Ciência e cultura num mesmo endereço
O Rio de Janeiro inaugura, em novembro, um ousado projeto de comunicação na área da ciência e da cultura. O Portal de Ciência e Cultura do Estado do Rio de Janeiro disponibilizará ao público, pela Internet, o acervo de 622 instituições culturais e científicas sediadas no estado. Ele funcionará com uma base tecnológica instalada no Arquivo Nacional, disponível via web, utilizando uma inédita metodologia, denominada Descrição Multinível Integrado (DMI). Por intermédio desse sistema, as instituições poderão descrever os seus acervos em diversos níveis de especificidade: da simples descrição do que dispõem a informações detalhadas de todo o conteúdo.
A proposta é ousada: os gestores do portal pretendem mapear todos os municípios do estado e disponibilizar seus acervos ao público em geral. Além de democratizar o acesso, o portal dará visibilidade às instituições. Coleções subutilizadas devido à instalação física inadequada, por exemplo, serão beneficiadas pelo acesso virtual. O usuário poderá consultar o portal por três tipos de acesso: por instituição, por acervo ou por descrição multinível, em que a busca vai se dar por meio de campos eleitos ou palavras-chave.
Para que isso se torne realidade, uma equipe de peso formada por 30 profissionais altamente qualificados, reunindo arquivistas, museólogos, biblioteconomistas, analistas de sistema, entre outros profissionais - fará o levantamento nas instituições, aplicando a me-todologia DMI para transformar as informações em linguagem adequada à Internet.
Segundo o sociólogo Sérgio Portela, integrante do comitê gestor do portal, há uma tendência mundial: a busca de vocabulários comuns em domínios diversos. A proposta é que esse trabalho seja um embrião para o desenvolvimento de uma linguagem uniforme de descrição de acervo. Se as instituições se adaptarem a um mesmo vocabulário e se esses sistemas forem capazes de exportar os dados de seus acervos em um único padrão, mesmo que elas tenham formas próprias de descrição, será possível obter uma interface comum entre as instituições. No comitê gestor também estão Silvia de Moura, Vitor Fonseca e Maria José Santos.
O vocabulário comum ainda não está definido, mas é uma tendência mundial. Com esse projeto, o Brasil estará participando dessa discussão em nível global. No futuro, esse trabalho será o ponto de partida para a definição de um vocabulário comum. A proposta é fazer do portal um ponto de encontro de lugares que preservam a memória do Estado do Rio de Janeiro, conclui Sérgio Portella.
Lugares de memória
Em 1978, a partir de um ambicioso e genial programa de estudos e análise dos chamados lugares de memória, o historiador Pierre Nora trouxe à tona novo conceito e significado para museus, bibliotecas, arquivos e outros lugares onde se preserva a memória coletiva de um país. Tais lugares passaram a ser pensados como parte fundamental da busca de identidade, de reforço de laços eletivos, o que explica a proliferação não só de museus, bibliotecas e arquivos dedicados à memória de um país, como, ainda, daqueles voltados para grupos ou temas específicos, destaca o professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Francisco Carlos Teixeira da Silva, idealizador do projeto.
Apoio: FAPERJ
Modalidade: Auxílio a Editoração e Acervos (APQ3 )
Valor: R$ 520 mil.
Ano: 2002
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