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Publicado em: 25/11/2010
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Passado e futuro da divulgação científica no Brasil

Elena Mandarim

 

 Divulgação
 
    Site reproduz texto e imagens publicadas em peridódico do séc. XIX
"Não é de hoje que a divulgação da ciência está em pauta." A afirmação parte de Moema de Rezende Vergara, professora da pós-graduação em Museologia e Patrimônio da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio/Mast) e pesquisadora do Museu de Astronomia e Ciências Afins (Mast). Em seu estudo, ela observou que a preocupação com o conhecimento científico fazia parte da mentalidade do século XIX, que via na ciência o sinônimo mais preciso de progresso. Em meio a diversos periódicos, ela selecionou O Vulgarisador: jornal dos conhecimentos úteis. A pesquisa, desenvolvida com recursos do edital de Apoio às Humanidades, da FAPERJ, se tornou, recentemente, um hotsite dentro do site do Mast (http://www.mast.br/ovulgarisador/index.php), onde quem quiser pode ler alguns dos artigos publicados no periódico. "A criação da página virtual reforça a ideologia da divulgação da ciência. Lá, são apresentados os conhecimentos adquiridos na pesquisa, em linguagem acessível a todo tipo de público que se interesse pelo tema", diz Moema.

De acordo com a pesquisadora, as 38 edições da publicação foram analisadas e as gravuras foram reunidas em grupos temáticos, como: os Estados Unidos, enquanto modelo de nação moderna; a botânica, uma das disciplinas que mais despertava interesse nos leitores; e os objetos de ciência e da tecnologia. "Cada tema terá sua imagem-chave, que abrirá para o conteúdo da pesquisa, com apresentações e interpretações históricas. No site, está disponibilizada também a versão digitalizada do jornal, tal como se encontra na Biblioteca Nacional."

Moema esclarece que, no século XIX, a ciência era entendida como “um bem para a humanidade”. As publicações da época, portanto, assumiram a missão de difundi-la para a população, com o objetivo de formar uma cultura científica, de incluir novos termos no vocabulário cotidiano ou na literatura e de dar suporte a desenvolvimentos econômicos e sociais. Jornais e revistas que divulgavam ciência se caracterizavam basicamente por três elementos: levar conhecimento a todos os públicos, ensinar e divertir ao mesmo tempo, utilizando uma linguagem que não fatigasse o leitor.

 

Diferenciais da publicação

 

 Divulgação
 

Entre os objetos que aparecem no O Vulgarisador,
os fogões considerados modernos no século XIX   

Para a pesquisadora, O Vulgarisador é uma rica fonte para a compreensão do público de ciência do século XIX. E o fato de ser uma publicação praticamente desconhecida faz o estudo apresentar análises inéditas. “O conteúdo disponibilizado no site é uma boa e nova fonte para futuras pesquisas”, diz. Moema conta ainda que a pertinência do nome do jornal é outra característica interessante. “Naquela época, se entendia por vulgarização o esforço de levar ciência e termos técnicos aos leigos.”

 

A partir de sua pesquisa, Moema afirma que particularmente O Vulgarisador reconhecia a importância das imagens como atrativos lúdicos para os leitores e, por isso, cada edição trazia uma ou mais gravuras. “Essa foi uma das características que me fez optar por ele”, declara a pesquisadora, ressaltando que, diferente de outras publicações que circularam na época, como a Revista Ilustrada, a Revista Brasileira e o Almanack Leammert, O Vulgarisador trazia recursos visuais rústicos e de pouca definição. “Parecia artesanal, o que reforça a ideia de missão por parte do editor”, destaca.  

 

Moema conta que o editor era o português Augusto Emílio Zaluar (1825-1882), o primeiro escritor de ficção científica do Brasil. “Zaluar chegou a cursar a Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa e veio para o Brasil em 1849, quando então viveu de seus trabalhos literários e jornalísticos, conseguindo alcançar grande popularidade”, conta. Outro diferencial, segundo a pesquisadora, é a presença constante de crônicas escritas por literatos expoentes da época, como José Alencar. "A ciência também estava presente na literatura daquele momento“, diz.

 

Segundo a pesquisadora, narrar a história da divulgação da ciência a partir de imagens ainda é algo pouco explorado no Brasil. Ela conta que, no século XIX, a circulação de imagens entre os periódicos era intensa e nem sempre fazia referência às fontes de origem. “No site poderão ser vistos alguns casos em que conseguimos rastrear a origem da gravura publicada no jornal”, conta.

 

Se por um lado o site traz os resultados da pesquisa, por outro exerce, em sua própria essência, a função de divulgação científica. Moema espera que sua iniciativa sirva para motivar outros pesquisadores. “Esperamos sensibilizar nossos pares a publicarem seus trabalhos na rede, de forma acessível a todo tipo de público”, conclui. Essa atitude ajudaria a consolidar o futuro da divulgação da ciência, em seus diversos campos. Resta saber se os demais pesquisadores estão dispostos a seguir os passos da professora Moema.

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