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Publicado em: 22/07/2005
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Fóssil de crocodilo revela ecologia pré-histórica

Mario Nicoll

Estudo mostra características do clima no interior paulista há 90 milhões de anos


Um dente encontrado em 1990 por um menino de 13 anos numa estrada em obras foi a chave inicial para importantes revelações sobre a pré-história do interior paulista. Ele motivou uma escavação paleontológica que resultou na descoberta do maior jazigo fossilífero já encontrado no Brasil: onze esqueletos em excelente estado, identificados como fósseis do Baurusuchus salgadoensis, espécie de crocodilomorfo até então desconhecida. O animal viveu há 90 milhões de anos onde hoje é o município de General Salgado, localizado na Bacia Bauru, noroeste paulista.

A pesquisa foi anunciada no início de junho por pesquisadores da UFRJ. "O material é uma preciosidade", afirma o paleontólogo Ismar de Souza Carvalho, do Departamento de Geologia da UFRJ, que assinou a pesquisa com Antônio Celso de Arruda Campos, do Museu de Paleontologia de Monte Alto (SP), e com o biólogo Pedro Henrique Nobre, também da UFRJ. A qualidade e a quantidade de fósseis permitem estudos variados como uma boa descrição do animal e informações sobre seus hábitos, ambiente, rotas de migração e o reconhecimento de catástrofes ecológicas no período cretáceo.

O B. salgadoensis, com até três metros e 400 quilos, era um predador. "O crânio estreito e alto e as mandíbulas com dentes afiados indicam um animal carnívoro", disse Pedro Henrique. As patas compridas, os olhos no alto da cabeça e as narinas frontais sugerem que ele era terrestre e, diferentemente dos primos atuais, percorria grandes distâncias.

Assembléia de morte na Terra primitiva

O estudo contribui para o conhecimento sobre eventos ecológicos da Terra primitiva. Há 90 milhões de anos o oeste de São Paulo tinha rios e lagos temporários. O clima era muito mais quente e seco.

Em época de seca, concluíram os cientistas, os B. salgadoensis se agrupavam em pequenas lagoas para esperar chuva. Quando a lagoa secava, os animais se enterravam na lama em busca de umidade. Se a chuva não voltasse, eles morriam desidratados. A chegada das chuvas depois de uma longa seca provocava alagamentos gigantescos que traziam detritos que possibilitaram a fossilização da assembléia de morte quase intacta.

Rio, referência em paleontologia

As instituições fluminenses são referência na área da paleontologia brasileira – tanto é que freqüentemente são convidadas para coordenar estudos em outras regiões. Os fósseis do B. salgadoensis, por exemplo, chegaram à equipe de Ismar Carvalho trazidas por Antônio Celso de Arruda Campos, diretor do Museu de Paleontologia de Monte Alto.

Escolhido para reportagem de capa da Gondwana Research, revista científica internacional, o estudo ajuda a entender as rotas migratórias de animais e a posição dos oceanos e continentes na época. Há 90 milhões de anos, América do Sul, África, Índia, Antártica e Austrália estavam juntas numa grande massa de terra, o antigo continente Gondwana, que começava a se romper e a se separar.

Além da FAPERJ e do Instituto Virtual de Paleontologia, os pesquisadores tiveram apoio do CNPq, UFRJ e Prefeitura e Museu de Paleontologia de Monte Alto.

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