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Publicado em: 14/08/2002
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Projeto preserva memória da psiquiatria no Brasil

Projeto preserva memória da psiquiatria no Brasil

Quem desconhece a história está condenado a repeti-la. A máxima popular também vale quando o assunto é o tratamento com dignidade dos doentes mentais. Se a recente aprovação pelo governo brasileiro da lei que extingue os manicômios aponta para um futuro promissor, é necessário não esquecer o passado, algumas vezes pouco lisonjeiro, da psiquiatria, com seus tratamentos discutíveis.

Com essa finalidade, foi criado o projeto "Memória da Psiquiatria no Brasil''. Financiado pela FAPERJ, o trabalho visa localizar e divulgar os acervos bibliográficos, diagnosticar as condições em que se encontram os acervos e, na medida do possível, propor ou implementar procedimentos institucionais visando sua preservação para fins de pesquisa.

A primeira etapa do projeto, liderado pelo psiquiatra Paulo Amarante, coordenador do Laboratório de Estudos e Pesquisas em Saúde Mental, da Fiocruz, foi concluída com a edição de um CD-ROM. Ele contém um catálogo de fontes não-correntes (que não se encontram mais em circulação) em psiquiatria da Biblioteca de Manguinhos, entre os anos de 1905 e 1969. No CD-ROM também estão catalogados cerca de 40 mil artigos, que incluem o primeiro periódico brasileiro de psiquiatria, publicado em 1905, e informações da catalogação bibliográfica do "Boletim de Eugenia'' e dos "Arquivos Brasileiros de Higiene Mental''. A obra contou com a colaboração de 16 pesquisadores, que, durante dois anos, se debruçaram sobre o material de Manguinhos.

"Este CD-ROM revela a importância dos periódicos não-correntes. Normalmente, eles têm sido descartados e retirados do acervo das bibliotecas porque o que se privilegia é o mais recente saber. Mas, assim, não se avaliam os processos de ruptura, continuidades e desconstruções que definiram a psiquiatria'', explica Amarante.

Nas duas últimas décadas, pesquisas e estudos em várias áreas do conhecimento que tratam dos aspectos relativos à reconstituição das práticas e saberes da medicina mental foram impulsionados por algumas obras emblemáticas. É importante lembrar que foram estudos históricos, como aquele ilustrado pela História da Loucura na Idade Clássica, de Michel Foucault, que abriram caminho para maior disseminação do conceito de reforma psiquiátrica."O objetivo é preservar a memória da psiquiatria, não no sentido ufanístico, mas voltar-se para ela para pensá-la enquanto prática social e de poder'', esclarece Amarante.

O CD-ROM, que será lançado em breve, conta ainda com uma bibliografica comentada de fontes secundárias e um histórico dos fatos mais relevantes na história da psiquiatria brasileira. A iniciativa também prevê um catálogo de história oral, com testemunhos de profissionais de saúde sobre o ofício da psiquiatra ao longo da história contemporânea. A meta do projeto é reunir informações sobre todo o acervo bibliográfico relativo ao tema encontrado no Rio de Janeiro.

"Ao examinar esses documentos, o que nos chama a atenção é o descompasso entre a utopia terapêutica e a violência institucional, a vontade de curar e a violência implícita nisso. Há toda uma negação do papel repressor da psiquiatria'', conclui Amarante.

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