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Publicado em: 23/12/2008
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Pesquisa avalia efeitos de exercícios na saúde dos idosos com depressão

Débora Motta

 Reprodução

 
Logo depois da prática de exercícios, observam-se
mudanças positivas nos padrões de ondas cerebrais

Abandonar velhos hábitos sedentários e aderir a uma rotina de exercícios físicos certamente é uma das promessas mais comuns de ano novo. Um estímulo a mais para seguir esse plano em 2009 é conhecer os benefícios de um estilo de vida saudável para o corpo e, também, para a mente. O projeto Eficácia da atividade física na redução de sintomas da depressão maior em idosos, desenvolvido pela pesquisadora Andréa Deslandes, do Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em parceria com a Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (Ensp/Fiocruz), avalia os efeitos dos exercícios físicos no cérebro de idosos com depressão, por meio da eletroencefalografia. A pesquisa é a primeira no mundo que observa os benefícios do exercício no tratamento da depressão através do eletroencefalograma.

O estudo monitorou, durante um ano, idosos sedentários com diagnóstico clínico de depressão unipolar – doença que tem 20% de prevalência na população mundial. "Os pacientes que participaram do projeto sofrem de depressão maior, caracterizada por sentimentos constantes de tristeza, perda de ânimo e de prazer. Todos foram tratados com medicamentos no Instituto de Psiquiatria da UFRJ", diz Andréa Deslandes. Os voluntários foram divididos em dois grupos, com 10 pacientes cada. O primeiro passou a fazer exercícios físicos semanais, no campus da UFRJ da Praia Vermelha. O outro continuou sedentário. "No primeiro grupo, os pacientes passaram a fazer 30 minutos de caminhada, duas vezes por semana, além de tomar antidepressivos. O segundo grupo não realizou exercícios e apenas tomou remédios", explica a pesquisadora, que atualmente recebe apoio da FAPERJ por meio de uma bolsa de pós-doutorado, realizado na Fiocruz.

Os pacientes foram submetidos a eletroencefalogramas antes do início do programa de exercícios e depois do treinamento de um ano, para avaliar os padrões cerebrais. Os resultados do grupo de idosos com depressão que aderiu à caminhada são animadores. "Os sintomas da depressão diminuíram. Imediatamente após a realização dos exercícios, notamos diminuição da ansiedade. Houve melhora na capacidade funcional, aumento da atividade cortical e mudanças positivas nos padrões de ondas cerebrais, quando comparados os que se exercitaram e os sedentários", avalia. "Alguns pacientes melhoraram tanto que o psiquiatra conseguiu reduzir a medicação. O exercício físico realmente é eficiente no tratamento adicional da depressão em idosos", destaca.

Reunir os voluntários para a pesquisa não foi um processo tão simples. "Os pacientes são pessoas de baixa renda, que moram longe da Praia Vermelha. Foi preciso contar com o apoio constante de familiares para levá-los duas vezes por semana ao campus, durante um ano", conta Andréa Deslandes. O esforço valeu a pena. Mesmo com o fim do período de treinamento proposto pelo projeto, eles ganharam novos hábitos e mantêm a rotina de atividade física. "Hoje, esses voluntários não fazem mais parte da pesquisa, mas continuam praticando exercícios regularmente na UFRJ".

A pesquisadora desenvolve o projeto junto com uma equipe multidisciplinar, formada por fisioterapeutas, médicos, psicólogos e professores de educação física. O time continua a recrutar voluntários para outro teste. "Agora, vamos comparar os efeitos de três diferentes tipos de exercícios. Um grupo vai fazer caminhada. O outro, exercícios de força (musculação, como por exemplo o leg press). O terceiro só fará alongamento. O objetivo é investigar se as atividades aeróbicas são o tratamento mais indicado para reduzir os sintomas da depressão", diz Andréa.

As respostas dos exercícios para a saúde física já são bem conhecidas, mas seus efeitos no tratamento das doenças mentais foram pouco estudados. A pesquisa se torna inédita por investigar estes efeitos através da atividade cortical. "Os primeiros estudos realizados sobre o tema, na década de 1970, investigavam a relação entre fazer exercícios e ter menos depressão. Agora se estuda os exercícios físicos como uma intervenção, pelo menos adicional, ao tratamento da doença nos pacientes", pondera.

A avaliação cerebral por meio dos exames de eletroencefalografia (EEG) é um dos diferenciais do estudo, que levou o Prêmio Saúde é Vital, na categoria Saúde Mental e Emocional, da editora Abril, e foi publicado na revista internacional Biological Psychology. "Ainda se pensa muito nos benefícios dos exercícios para a melhora da forma física, mas eles não são só uma maneira de prevenir e tratar doenças físicas. Os exercícios são também um meio complementar importante para prevenir e tratar doenças mentais", conclui Andréa Deslandes. Ela adianta que o próximo passo da pesquisa será avaliar os efeitos da atividade física no cérebro de pacientes da terceira idade que sofrem doenças neurodegenerativas, como Alzheimer e Parkinson.

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