Paul Jürgens
Estudo avalia políticas ligadas a uso de segundas línguas no Brasil e Mercosul
No único país da América Latina em que predomina o português coexistem 180 línguas indígenas, além de cerca de outras 30 línguas de imigrantes da Europa, Ásia, Oriente Médio e até de outros países do continente americano. Os dados, do censo demográfico de 2000, mostram que somos uma nação plurilíngue. Para a maioria dos estudiosos, toda manifestação lingüística deve ser tratada como patrimônio cultural.
Esta também é a opinião da pesquisadora Mônica Maria Guimarães Savedra, doutora em Lingüística pela UFRJ e que há mais de 15 anos se dedica ao tema. Segundo ela, as iniciativas no âmbito de governo visando ao reconhecimento da questão ainda são tímidas. "Somos um país plurilíngüe, mas em alguns casos de contato lingüístico, como por exemplo em situações originadas no contexto da imigração e de nossas fronteiras, ignoramos esta condição e agimos como se fôssemos monolíngües", diz a professora da PUC-Rio, que coordena um grupo de pesquisa sobre o assunto com alunos de graduação e de pós-graduação do Departamento de Letras da universidade.
Em 2004, contemplada no programa Primeiros Projetos da FAPERJ, Savedra intensificou suas pesquisas sobre o plurilinguismo nacional com o projeto Política Lingüística no Brasil e no Mercosul: O Ensino de Primeiras e Segundas Línguas em Bloco Regional.
A pesquisa tem por objetivo buscar subsídios para a formulação e a implementação de uma política lingüística no país que contemple o grande número de línguas e idiomas de fronteira que coexistem em todo o território nacional. "É essencial a identificação dessas comunidades de contato, uma vez que acreditamos ser fundamental trabalhar para a preservação dessas manifestações lingüísticas, que são parte da cultura brasileira", diz.
O projeto dá continuidade ao estudo que gerou a tese de doutorado de Savedra, em que ela estabelece a diferença entre bilingüismo (condição de usuários de duas línguas) e bilingualidade (diferentes estágios de domínio lingüístico no uso destas línguas). A professora estudou situações de bilingüismo com base nos diversos estágios de bilingualidade definidos pelo uso das línguas nos ambientes comunicativos familiar, social, escolar e profissional.
Segundo a pesquisadora, essa aquisição pode se dar de diversas formas. Exemplos são as populações que vivem nas proximidades das fronteiras, a convivência com imigrantes e o contato lingüístico estabelecido por comunidades religiosas. Para Savedra, sendo membro do Mercosul, é essencial para o Brasil a formulação e implementação de políticas lingüísticas no âmbito das iniciativas empreendidas por este bloco regional.
O auxílio da FAPERJ, segundo a pesquisadora, permitiu consolidar o grupo de pesquisa que ela dirige, composto atualmente por uma doutoranda, quatro mestrandas e três alunos de graduação com bolsas de iniciação científica, que se dedicam com afinco ao tema.
O trabalho de Mônica Savedra está inserido na linha de pesquisa intitulada Interfaces lingüísticas e culturais: tradução, ensino e bilingüismo do programa de pós-graduação em Letras da PUC-Rio, vinculado ao projeto Línguas em contato: bilingüismo e bilingüalidade, que é coordenado pelo professor Jürgen Heye.
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