Vinicius Zepeda
Eduardo Rocha/ Prefeitura do Rio |
No Sambódromo as crianças participam do desfile da Corações Unidos e mostram o que aprenderam na escola durante o ano |
A Corações Unidos dos Cieps existe desde 1984, quando foi inaugurado o Sambódromo. Desde então tem desfilado sempre na sexta-feira de carnaval junto com outras escolas de samba mirins. "Entretanto, quando começou era composta apenas por alunos do Ciep Avenida dos Desfiles, situado dentro do Sambódromo. Porém, em 2002, por iniciativa da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro, passou a fazer parte do projeto Escola de Bambas e, a partir de então, qualquer aluno de escola pública do município pode participar do desfile", explica Maximiliano."Neste sentido, a agremiação ganhou outra dimensão, ao se articular como um dos 14 programas pedagógicos de educação integral da rede municipal de ensino oferecidos aos colégios interessados. Diferente das outras escolas de samba mirins, em que eventualmente são desenvolvidos projetos sociais e educativos, na Corações esta prática funciona de forma natural", acrescenta.
Alberto Jacob/ Prefeitura do Rio |
Carro abre-alas da escola de samba mirim no carnaval de 2008 |
Entre os inúmeros relatos colhidos em 2007, vale destacar o de Sônia, coordenadora da Escola Municipal Gilberto Bento da Silva, em Campo Grande, Zona Oeste da cidade. “Um de nossos alunos havia perdido o pai há pouco tempo e, com isso, estava sem interesse nos estudos. Era muito rebelde e agressivo. No primeiro ano em que participou do projeto, devido a seu comportamento, não o deixamos desfilar. No ano seguinte, ele se empenhou, participou do desfile e retomou o interesse pelos estudos. O projeto foi essencial em tudo isso, pois contribui para uma maior organização, desempenho, interesse e disciplina dos alunos envolvidos”, afirmou a coordenadora.
Outro aspecto destacado pelos participantes é a possibilidade de tirar das ruas jovens que muitas vezes vivem em situação de risco social nos locais onde vivem e também complementar atividades escolares, contribuindo para a formação de sua identidade e cidadania. “O trabalho desenvolvido envolve alunos de diferentes séries e turmas de vários colégios em busca de um interesse comum. Além disso, proporciona a troca de experiências entre estudantes de colégios de diferentes localidades. Isso ajuda a enriquecer a formação dos estudantes, ao mesmo tempo que os leva a ocupar o tempo com atividades pedagógicas”, afirma Maximiliano.
Arquivo Pessoal |
Para Maximiliano de Souza, o projeto enriquece a formação dos estudantes |
Maximiliano de Souza destaca ainda a importância da educação experimental vivenciada pelos estudantes na montagem do desfile durante o ano letivo. "Eles participam de uma série de oficinas e atividades lúdicas como dança, canto, redação, e também de coreografias, alegorias e adereços para poder evoluir na avenida", explica. O futuro mestre em educação atenta ainda para o fato de que o projeto articula a educação em horário integral com a educação patrimonial, desenvolvida por meio da história do Sambódromo e do carnaval da cidade. "Durante um ano, alunos da Corações Unidos se dispõem, voluntariamente, a ajudar a elaborar um desfile, em atividades fora do horário escolar. No processo, aprendem sobre a importância histórica do samba, reconhecido como patrimônio imaterial e cultural da humanidade e sobre o próprio Sambódromo – obra belíssima e grandiosa, idealizada pelo genial arquiteto Oscar Niemeyer, para impulsionar o turismo e revitalizar uma área do centro da cidade que, na época, estava bastante desvalorizada com suas casas antigas", conclui.
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