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Publicado em: 18/06/2009
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Através do Espelho: peça traz matemática, filosofia e nonsense para o palco


  Fotos: Divulgação/UERJ

      
    Nos figurinos, cor e mistura de tecidos evocam elementos da cultura popular brasileira

"Sei quem eu era quando me levantei hoje de manhã. Mas acho que já me transformei bastante, desde então." A fala de Alice encontra eco nas palavras do Chapeleiro Maluco: "Pessoas inteligentes sabem que não há diferença entre o real e o irreal." Ambas traduzem bem o espírito do escritor Lewis Carroll, que, em 1872, escreveu dois dos livros mais conhecidos por sucessivas gerações de crianças e adultos: Alice no País das Maravilhas e Alice através do espelho. Num mundo onde impera o nonsense, também há jogos filosóficos e de linguagem, problemas de matemática e um texto cheio de ironia e citações.

É exatamente o que a pesquisa coordenada pela professora Maricélia Bispo, do Instituto de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (CAP/UERJ), realizada com apoio do edital de Produção e Divulgação das Artes - 2008 da FAPERJ enfatiza: a investigação de linguagem em teatro para crianças.

O grupo liderado por Maricélia tem investigado e desenvolvido técnicas e procedimentos de trabalho diversificados relacionados à prática teatral para crianças e jovens. Segundo a professora, além do binômio ator-espectador, a pesquisa se desdobra para os demais elementos do teatro, como cenografia, cenotécnica, luminotécnica, indumentária, construção e manipulação de formas animadas – teatro de formas animadas, máscaras, clown, títere, sonorização, construção de elementos de sonorização, música e dança.

O projeto levou a encenação do espetáculo Através do Espelho – E o que Alice Encontrou Lá... para crianças, inspirado nos textos de Lewis Carroll, fruto da investigação sobre a construção de técnicas teatrais de encenação e representação, objeto de estudo do projeto Adaptação de Textos Clássicos para Linguagem de Teatro Infantil desenvolvido junto ao Programa de Artes Cênicas (Procenium) da Uerj e da Companhia Teatral Nosconosco. "A elaboração do espetáculo, por si, em nosso projeto, não é um fim, mas parte do processo de pesquisa e de formação de artistas e técnicos especializados nas áreas diversas da construção de espetáculos cênicos e da educação no Rio de Janeiro" refere Maricélia Bispo.

Em cartaz no Teatro do Sesi (Av. Graça Aranha, 1, Centro), até 28 de junho, a peça é encenada pela Cia. Nosconosco, grupo de teatro voltado para o teatro para crianças que conta com alguns dos mais importantes prêmios na área – Coca Cola de Teatro Jovem, Maria Clara Machado e Mambembe. A Companhia, que surgiu em 1989, como resultado de um projeto de extensão da Uerj, transformou o espetáculo em parte das comemorações por seus 20 anos de estrada. "São duas décadas dedicadas à pesquisa de linguagem em teatro para crianças. São 20 anos de trabalho, persistência, paixão e respeito pelo teatro e o seu fazer", comemora a professora do Cap-Uerj, que nesta montagem também assina a direção e os figurinos.

    
Por meio de jogos filosóficos, problemas de matemática e ironia, a adaptação
elaborada por Maricélia Bispo procura criar uma peça para crianças e adultos
 

O cenário de No Espelho transformou o palco do Sesi num enorme tabuleiro de xadrez. "O interessante da história é que toda ela se passa como se fosse um jogo de xadrez, em que cada evento constitui-se em uma jogada, até o final: um xeque-mate", explica. É onde Alice acorda, depois de uma noite de sono, apenas para descobrir que acordou em outro sonho. Nesse mundo imaginário, Alice se depara com personagens inusitados, como o Chapeleiro Maluco, o rei e a rainha de Copas, e Humpty Dumpty. É também onde entram as paixões do próprio Carroll, que na verdade chamava-se Charles Lutwidge Dodgson, professor de matemática do Christ College, na cidade inglesa de Oxford, que transferiu para seus livros o humor, a ironia e seu gosto pela lógica e pelas palavras. Sua personagem mais famosa, a própria Alice, foi inspirada em Alice Liddell, a filha do deão do colégio onde lecionava. "Carroll criou mundos feitos de inversões e investigações filosóficas, fez ‘jogo’ em literatura, foi um mestre do nonsense", esclarece a professora.

Na montagem, os figurinos coloridos combinam diferentes tecidos, como renda, seda e mesmo retalhos de couro, para evocar elementos da cultura popular brasileira. "Procuramos construir os personagens a partir do uso de máscara neutra, desenvolvida na França por Jaques Lecoq. Assim, os atores se propõem a mergulhar com os espectadores num mundo onírico, onde a imaginação permite vivenciar as emoções, desejos e medos de Alice", informa.

O espetáculo é dirigido às crianças, mas a pesquisadora tem certeza de que os adultos também se divertirão com o trabalho desenvolvido. "Nossa proposta é fazer com que todos viajem até esse universo de sonhos e sensações, em que o tempo não tem importância e o espaço está em constante transformação", diz, ao mesmo tempo em que enfatiza o propósito da Companhia de deixar de lado o rótulo de "infantil" para dizer que procuram "fazer simplesmente teatro". "Um teatro que trata da criança, mas não entedia o adulto. Acreditamos na criança e gostamos de representar para elas, por isso todas as nossas montagens são preferencialmente dirigidas às crianças. O que não impede que seja visto por pessoas de todas as idades", conclui.

O assessor da diretoria científica da Faperj e responsável pelo edital de Apoio à produção e divulgação das artes – 2008, Caio Mário Ribeiro de Meira, comemora o resultado do lançamento inédito da Fundação: “Pela primeira vez, a área de artes foi contemplada com um edital da FAPERJ. Trata-se de uma área frequentemente esquecida, mas de fundamental importância para o bem-estar e evolução cultural da população”. Ele acrescenta: “Esta peça, que vem tendo aceitação muito boa por parte do público, desde a sua estréia, no inicio do mês de maio, é um dos exemplos gratificantes do valor do apoio a essa área do conhecimento e deve ser permanentemente encorajada”.

Através do Espelho e o que Alice Encontrou Lá...
Teatro do Sesi (Av. Graça Aranha, 1, Centro)
Sábados e domingos às 17h
Ingressos: R$ 15

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