Conceitos fundamentais da neurociência
Roberto Lent
Editora Atheneu / Biblioteca Biomédica / FAPERJ
Nº de páginas: 698
Ano de lançamento: 2002
Em linguagem acessível, o livro de Roberto Lent, professor titular do Departamento de Anatomia, da UFRJ, o livro aborda desde a biologia molecular do neurônio até os fenômenos da mente, da memória, da emoção e da cognição.
Com quase 700 páginas e mais de 400 ilustrações, Roberto Lent explica que não se trata de um livro com teses ou descobertas originais, porque essas são publicadas em periódicos especializados. Mas trata-se do primeiro livro no país, de autor brasileiro, sobre neurociência entendida como uma ciência que reúne tudo sobre o cérebro, apesar dos avanços atingidos na área. Fazer pesquisa em neurociência é entrar na aventura de conhecer a própria mente humana, os mecanismos biológicos que a determinam, as doenças mentais, enfim, os fenômenos do cérebro de uma forma geral, diz o pesquisador.
A obra se destina não só ao público universitário, mas também a leigos interessados em obter informações básicas e abrangentes, porém claras, a respeito do sistema nervoso e de seu órgão central, o cérebro. Segundo Roberto Lent, um defensor da socialização do conhecimento, difundir o trabalho produzido na universidade para o maior número de pessoas possível é uma obrigação. Afinal, é o imposto da população que paga nossas pesquisas, ressalta.
Leia a seguir trechos da apresentação feita pelo próprio autor.
"O livro trata de neurociência, disciplina que surgiu nos anos 70, resultado da confluência de várias disciplinas que lidavam com o sistema nervoso de modo independente e desarticulado. Até essa época na "frente" clínica de trabalho, os neurologistas, neurocirurgiões e neuropatologistas analisavam os efeitos das lesões neurais "objetivas", deixando para os psiquiátras o estudo dos distúrbios mentais, o que estes faziam sem conhecer seus possíveis determinantes biológicos. O mesmo faziam os psicólogos para os indivíduos normais. Na "frente" experimental, os pesquisadores de orientação morfológica (neuroanatomistas e neuro-histologistas) investigavam células e regiões neurais sem dialogas com os de orientação fisiológica (neurofisiologistas e neuroquímicos), e muito menos com os de orientação comportamental (psicólogos experimentais e psicofísicos). Raramente os clínicos interagiam com os experimentalistas. Como o conhecimento da área cresceu, a situação começou a mudar porque se tornou impossível avançar mais sem que os diversos atores conversassem entre si. (...)
Os congressos passaram a reunir todos os que se interessavam pelo sistema nervoso. As agências financiadoras passaram a estimular projetos multidisciplinares, e os departamentos universitários de todo o mundo passaram a admitir profissionais de diferentes especialidades. O resultado foi um avanço espetacular do conhecimento científico do sistema nervoso, refletido na explosão de publicações especializadas, na multiplicação de neurocientistas e, finalmente, no aparecimento de tecnologias e aplicações médicas, educacionais, psicológicas bem como produtos (de fármacos a computadores) destinados a aumentar o bem estar da humanidade. No Brasil, embora a pesquisa tenha acompanhado essa tendência, ela não se refletiu nos departamentos universitários e seus cursos, e muito menos nos livros disponíveis aos alunos e ao público em geral. Assim, na maioria das nossas universidades, os departamentos continuam adotando a segmentação tradicional e tratam do sistema nervoso separadamente nos cursos de Anatomia, Histologia, Fisiologia etc. O mesmo acontece com os livros: há bons livros de neuroanatomia, boas seções sobre sistema nervoso em livros de fisiologia, bons capítulos de neuro-histologia em livros de histologia, e assim por diante. Mas não há livros de neurociências - integrados - produzidos no Brasil.
Foi esse vazio que me atrevi a preencher com "Cem bilhões de neurônios".
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