em produzir o kit.

 

“Depois de cortar a parte lesionada, estamos estudando as melhores formas de fazer a ligação das partes do intestino grosso. Procuramos evitar o grampeamento, mas para isso, estamos desenvolvendo suturas mais adequadas a esse tipo de procedimento”, diz o cirurgião. Dessa forma, eles melhoraram de forma significativa o pós-operatório, que se tornou bem mais rápido e sem dores. Os resultados foram tão animadores que o cirurgião passou a aplicar a mesma técnica em seus pacientes do Hospital Miguel Couto, onde é chefe da Unidade Cirúrgica. “São pacientes com poucos recursos financeiros que estão aproveitando essas técnicas pioneiras”, compara.

 

A parceria dos dois especialistas vem rendendo novos frutos. Eles vêm ampliando as aplicações da técnica e empregando o kit para outros tipos de procedimentos cirúrgicos. Uma delas é a de redução de estômago para obesos mórbidos. “Em geral, a incisão na redução tradicional provoca hérnia pós-operatória em cerca de 30% dos pacientes”, explica o cirurgião. Para evitar problemas como esse, eles procedem à operação com acesso por via vaginal, no caso de mulheres, ou via anal, para os homens. “O acesso oral apresenta problemas já que o esôfago é fino e sempre há o risco de um rompimento com a passagem do equipamento. Por isso, também nesse caso, em vez do laparoscópio, usamos um endoscópio adaptado”, conta Zorron.  

 

O equipamento pode ser empregado ainda para remoção de cálculos da vesícula, com abordagem pela vagina, em mulheres. “Fizemos estudos da casuística humana em 2006 e no ano seguinte realizamos a primeira experiência em animais. Da mesma forma, observamos que as possibilidades de complicação no pós-operatório eram bem menores, com redução significativa da dor. Como não há incisão, reduzimos também a possibilidade de infecções e a formação de hérnia, que costuma ser relativamente comum nesses casos”, explica. Zorron acrescenta ainda que um paciente operado por esse método costuma estar liberado para atividade física depois de 48 horas.

 

“Também queremos ampliar e consolidar o uso desses equipamentos em veterinária, campo em que a videocirurgia ainda se mostra restrita”, fala André Lacerda. Assim, além das operações mais frequentes, como castração e cirurgias intestinais, os pesquisadores também estão operando pelo mesmo método casos de tumores, afecções e obstruções intestinais, em neoplasias, assim como na remoção do baço, da vesícula ou do rim. “Também estamos nos servindo da técnica para certos tipos de diagnóstico, como a laparoscopia exploratória, ou mesmo de modo terapêutico”, diz Lacerda.

 

Ele frisa que, em teoria, qualquer operação que seja “aberta”, ou seja, chegando-se ao campo operatório por meio de incisão, também se pode realizar por videocirurgia. “Queremos encurtar o lapso dessa distância e passar a empregar a técnica em todos os procedimentos em que ela ainda não é feita”, frisa Lacerda. Consolidada na veterinária, ela termina também proporcionando aos animais um tratamento de patamar similar ao da medicina e, a partir daí, novas técnicas para uso humano. “Com isso, também estamos consolidando nosso grupo de pesquisa e transformando nosso laboratório na universidade em referência nessa área, um campo em que estamos sendo pioneiros”, conclui Lacerda. 

 

 

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