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Publicado em: 15/08/2002
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COPPE constrói um ‘oceano’ para pesquisar águas profundas

COPPE constrói um ‘oceano’ para pesquisar águas profundas

 

Cerca  de vinte  e  três por cento das reservas brasileiras de petróleo encontram-se  em profundidades entre mil e 2 mil metros. Segundo estimativas da Petrobras, que lidera o ranking das empresas exploradoras de petróleo e gás a altas profundidades, 50% das reservas a serem descobertas encontram-se em águas profundas e ultraprofundas. No campo de Roncador, na bacia de Campos, petróleo já é extraído a 1.800 metros. Atual-mente, já se explora jazidas a 2.500 metros. Nestas escalas, a tecnologia para tornar a exploração econômica e viável ainda precisa ser desenvolvida ou, no mínimo, aperfeiçoada. De olho nos desafios tecnológicos representados por estes números e no futuro da atividade, a COPPE inaugura em setembro deste ano o maior tanque oceânico das Américas, que funcionará no Parque Tecnológico da UFRJ, na Ilha do Fundão (RJ). Este é um recurso fundamental para a simulação de condições de operação das estruturas oceânicas utilizadas nas atividades produtivas envolvendo petróleo e gás.

 

Com  15 metros de profundidade - um poço central com 10 metros adicionais - quarenta metros de comprimento e trinta de largura, o Tanque Oceânico da COPPE possibilita simulações de fenômenos que ocorreriam na natureza em uma lâmina d’água de cerca de 2 mil metros de profundidade. Similares a este tanque, em todo o mundo só existem dois: o Marintek, instalado na Noruega, e o Marin, na Holanda. Para a realização deste projeto, a Petrobras não desembolsou recursos, mas assinou uma carta de intenções garantindo uma taxa de utilização mínima mensal do tanque. O dinheiro para sua construção é proveniente do fundo setorial CT-Petro, que é mantido com recursos oriundos dos royalties do petróleo transferidos ao Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - FNDCT.

 

Na primeira fase do projeto, foram investidos 13 milhões e 620 mil reais oriundos do CT-Petro. A FAPERJ repassou um milhão de reais para financiar o projeto de instalação de um sistema de geração de correntezas, que será implementado na segunda fase do projeto, e cujo investimento é da ordem de 9 milhões e 200 mil reais.

 

Na avaliação do engenheiro Carlos Antônio Levi da Conceição, professor da Coppe-UFRJ e coordena-dor executivo do projeto, os recursos repassados pela Fundação foram utilizados em etapa crucial do desenvolvimento da iniciativa. “Eles  permitiram o redesenho do projeto para se evitar prejuízos futuros ao longo de seu de-senvolvimento’’, explica Levi, referindo-se à concepção arquitetônica concebida para acomodar o siste-ma gerador de correnteza.

 

 

Tanque reproduz ondas, ventos e correntes submarinas

 

O tanque oceânico - que também pode ser empregado em testes de manobras de navios e submarinos, testes de protótipos de veículos robotizados submersíveis e treinamen-to de pessoal de mergulho - apresenta mecanismos que reproduzem ondas de até meio metro de altura a intervalos de 0,3 a cinco segundos. Além disso, ventiladores instalados nas proximidades do espelho d’água geram ventos de velocidade de até 12 metros por segundo, com direções e variações pré-programadas. O sistema de correntes submarinas conta com bombas hidráulicas que des-pejam água no tanque a partir de ga-lerias submersas localizadas em um dos lados do mesmo.

 

A construção do tanque, que contou com importante apoio do Governo do Estado do Rio de Janeiro, acon-tece em momento oportuno para o país e para o desenvolvimento tecnológico do setor. “A Petrobras se encontra num estágio em que precisa descobrir novas reservas e está se mobilizando para isso. Todos nós sabemos que as possibilidades no Brasil de novas reservas se dão em águas profundas. Há um consenso favorável em re-lação a isto, tanto no âmbito nacional como internacional. Isto porque a costa da África é muito similar à do Brasil em termos de profun-didade e jazidas potenciais de petróleo. Além disso, outros lugares da Ásia e do próprio Golfo do México possuem petróleo em águas pro-fundas’’, explica Segen Estefen, coordenador do Laboratório de Tecnologia Submarina da Coppe-UFRJ.

 

Declínio na produção global de petróleo es-timula investimentos em tecnologias para viabilizar exploração de petróleo em águas ultra-profundas. Especialistas do setor, como Colin Campbell e Jean Laherrère, calculam que a produção global de petróleo convencional irá começar a declinar em 2010. Estima-se que,  a partir deste ano, as economias fortemente baseadas em petróleo irão demandar 10 bilhões a mais de barris do que a indústria será capaz de pro-duzir. Nesse sentido, o desenvolvimento tecnológico para exploração em águas ultra-profundas, alcançando 3 mil metros de profundidade, é de importância crucial. Juntamente com outras inovações tecnológicas de grande magnitude, ele poderá elevar a produção global de petróleo em mais de 20% em 2010. Mas para que isso aconteça, é necessário que estas novas tecnologias estejam sendo empregadas nos maiores poços de petróleo do mundo até 2003, segundo os especialistas.

 

Se no passado, no setor de petróleo e gás, costumava-se levar 10 a 20 anos para se aplicar novas invenções no campo, agora este tem-po encolheu para três a cinco anos, dadas as demandas crescentes por esta fonte energética. Coube ao estado brasileiro que concentra 80% do petróleo do país, o Rio de Janeiro, e a instituições científicas como a COPPE, que há mais de 20 anos trabalha no desenvolvi-mento de novas tecno-logias para a exploração de petróleo no mar, agilizar as conquistas neste campo de fronteira do conhecimento com a construção do tanque oceânico.

 

“Atualmente só são explorados 30% a 40% dos reservatórios, por conta de sua pressão interna. Depois disso, o campo é considerado maduro e posteriormente abandonado. Mas quando o petróleo torna-se escasso e aumenta o seu valor no mercado, justifica-se fazer outros investimentos em técnicas mais dispendiosas, estimuladas pelos convidativos preços de mercado, para otimizar a produção nesses campos. Nesse sentido, aumentar um por cento da exploração média de todos os poços e reservatórios já mapeados pode significar outros tantos anos de produção”, argumenta Estefen.   

 

 

Apoio: FAPERJ

Modalidade: Convênio FAPERJ / Fundação Coppetec

Valor: R$ 1 milhão

Ano: 2001

 

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