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Publicado em: 19/02/2009
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Escolas públicas transformam matérias do ano letivo em desfile de carnaval


Vinicius Zepeda

 Eduardo Rocha/ Prefeitura do Rio

     
   No Sambódromo as crianças participam do desfile da Corações
   Unidos e mostram o que aprenderam na escola durante o ano


Nesta sexta-feira, 20 de fevereiro, se iniciam oficialmente os festejos do carnaval carioca. E quem passar pelo Sambódromo entre cinco da tarde e meia-noite, poderá acompanhar gratuitamente milhares de crianças e adolescentes cantarem e sambarem tão bem quanto os adultos no desfile das escolas de samba mirins. Ao todo, 16 agremiações se apresentarão. Entre tantas, uma delas tem proposta que vai além do samba: integrar o conteúdo passado nas salas de aula da rede municipal a atividades fora do horário escolar regular, mais todo o trabalho que envolve montar um desfile de escola de samba. É a Corações Unidos dos Cieps, tema de tese de mestrado no programa de pós-graduação em Educação da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio), que está sendo desenvolvida pelo museólogo Maximiliano de Souza, sob orientação do professor Sul Brasil Pinto Rodrigues. O trabalho conta com o apoio da FAPERJ.

A Corações Unidos dos Cieps existe desde 1984, quando foi inaugurado o Sambódromo. Desde então tem desfilado sempre na sexta-feira de carnaval junto com outras escolas de samba mirins. "Entretanto, quando começou era composta apenas por alunos do Ciep Avenida dos Desfiles, situado dentro do Sambódromo. Porém, em 2002, por iniciativa da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro, passou a fazer parte do projeto Escola de Bambas e, a partir de então, qualquer aluno de escola pública do município pode participar do desfile", explica Maximiliano."Neste sentido, a agremiação ganhou outra dimensão, ao se articular como um dos 14 programas pedagógicos de educação integral da rede municipal de ensino oferecidos aos colégios interessados. Diferente das outras escolas de samba mirins, em que eventualmente são desenvolvidos projetos sociais e educativos, na Corações esta prática funciona de forma natural", acrescenta.

 Alberto Jacob/ Prefeitura do Rio
    
Carro abre-alas da escola de samba mirim no carnaval de 2008
 
A tese de mestrado de Maximiliano de Souza é um desdobramento de seu trabalho de conclusão de curso em 2007, também sob orientação do mesmo professor. No Carnaval daquele ano, o então futuro museólogo e seu orientador foram à concentração do desfile das escolas mirins e colheram uma série de depoimentos de professores e alunos ligados à agremiação. O trabalho resultou num documentário, gravado em DVD e disponibilizado no acervo da UniRio. Agora, no Carnaval de 2009, Maximiliano vai realizar um novo trabalho de campo na concentração da escola mirim.

Entre os inúmeros relatos colhidos em 2007, vale destacar o de Sônia, coordenadora da Escola Municipal Gilberto Bento da Silva, em Campo Grande, Zona Oeste da cidade. “Um de nossos alunos havia perdido o pai há pouco tempo e, com isso, estava sem interesse nos estudos. Era muito rebelde e agressivo. No primeiro ano em que participou do projeto, devido a seu comportamento, não o deixamos desfilar. No ano seguinte, ele se empenhou, participou do desfile e retomou o interesse pelos estudos. O projeto foi essencial em tudo isso, pois contribui para uma maior organização, desempenho, interesse e disciplina dos alunos envolvidos”, afirmou a coordenadora.

Outro aspecto destacado pelos participantes é a possibilidade de tirar das ruas jovens que muitas vezes vivem em situação de risco social nos locais onde vivem e também complementar atividades escolares, contribuindo para a formação de sua identidade e cidadania. “O trabalho desenvolvido envolve alunos de diferentes séries e turmas de vários colégios em busca de um interesse comum. Além disso, proporciona a troca de experiências entre estudantes de colégios de diferentes localidades. Isso ajuda a enriquecer a formação dos estudantes, ao mesmo tempo que os leva a ocupar o tempo com atividades pedagógicas”, afirma Maximiliano.

Arquivo Pessoal 

     
     Para Maximiliano de Souza, o projeto
     enriquece a formação dos estudantes
Segundo a presidente da agremiação desde sua origem, a professora Marilene Monteiro, neste carnaval desfilarão duas mil crianças, entre cinco e 17 anos, de 48 escolas públicas diferentes, coordenadas por 180 professores. "Dentro da proposta de integrar o programa pedagógico escolar com o desfile, a Corações Unidos dos Cieps virá com o samba-enredo Uma aquarela francesa descobre o paraíso tropical, falando sobre a chegada da missão francesa ao Brasil", explica Marilene. Ela enfatiza ainda o caráter educativo do desfile e a capacidade criativa dos estudantes. "Para participar, o aluno precisa ter bom desempenho na sala de aula e estar matriculado numa escola da rede municipal. Além disso, as crianças são responsáveis por escrever e escolher o samba enredo, confeccionar a sinopse e ajudar na montagem das fantasias, alegorias e adereços. São elas também que escolhem passistas, puxadores, mestre-sala e porta-bandeira. E, na passarela, só as crianças participam do desfile", acrescenta.

Maximiliano de Souza destaca ainda a importância da educação experimental vivenciada pelos estudantes na montagem do desfile durante o ano letivo. "Eles participam de uma série de oficinas e atividades lúdicas como dança, canto, redação, e também de coreografias, alegorias e adereços para poder evoluir na avenida", explica. O futuro mestre em educação atenta ainda para o fato de que o projeto articula a educação em horário integral com a educação patrimonial, desenvolvida por meio da história do Sambódromo e do carnaval da cidade. "Durante um ano, alunos da Corações Unidos se dispõem, voluntariamente, a ajudar a elaborar um desfile, em atividades fora do horário escolar. No processo, aprendem sobre a importância histórica do samba, reconhecido como patrimônio imaterial e cultural da humanidade e sobre o próprio Sambódromo – obra belíssima e grandiosa, idealizada pelo genial arquiteto Oscar Niemeyer, para impulsionar o turismo e revitalizar uma área do centro da cidade que, na época, estava bastante desvalorizada com suas casas antigas", conclui.

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