As terríveis epidemias de dengue que afligiam o povo fluminense são coisa do passado. Ainda assim, as autoridades de saúde não medem esforços para manter a situação sob controle. A virologista Liane de Castro, da Fiocruz, contemplada no programa Primeiros Projetos da FAPERJ, está desenvolvendo a pesquisa Análise de polimorfismos de genes ligados ao HLA na infecção pelo vírus dengue um estudo retrospectivo de casos atendidos no Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas (Ipec) em 2001 e 2002. O vírus causador da doença, transmitido pelo mosquito Aedes aegipty, provoca sintomas como febre, dor atrás dos olhos e nas juntas, fraqueza, falta de apetite e vermelhidão.
O estudo é parte de amplo trabalho desenvolvido na Fiocruz sobre a história recente da reintrodução do vírus do dengue no Brasil. "Participamos em 1994 do comitê consultivo da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) que elaborou o Manual de Controle e Prevenção da Febre Hemorrágica do Dengue (FHD/SCD) nas Américas, do Manual de Vigilância Epidemiológica e Atenção ao Doente do Ministério da Saúde (MS) em 1996, e do grupo que elaborou a Definição de Critérios de Confirmação de Casos de FHD no Brasil (junho/2001), também do MS", recorda Liane.
Ela, entretanto, adverte que ainda há poucas pesquisas com foco na associação de fatores genéticos e étnicos e o desenvolvimento da FHD. "Nossa pesquisa, ao voltar-se para investigar esses fatores, vem ajudar a preencher esta lacuna e contribuir para a descrição do desenvolvimento clínico da febre hemorrágica do dengue", complementa.
Alguns resultados do estudo foram apresentados no Congresso Brasileiro de Medicina Tropical, realizado em março, em Santa Catarina, e ganharam o primeiro lugar na categoria Outros Vírus do evento. "Até agora 52 pacientes do Ipec já participaram do nosso levantamento, sendo 42 pacientes que tiveram febre clássica do dengue e 10 que tiveram FHD", conta Liane.
"As amostras de sangue dos enfermos tiradas molecularmente para antígenos sanguíneos associados a leucócitos humanos (HLA) do dengue tipo 1 apresentaram resultados bastantes interessantes", explica Liane. "Porém, para a confirmação de determinados HLA com a evolução clínica para a forma mais grave da doença, necessitamos de uma amostragem com um número maior de casos de FHD. Por isso, estamos buscando a colaboração de outros hospitais do município", acrescenta.
O apoio da FAPERJ tem sido fundamental, afirma a pesquisadora."Graças à Fundação, adquirimos instrumentos mais adequados para nossos estudos, o que nos permitiu agilizar os experimentos." Para Liane, a análise de polimorfismos do gene HLA serve para identificar fatores genéticos que possam explicar a predisposição de algumas pessoas para a FHD. "Dessa maneira, esperamos que nosso trabalho contribua para o desenvolvimento de vacinas e drogas relacionadas à interação vírus-hospedeiro", conclui.
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