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Publicado em: 10/06/2009
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Escassez da água: uma preocupação que se aprende na escola

Rosilene Ricardo

Divulgação/UFRRJ 

         
       No Ciep Olympio Marques dos Santos, estudante verifica a
      quantidade de cloro da água por meio de um medidor de pH

Pouca gente sabe, mas a conta de água que no final do mês chega em nossas casas cobra apenas o tratamento e a distribuição da água. O líquido em si é de graça. No entanto, essa situação está com os dias contados. Em breve, a água utilizada pela população terá que ser paga, como acontece com o gás encanado e a eletricidade. Pensando nesses dados, o engenheiro químico Hélio Fernandes Machado Júnior, da Universidade Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) com a ajuda da professora de química Zuleide de Araujo Barata, está desenvolvendo um projeto para a criação de uma Miniestação de Tratamento de Águas Piloto (MiniEtap), composta por unidades de clarificação, operação que consiste em clarear líquidos turvos, e purificação da água. O sistema será implantado no Centro Integrado de Educação Pública (Ciep) Olympio Marques dos Santos, em Campo Grande.

O que motivou a iniciativa foi um passeio da professora Zuleide com uma turma da escola à Estação de Tratamento de Águas do Guandu, a mais importante da Cedae para o abastecimento da região metropolitana do Rio de Janeiro. Ali, água barrenta e turva do rio Guandu passa por uma série de tratamentos, como a adição de cloro e outras substâncias, que a deixam cristalina e própria para o consumo humano. O padrão de qualidade, que obedece a normas internacionais, é controlado de uma série de análises físico-químicas e bacteriológicas. Vendo a importância da experiência, a professora pensou que, na impossibilidade de levar todos os alunos à estação, poderia tentar construir, no laboratório da escola, uma estação que reproduzisse parte das etapas do tratamento realizado no Guandu, mostrando como é possível obter água potável.

Intitulado Água: Em Casa e na Escola, apoiado pelo edital de Apoio à Melhoria do Ensino nas Escolas Públicas do Estado do Rio de Janeiro, da FAPERJ, o projeto tem como finalidade coletar águas consideradas impuras e torná-las próprias para o consumo humano, segundo os parâmetros de potabilidade estabelecidos nacionalmente. E ainda proporcionar aos alunos uma reflexão sobre o uso da água potável. "É preciso considerar o fato de que água não se fabrica, não se inventa, e que, se ela sai da torneira, teve que ser obtida em algum lugar", observa Hélio Junior, coordenador do projeto.

O projeto também coloca em questão a preservação dos mananciais, sua localização em relação ao consumidor, a relação entre os mananciais e o relevo da região, e o próprio ciclo da água. "Os alunos executarão todo o processo com o professor. No primeiro momento, será coletada a água do rio Guandu. Depois, ela será levada para a estação da escola, onde os alunos poderão medir seu pH (medida que indica se uma solução líquida é ácida (pH < 7), neutra (pH = 7), ou básica/alcalina (pH > 7), analisar a quantidade de cloro existente e saber se está potável ou não", diz Hélio Júnior.

Na prática, aulas de algumas matérias, desde química até o português, passam para o laboratório. O processo de tratamento, acompanhado pelos alunos, terá um enfoque diferente de acordo com a disciplina em pauta. Nas aulas de matemática, por exemplo, os alunos precisarão fazer os cálculos necessários à operação de tratamento da água. Em química, eles aprendem, fazendo, a calcular a concentração de substâncias tóxicas presentes na água, a medir seu pH. E, em português, elaboram um relatório de tudo o que foi feito.

"Nossa intenção é romper barreiras. A ideia é combinar as disciplinas com a finalidade de despertar o interesse do aluno em aprender mais e, quem sabe, atrair vocações para as ciências exatas", conta. E acrescenta ainda: "Tudo isso serve como uma aprendizagem interdisciplinar a partir do ensino de química, que passa a interagir com outras disciplinas, como língua portuguesa, matemática e geografia. E ainda motiva alunos e professores na busca do conhecimento", fala Zuleide.

Segundo a professora, a escola sempre se preocupou em destacar a questão da escassez da água em suas atividades didáticas sobre meio ambiente e até a Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae) já esteve visitando o Ciep. "A proposta é promover mudanças qualitativas no processo ensino-aprendizagem no nível médio. Para isso, sugerimos a sistematização de um conjunto de atitudes, como produzir dados, pesquisar, selecionar informações, analisar, argumentar e cooperar de forma que o aluno possa participar do mundo social, incluindo-se aí a cidadania, o trabalho e a continuidade dos estudos. Além disso, o projeto se enquadra perfeitamente com o novo currículo implantado pelo Ministério da Educação (MEC) para o ensino médio, que propõe uma interdisciplinaridade entre as matérias", diz a professora. E ainda acrescenta: "nossa ideia é montar uma Etap modelo e que, mais tarde, ela seja copiada e instalada em outras escolas", conclui.

Água, uma preocupação mundial

De acordo com dados do relatório da Organização das Nações Unidas, de 2006, nos últimos 100 anos, enquanto a população mundial triplicava, o uso de água doce multiplicava-se por seis. A principal responsável por esse aumento foi a agricultura irrigada, que revolucionou a produção agrícola, mas criou uma nova dificuldade: sozinha utiliza 70% da água doce disponível. O consumo humano básico, para saciar a sede, banhar-se, lavar roupa e cozinhar, é bem menor.

Uma pessoa precisa de um mínimo de 50 litros por dia. Com 200 litros, vive confortavelmente. Entretanto, é cada vez mais necessário o monitoramento da água consumida pela população, já que os mananciais do estado do Rio de Janeiro foram considerados os mais degradados do Brasil por lançamento de esgotos e resíduos industriais não tratados. Os padrões de potabilidade para consumo humano estabelecem, além das estimativas físico-químicas, avaliações microbiológicas de coliformes totais e contagem de bactérias heterotróficas.

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