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Publicado em: 14/08/2002
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Editorial

Editorial
Ciência e pobreza: um tema na pauta do século XXI


Os avanços da ciência nas últimas décadas propiciaram conquistas inegáveis à humanidade. O ma-peamento do gene humano, as redes de alta velocidade, as inovações tecnológicas usadas para explorar o espaço e os oceanos, o progresso nos diversos campos da medicina, esses são apenas alguns exemplos de áreas em que o homem mostrou ser capaz de ir além. Mas os benefícios dessas conquistas ainda não fazem parte da vida da maior parte da população do planeta. Paradoxal-mente, acentuam-se a concen-tração de renda, os confrontos étnicos e as disparidades eco-nômicas e sociais. O progresso, ao invés de socializar os benefícios, acirrou as desigualdades. O número de pobres no planeta aumentou em 1,3 bilhão. Países como o Brasil, que ocupa a posição de 9 economia mundial, tem 50 milhões de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza, e em alguns itens, como concentração de renda, apresenta índices de desenvol-vimento humano similares aos de países como Nicarágua e Suazilândia.

Tal perspectiva nos impele a inúmeros questionamentos. É preciso rever o papel da ciência no mundo? A quem se destinam os avanços científicos e tecnológicos? Por que, em pleno século XXI, quando o homem dominou tecno-logia suficiente para produzir alimentos em qualquer solo, remé-dios para a maioria das doenças e acesso veloz e amplo à educação e à cultura, ainda convivemos com mais de 1,2 bilhão de famintos no planeta? No intuito de colocar esse tema em pauta, a FAPERJ e a Academia Brasileira de Ciências reuniram cientistas e jornalistas que atuam no Estado do Rio de Janeiro e promoveram o "Ciclo de Atualização em Jornalismo Cien-tífico: Ciência e Pobreza no século XXI", do qual participaram produtores do conhecimento, acadêmicos e interlocutores da sociedade moderna. O grande interesse demonstrado pela maio-ria dos participantes, deixou claro que todos querem compreender o porquê desses contrastes com os quais nos deparamos diaria-mente e que escapam à racionalidade. Restringem-se os espaços para a ciência que se aliena das necessi-dades sociais; reduzem-se as expectativas de futuro para a sociedade que dispensa a par-ticipação da ciência. Pela impor-tância que a ciência representa para erradicação da pobrza, para o desenvolvimento da qualidade de vida dos cidadãos e, de certa maneira, para a própria sobre-vivência da humanidade, acredi-tamos que a sociedade deva estar sempre - e cada vez mais - in-formada sobre a ciência e seu uso. A opinião pública deve se ma-nifestar contra governos e em-presas que não a empreguem para tais fins.

Quando comecei a escrever este editorial para o FAPERJ 2000, ainda não sabia quais as conseqüências dos atos terroristas contra Nova Iorque e Washington. Mas uma coisa é certa: um dos países mais ricos e mais desenvolvidos tecno-logicamente do mundo foi dura-mente atingido em sua casa por grupos extremistas que podem ter origem naquela parte do planeta onde os indicadores de desenvol-vimento humano são os mais baixos. É importante começar a re-fletir: sobre a quem e a que tem servido o progresso técnico da humanidade? Infelizmente, em grande parte, não se destina à paz, nem tampouco à erradicação da pobreza e da fome no planeta.

Fernando Peregrino

Presidente da FAPERJ

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