A dificuldade de se transformar conhecimento científico em atividade produtiva e a busca por cooperação sul-americana em ciência, tecnologia e inovação foram discutidas nesta segunda e terça-feira no seminário Mercosul – Ciência, Tecnologia e Inovação, no auditório do BNDES, no Rio de Janeiro. Estiveram presentes autoridades da área e pesquisadores do Brasil, Argentina, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela.
O ministro da C&T, Roberto Amaral, destacou o papel estratégico do Mercosul e sugeriu a criação de um Mercado Comum da Ciência da Pesquisa e do Conhecimento, através do lançamento de editais comuns para projetos de pesquisa de países do Mercosul e do intercâmbio de pesquisadores, sobretudo através da internet. O ministro defendeu o debate sobre fontes e mecanismos de investimento que apóiem a formação de pesquisadores e propôs ainda a implementação da Escola Mercosul para Sociedade da Informação, para combater o analfabetismo digital.
De acordo com Amaral, o Brasil e a Argentina já fizeram um pedido conjunto de empréstimo ao BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento). Cada país entraria com uma contrapartida de US$ 15 milhões que, somados aos US$ 70 pedidos, totalizariam US$ 100 milhões divididos igualmente aos dois países. Brasil e Argentina teriam liberdade para decidir onde investir os recursos obedecendo, porém, uma pauta comum.
Ele propôs que o governo brasileiro troque o pagamento dos juros da dívida externa por investimentos em educação, ciência, pesquisa e inovação. O Programa Brasileiro-Argentino de Cooperação em C&T contempla oito áreas de interesse comum: genômica, proteômica, espaço, novos materiais, competitividade agro-industrial, tecnologias da informação, conformação de redes de pesquisa e de pesquisadores, projetos de incubadoras, parques tecnológicos e projetos de pesquisa na área da saúde.
O presidente do BNDES, Carlos Lessa, falou sobre a precariedade da transmissão de conhecimento no país: “Sabemos produzir conhecimento com dinheiro, mas não conseguimos produzir dinheiro com conhecimento". Ele defendeu a criação de uma rede que permita ao Brasil e aos países vizinhos transpor o conhecimento produzido em cada um deles em produtos e processos, e ofereceu o apoio do BNDES para este fim.
O secretário de estado de Ciência, Tecnologia e Inovação, Fernando Peregrino, disse que o Mercosul deve marcar suas diferenças não só em relação à Organização Mundial do Comércio, mas também aos outros blocos regionais, como a Alca. "A reunião assimétrica entre países tão distintos da mesma América, de fato, não nos levará ao desenvolvimento e ao progresso. A diferença que marca os PIBs e o poderio econômico e científico de países como EUA e Canadá vis a vis os mais de 30 países da América Latina e Caribe são diferenças abissais que não levam a uma cooperação no lugar da competição." Para ele, é importante que se procure uma cooperação cada vez mais simétrica entre os países da América.
Para Luis Alberto Lima, presidente do Conselho Nacional de Ciência e Tecnología do Paraguai, a ciência e a tecnologia devem se tornar parte da nossa cultura, e por isso é preciso avaliar como o setor produtivo está se preparando neste sentido, como os países podem se unir numa frente comum e também como aumentar o impacto dos resultados das descobertas científicas na sociedade, combatendo a pobreza.
Também Integraram a mesa de abertura do seminário o presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, Ennio Candotti; o presidente do Fórum Nacional de Secretários Estaduais de C&T e secretário estadual de C&T do RJ, Fernando Peregrino; presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), Wrana Panizzi; a diretora geral do Departamento de Temas Científicos e Tecnológicos do Ministério das Relações Exteriores, Marilia Sardemberg, Zellner Gonçalves; a ministra de Ciência e Tecnologia da Venezuela, Marlene Yadira Córdova; a diretora da Dirección Nacional de Ciencia, Tecnologia e Innovación e Consejo Nacional de Innovación, Ciencia y Tecnología do Uruguai, Maria Juliana Abella; e Luis Alberto Lima, presidente del Consejo Nacional de Ciencia y Tecnología do Paraguai.
(Informações do Jornal da Ciência, da Folha de S. Paulo e da Assessoria de Comunicação do MCT)
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