Rosilene Ricardo
Divulgação |
Museu da Chácara do Céu: uma das obras mais conhecidas do arquiteto Wladimir Alves de Souza |
Este ano, o paraense Wladimir está recebendo uma homenagem póstuma com a recuperação de seus projetos originais, revistas e desenhos na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU/UFRJ), da antiga Universidade do Brasil, atualmente Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde se formou em 1930 e se tornou professor anos mais tarde. "Há oito anos, a família de Wladimir me doou seu acervo, com a condição de que fosse criado, na faculdade, um local que o abrigasse e onde ele pudesse ser utilizado para consulta de alunos e professores. Foi o que fizemos", conta.
O acervo está em exibição em uma sala da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo no Núcleo de Estudos de Arquitetura Colonial Sandra Alvim (Neac). Com o apoio da FAPERJ, alunos do Departamento de História da FAU, sob a coordenação do arquiteto Olinio Gomes, catalogaram e recuperaram todo o material. "O acervo bibliográfico já está classificado e separado, e sua divulgação na universidade tem gerado grande número de consultas de alunos e professores da universidade", anima-se o professor.
Afinado com as correntes internacionais do modernismo, seguidor do pensamento do francês Corbusier, Wladimir tornou-se um dos nomes associados ao movimento no país. Dois de seus projetos mais conhecidos ilustram o estilo que abraçou: a sede do Banco Lar Brasileiro e a casa construída para abrigar a coleção moderna do empresário Raimundo Castro Maia, hoje Museu da Chácara do Céu. "O arquiteto Wladimir era um homem do mundo, vivia seu tempo, totalmente identificado com as correntes internacionais. Mais do que identificado, não seria nada ousado dizer que fez parte delas, ajudando a construir, com seus pares, a história da arquitetura moderna no Brasil", explica Olinio Coelho.
O acervo é vasto. São cerca de mil livros, dezenas de revistas técnicas, importantes enciclopédias e mais de quinhentos desenhos, a maioria de seus projetos arquitetônicos e de decoração de interiores. Inclui também uma coleção de diapositivos – imagens fotográficas em suporte transparente, usadas para projeção –, fotografias e documentos sobre arquitetura, urbanismo, artes visuais e preservação do patrimônio cultural. E ainda inclui textos originais, que deverão digitalizados e publicados posteriormente.
Em 1936, um concurso público movimentou os profissionais da arquitetura no país. Era a escolha de um projeto arquitetônico para a sede do Ministério da Fazenda, que seria construído junto à Avenida Passos, onde antes existira a Academia Imperial de Belas Artes, no Centro do Rio. O primeiro lugar coube aos arquitetos Wladimir e Enéas Silva, com um projeto de linhas modernas e perfil racional. Em 1937, porém, o então ministro da Fazenda, Arthur de Souza Costa, anunciou à imprensa a mudança do terreno para construção do futuro ministério para a Esplanada do Castelo.
Soube-se então que outro projeto, em estilo clássico – mais de acordo com a preferência do ministro – já estava sendo preparado secretamente. O prêmio foi pago aos vencedores, Wladimir e Enéas, mas o que efetivamente serviu como base para a construção foi coordenado pelo engenheiro Ary Azambuja, com o projeto do arquiteto Luiz Eduardo Frias Pereira de Moura. "Não se justificou a mudança do local, nem os vencedores do concurso foram convidados a participar do desenvolvimento do novo projeto. Se o projeto vencedor tivesse sido executado, o Ministério da Fazenda teria sido o primeiro edifício público erguido nos moldes da arquitetura moderna no país", lamenta Olinio Coelho.
Quem quiser conhecer o acervo deverá agendar a visita pelo telefone (2598-1660). As peças digitalizadas poderão ser vistas no computador, com a ajuda do monitor ou professor, responsável pela sala. Caso seja necessário, o estudante ou pesquisador poderá ter acesso ao original. "Por enquanto vamos evitar manusear as peças originais, para não danificá-las, já que elas ainda não passaram pelo processo de restauração", conclui Olinio.
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