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Publicado em: 22/08/2008

Bolsista Nota 10 da FAPERJ ganha Prêmio Dow de Sustentabilidade

Débora Motta

Divulgação Coppe/UFRJ

A doutoranda Liliane Damaris Pollo, no laboratório     da Coppe: pesquisa premiada na área de Química

A doutoranda Liliane Damaris Pollo, do Programa de Engenharia Química (PEQ) da Coppe/UFRJ, é a prova de que o programa Bolsista Nota 10, da FAPERJ, está colhendo frutos. Indicada para estudantes de pós-graduação com elevado desempenho acadêmico, a bolsa oferecida pela Fundação ajudou Liliane na pesquisa que lhe rendeu o Prêmio Dow de Sustentabilidade, concedido pela empresa Dow Química. Liliane desenvolveu uma técnica inovadora de separação por membranas da mistura dos gases propeno e propano, que produz matéria–prima para produtos fundamentais da indústria química, como as resinas e os plásticos.

“O principal objetivo da pesquisa é a síntese de uma membrana polimérica que seja capaz de fracionar uma mistura de gases, propano e propeno, da indústria petroquímica”, explica Liliane. A pesquisadora destaca a importância do novo método para a indústria. “Estes gases são insumos básicos da petroquímica, precursores de vários outros produtos químicos. Em particular, o propeno é a matéria-prima do plástico polipropileno, uma das grandes commodities mundiais.”

De acordo com Liliane, que tem como orientadores os professores Cristiano Borges e Alberto Claudio Habert, a proposta é oferecer uma técnica de separação bem mais barata e sustentável do que aquela utilizada pela indústria. “Atualmente estes gases são separados em torres de destilação envolvendo elevados custos, tanto em energia quanto em infra-estrutura. A pesquisa que desenvolvo pode levar a uma vantagem energética (gastos menores em processos) e à adequação ecológica (descartes reduzidos no processamento)”, avalia a doutoranda.  

Para fabricar membranas altamente seletivas ao propeno, ela utilizou a combinação de técnicas da nanotecnologia. “As membranas de transporte facilitado permitem separações eficientes por funcionarem como filtros moleculares. Sais ou nanopartículas metálicas dispersos em materiais poliméricos geram interações preferenciais com moléculas de propeno, com permeabilidades muito mais elevadas que as das moléculas do propano, no que se costuma chamar de transporte facilitado”, explica Liliane. “Pode-se assim obter graus distintos de segregação molecular, levando à separação completa de um componente frente ao outro.”

O novo método é promissor e a instituição já encaminhou solicitação de patente. “Já estamos conversando com algumas empresas interessadas. O sonho de qualquer engenheiro pesquisador é ver sua pesquisa, realizada com tanto esforço e dedicação, ser aplicada industrialmente”, adianta a pesquisadora. “Esta técnica é relativamente simples, mas a sua implementação, como qualquer inovação industrial, depende de avaliações técnico-econômicas de escala e desempenho, além da necessidade de se fabricar módulos industriais de membranas, em fase de concepção e projeto.”

Liliane recebeu o prêmio na cerimônia realizada em 15 de julho de 2008, no Fórum Dow de Sustentabilidade – América Latina, em São Paulo. “O Prêmio Dow de Sustentabilidade é de grande importância tanto para a minha carreira quanto para a minha pesquisa e para a Coppe. Esse incentivo impulsiona ainda mais o meu desejo de  continuar trabalhando na área e de poder contribuir para ver esta tecnologia aplicada em um futuro bem próximo.”

O concurso reuniu cerca de 90 trabalhos de alunos de doutorado, mestrado e graduação do país inteiro, concorrendo em várias áreas do conhecimento. É a primeira edição do prêmio, que visa reconhecer a contribuição da comunidade acadêmica brasileira para temas relativos ao desenvolvimento sustentável e auxiliar no cumprimento das metas de sustentabilidade estabelecidas pela empresa para o meio ambiente, saúde e segurança até 2015.
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Mas o reconhecimento não pára por aí. No ano passado, outra contribuição da pesquisa conquistou o prêmio Petrobras de Tecnologia (na categoria Petroquímica) e, em 18 de julho deste ano, Liliane apresentou seu projeto no Congresso Mundial de Membranas (Icom-2008), nos Estados Unidos, escolhido entre centenas de trabalhos internacionais.  “Receber o reconhecimento por nossa pesquisa é muito gratificante, ainda mais em um país onde isso ainda não é tão comum. A qualidade da pesquisa realizada no Brasil se compara, em muitas áreas, a dos outros lugares do mundo. Prova disso foi a seleção do trabalho para apresentação em sessão oral no Icom-2008.”

O apoio da Fundação na pesquisa integra as atividades do  Programa de Apoio a Núcleos de Excelência sobre Membranas de Transporte Facilitado, um projeto Pronex/CNPq/ FAPERJ, liderado pela Coppe. “Ser bolsista Nota 10 é um grande reconhecimento pelos trabalhos de pesquisa realizados no Programa de Engenharia Química. A iniciativa da FAPERJ em conceder esta bolsa deve ser louvada. É um incentivo aos alunos para aprimorar o currículo e aumentar a produtividade acadêmica. Tenho orgulho de fazer parte do grupo de bolsistas da Coppe/UFRJ que já foram agraciados”, destaca.

Formada em engenharia química pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a gaúcha de 30 anos, nascida em Horizontina, deve defender a tese - intitulada Membranas de poliuretano contendo nanopartículas de prata como uma eficiente alternativa na separação de propeno/propano - em outubro de 2008.