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Publicado em: 12/03/2009
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Substância presente no veneno de serpentes pode ser arma contra a metástase

Débora Motta

 

 Divulgação/Uerj

         

    Thereza Christina: veneno de cobras
     pode ajudar a combater o câncer  
 

Um tipo de proteína presente no veneno de algumas serpentes, denominado desintegrina, pode ser a chave para deter a metástase – migração desenfreada de células tumorais cancerosas para outras partes do corpo. A descoberta, que aponta uma nova direção no desenvolvimento da cura do câncer, é resultado de uma pesquisa coordenada pela professora Thereza Christina Barja-Fidalgo, do Instituto de Biologia Roberto Alcântara Gomes da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Ibrag/Uerj).

 

Contemplada pelo edital Cientistas do Nosso Estado, da FAPERJ, a pesquisa é um desdobramento do projeto Modulação Farmacológica e Mecanismos Moleculares Envolvidos na Ativação Celular Durante a Resposta Inflamatória. Thereza e sua equipe observaram que diferentes desintegrinas purificadas do veneno de cobras, como a Bothrops jararaca e as espécies asiáticas Agkistrodon rhodostoma e a Trimeresurus flavoviridis, são capazes de reduzir a capacidade de ativação e a migração de células de um tipo de melanoma – um câncer de pele com grande capacidade de formar metástases, especialmente nos pulmões – em camundongos.

 

A idéia da linha de pesquisa surgiu a partir da tese de mestrado de Isabel Oliva, que foi orientanda de Thereza Christina. Os pesquisadores constataram que as desintegrinas têm a capacidade de bloquear ou alterar a função de outra família de proteínas, as integrinas, proteínas presentes na membrana celular que são utilizadas pelas células cancerosas para se multiplicar. “A proliferação da célula cancerosa durante a metástase está relacionada à sua capacidade de aderir a outras células e migrar para outros órgãos do organismo. Essa adesão é feita a partir das integrinas e seus ligantes na matriz extracelular”, explica a pesquisadora. 

 

As desintegrinas, por terem em sua estrutura molecular elementos semelhantes aos de proteínas da matriz extracelular, “confundem” a célula cancerosa e interagem com as integrinas. Desse modo, elas impedem sua associação às proteínas de matriz extracelular e própria migração tumoral. “Já tínhamos conhecimento na literatura científica de que as desintegrinas bloqueiam a adesão celular durante a replicação das células. O diferencial da pesquisa foi descobrir que quando a desintegrina se liga à integrina presente na superfície do melanoma, ela interfere nos mecanismos intracelulares responsáveis pela proliferação e mesmo pela na sobrevivência da célula, reduzindo o tempo que ela vai viver”, destaca.

 

Para testar o efeito das desintegrinas, a equipe vem realizando, desde 2005, experimentos in vitro (apenas em células) e testes em cobaias, no Laboratório de Farmacologia Bioquímica e Celular do Ibrag/Uerj. “Primeiro realizamos testes em células de melanoma em cultura e depois partimos para experimentos em grupos de camundongos que desenvolveram melanomas. Um grupo de animais foi tratado com as desintegrinas isoladas do veneno das serpentes e o outro não recebeu nenhum tratamento”, explica Thereza.

 

Os resultados foram animadores. “Nos camundongos que receberam as desintegrinas, o processo de metástase diminuiu substancialmente. Já no grupo de animais que não recebeu a medicação, houve uma alta formação de tumores no pulmão”, diz a pesquisadora, acrescentando que ainda não sabe o efeito dessas desintegrinas sobre outros tipos de tumores cancerosos. “Existem diferentes tipos de integrinas presentes nas células de melanomas e de outros tumores. Além disso, cada célula tem um metabolismo diferente, o que pode levar a diferentes tipos de resposta”.

 

Para Thereza, um dos grandes desafios de utilizar o veneno de serpentes em pesquisa é o alto custo. “O veneno de serpentes tem centenas de proteínas. As desintegrinas são apenas uma fração mínima na composição dele, o que torna o processo de isolamento dessas proteínas custoso e de baixa produção”, avalia. “Uma alternativa para isso seria a produção de desintegrinas recombinantes, produzidas por bactérias in vitro e, futuramente, a produção de substâncias sintéticas, não protéicas”, conclui Thereza, adiantando que a próxima etapa do projeto será estudar o efeito das desintegrinas em células de melanomas humanos, in vitro.  

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