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Publicado em: 16/08/2002
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Violência e medo mudam a arquitetura de grandes cidades

Violência e medo mudam a arquitetura de grandes cidades

 

O medo tem suscitado mudanças ostensivas na arquitetura do Rio de Janeiro e de São Paulo. Pesquisa coordenada pela arquiteta Sônia Ferraz, professora da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal Fluminense (UFF), aponta as transformações ocorridas na arquitetura de grandes cidades, com o intuito de garantir a segurança, e compara as construções do terceiro milênio a castelos medievais.

 

A pesquisa revela novos hábitos e exigências refletidas em construções de alto padrão gerados pela violência.

 

As mudanças decorrentes do medo da vio-lência começaram a aparecer a partir da década de 1980. No início dos anos 90, multiplicavam-se as ofertas de porteiros eletrônicos, e, no final dessa década, os recursos de segurança passaram por um processo de sofisticação, chegando ao ponto de serem incluídos em projetos arquitetônicos. As guaritas e pequenas câmeras são bons exemplos - explica a professora.

 

A pesquisa, que contou com a participação de quatro alunos de graduação, revela as diferenças nas formas usadas para garantir a segurança de imóveis no Rio de Janeiro e em São Paulo. “Na capital paulista, o acúmulo visual de obstáculos nas construções de médio e alto padrão é notório. Não há edifício ou casa de alta renda que não tenha muros altos, guaritas, fios eletrificados, câmeras visíveis e carros de serviços privados circulando ostensivamente. As guaritas quase não permitem a visão de fora para dentro, e alguns muros chegam a 12 metros de altura, aguçando a curiosidade sobre aquilo que é protegido” - analisa Sônia Ferraz.

 

No Rio, a característica mais forte detectada no estudo é a in-vasão do espaço público pelos condomínios, com grades e fechamento de ruas. “É o custo social da segurança privada”, pondera a pesquisadora. Grades invadem as calçadas, contornam obstáculos, como caixas de gordura, fecham ruas sem saída e há, ainda, a presença dos pos-tos policiais na porta dos endereços nobres.

 

Medo aumenta receita de empresas voltadas para segurança

 

No estudo, a arquiteta resalta  como o medo pode gerar lucro. Uma fatia significativa do mercado imobiliário e da indústria de equipamentos e materiais de segurança depende da manutenção e da disseminação desse estado de pânico para manter a boa lucratividade de seus negócios.  A casa, agora, é construída visando, em primeiro lugar, garantir a segurança dos moradores, alerta Sônia.

 

As estratégias de segurança vêm desenhando um novo padrão formal e funcional de arquitetura e de cidade. Especialistas do mercado imobiliário dizem que o aparato de segurança não aumenta o valor do imóvel, mas aumenta a sua liquidez.

 

A pesquisa reúne fotos dos locais analisados, ressaltando adaptações ou mudanças na arquitetura das duas cidades que funcionam como mecanismos de segurança. “As fotos ajudam a entender como as construções modernas lembram castelos da Idade Média”, afirma Sônia, que cita, como exemplo, o condomínio Summer Dream, na Barra da Tijuca. Cercado por um muro e separado por um fosso, o condomínio tem como único acesso uma ponte com dupla cancela.

 

Apoio: FAPERJ

Modalidade: Auxílio à Pesquisa -APQ1

Valor: R$ 11.096,00

Ano: 2000

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