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Publicado em: 04/02/2010
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Bagaço de cana-de-açúcar melhora o asfalto e condições ambientais

 

Danielle Kiffer

 

 Divulgação/ IFF

      
      A utilização de bagaço de cana em asfaltos SMA, além de 
         reduzir custos, é uma alternativa ambientalmente correta

Há algumas décadas, o desenvolvimento sustentável tem sido preocupação constante e crescente. A utilização de materiais que antes eram descartados sem uma destinação, a não ser poluir, é um grande avanço na luta para salvar o meio ambiente. Pensando nisso, um grupo de pesquisadores desenvolveu uma forma de utilizar o bagaço da cana como aditivo estabilizante nas misturas de asfalto do tipo SMA (Stone Matrix Asphalt). Eles entram em substituição às fibras de celulose, e não permitem que o cimento asfáltico escorra durante o processo de mistura ou aplicação. Do projeto "Bagaço de cana-de-açúcar como aditivo em misturas asfálticas do tipo SMA", fazem parte os professores Regina Coeli Martins Paes de Aquino e Cláudio Leal, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense (IFF), coordenadora do trabalho junto com o engenheiro Protásio Ferreira e Castro, da Universidade Federal Fluminense (UFF) e  pró-reitor de pós-graduação e pesquisa da Universidade do Grande Rio (Unigranrio). A pesquisa tem apoio do edital Estudo de Soluções para o Meio Ambiente, da FAPERJ.

O SMA é um tipo de mistura asfáltica, desenvolvida na Alemanha no final da década de 1960 e, por sua maior resistência, muito usada como revestimento de rodovias e aeroportos europeus e americanos. Para produzi-lo, as fibras de celulose ou de vidro entram na composição para evitar o escorrimento no momento em que ele é misturado ou aplicado. "Nosso projeto propõe o uso do bagaço de cana que sobra do processo de fabricação do açúcar e do álcool. Dessa forma, aproveitamos um resíduo e transformamos um mero procedimento industrial numa contribuição ao desenvolvimento sustentável", explica Cláudio. De acordo com Regina, a produção de álcool no Brasil gera cerca de 270 quilos de bagaço por tonelada de cana moída e a maior parte desse rejeito é queimado nas caldeiras das próprias usinas para produção de energia térmica ou elétrica. "Mas estima-se que aproximadamente 20% deste bagaço não sejam queimados e fiquem sem qualquer outra utilização", afirma.

Além de bom para o meio ambiente, o uso do bagaço reduz o custo de produção do asfalto. "As fibras normalmente misturadas ao SMA têm um custo mais alto do que as misturas convencionais com betume e compostos derivados do petróleo. O bagaço reduz consideravelmente esses custos de produção e ainda proporciona um ganho ambiental", complementa Regina. Para transformar o bagaço da cana em aditivo na mistura asfáltica, o processo é bem simples. Ele precisa apenas ser seco e passado em peneira de 1,2mm e já estará pronto para ser utilizado.

 

 Divulgação/ IFF
          

 No trecho experimental da BR-356, onde será utilizado o SMA com  
  bagaço de cana, técnico realiza avaliação estrutural do asfalto

Segundo Cláudio, os resultados dos testes feitos em laboratório comprovaram que a mistura com o bagaço apresenta o mesmo desempenho que o asfalto SMA, como foi comprovado no teste mais importante feito pelos pesquisadores, o do escorrimento. Tanto que, em breve, o SMA com bagaço de cana será aplicado experimentalmente num trecho da BR-356, entre Campos dos Goytacazes e São João da Barra.

Muito empregado nos Estados Unidos, Canadá e alguns países da Europa, como Alemanha, Bélgica, Inglaterra e Suíça, por sua maior durabilidade e maior resistência, principalmente a veículos pesados, o asfalto SMA vem, ao longo dos anos, sendo também cada vez mais aplicado no Brasil. O autódromo de Interlagos, em São Paulo, por exemplo, tem suas pistas revestidas por esse tipo de asfalto. "O SMA proporciona o contato grão a grão das britas maiores, tornando a estrutura da mistura asfáltica mais resistente. Esta resistência, que significa quase mais 50% de vida útil, é a grande diferença do SMA para o asfalto comum", aponta a pesquisadora. "Sua textura mais rugosa também oferece maior segurança aos motoristas, já que o SMA tem melhor drenagem superficial, com a diminuição dos borrifos de água sobre a pista, reduzindo o efeito de aquaplanagem e aumentando a aderência dos pneus à superfície do pavimento", acrescenta Cláudio.

Mesmo não sendo mais uma novidade, os pesquisadores também enfatizam a reciclagem da borracha de pneus como substituto das fibras de celulose em misturas asfálticas. "Dentre os modificadores de cimento asfáltico, a borracha moída dos pneus que não são mais utilizados merece destaque: além de melhorar o desempenho do asfalto, esse reaproveitamento possibilita que um quilômetro de rodovia absorva cerca de três mil pneus que de outra forma possivelmente estariam armazenados indevidamente, descartados em rios e lagoas, ou servindo como depósitos de larvas de mosquitos", alerta a pesquisadora. Se, ao contrário, lhes dermos um novo uso, o meio ambiente certamente agradece.

 

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