Estudo da Superintendência Estadual de Rios e Lagoas (Serla) apontou que os maiores problemas causadores de enchentes em vários municípios da Região Metropolitana do Rio acontecem nas regiões de baixada, principalmente naquelas cujos rios são formados por contribuintes que nascem na Serra do Mar.
O aclive da Serra do Mar é muito grande, e durante os períodos de fortes chuvas rapidamente ocorrem fenômenos das trombas dágua. Estudos estruturais estão sendo desenvolvidos pelas agências regionais da Serla em todo o Estado para verificar pontos de enchentes em municípios do interior.
Segundo a arquiteta Inês Muchelin Selles, do Departamento de Autorga da Serla, nos últimos anos houve uma mudança mundial de paradigma no modo de se lidar com enchentes. Antes, investia-se basicamente em obras, mas as construções duravam períodos limitados, até desmoronarem com chuvas maiores. Hoje se sabe que simplesmente tentar barrar a força da natureza não resolve. É preciso controlar a ocupação das áreas de risco e promover a educação ambiental da população.
Em 2001, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semads) e a Fundação Superintendência Estadual de Rios e Lagoas Serla produziram um documento que explica o Projeto Planágua Semads / GTZ de Cooperação Técnica Brasil Alemanha. Em lugar de direcionar e acelerar as águas das enchentes rio abaixo, deve-se restabelecer o quanto possível a retenção natural já nas cabeceiras, nas matas, nas áreas ribeirinhas e conservar as áreas de inundação ainda existentes. É impossível evitar as enchentes excepcionais, porém é possível conter seu agravamento contínuo e reduzir os prejuízos. Precisamos aprender a conviver com o fenômeno. Precisamos divulgar medidas preventivas e conscientizar a população sobre os riscos aos quais está exposta. Não urbanizar áreas de inundação é o melhor e economicamente mais viável método para evitar e reduzir os riscos e prejuízos de enchentes, diz o texto.
A especulação imobiliária e a criação de loteamentos nos municípios da Baixada tornaram inócuas as fabulosas obras realizadas na década de 30 pelo DNOS (Departamento Nacional de Obras e Saneamento). O objetivo das obras era criar um cinturão verde para abastecimento da capital e arredores com hortifrutigranjeiros, que vinham, naquele tempo, das distantes regiões do vale do Paraíba. Estas obras, entretanto, não foram acompanhadas de um programa eficiente de colonização, incentivo e apoio técnico, que realmente gerasse a ocupação agrícola desejada. A ocupação desordenada agravou os problemas das bacias fluviais da Baixada, em especial a do rio Iguaçu-Sarapuí, que banha os municípios de Nova Iguaçu, Nilópolis, São João de Meriti, Duque de Caxias e Belford Roxo.
Os rios e canais da região são um dos focos da Operação Verão: Rio Limpo, que além da manutenção de comportas e dragagens de mais de 40 rios e canais, prevê trabalhos de limpeza, retirada e reciclagem de lixo flutuante, programas de educação ambiental e medidas judiciais para a derrubada de construções irregulares em faixas marginais de proteção. Para dar um tratamento especial à região, a Serla criará uma Agência Regional na Baixada Fluminense, que procurará impedir construções irregulares nas faixas marginais de proteção.
A Operação Rio Limpo, lançada no início de fevereiro pela governadora Rosinha Garotinho, terá investimentos de R$ 31 milhões para a dragagem de vários cursos d´água na capital. Deste valor, R$ 6 milhões serão aplicados na dragagem da Lagoa da Tijuca, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. Os outros R$ 25 milhões serão usados em intervenções nas bacias da Baixada de Jacarepaguá, Zona Oeste e Baía de Guanabara.
O governo do estado também está investindo R$ 3 milhões nas obras de canalização do Valão Formoso, em São João de Meriti. A obra, que beneficia 30 mil pessoas, está sendo feita pelo Departamento de Estradas de Rodagem (DER). Serão fechados 770 metros de galerias e a previsão é que os trabalhos terminem na primeira quinzena de março. O objetivo da obra é melhorar o escoamento de água do canal, minimizando, assim, os alagamentos, um dos problemas mais críticos da Baixada. De acordo com o projeto, o Valão Formoso passará a desaguar no Canal Alberto de Oliveira, também em São João de Meriti.
Outro programa do governo do estado, o Nova Baixada, beneficiará um milhão de habitantes da região. Estão previstas obras de abastecimento de água potável, implantação de esgotamento sanitário e coleta de lixo, pavimentação de ruas e construção de aparelhos sociais, como postos de saúde e creches.
Saiba mais:
Enchentes no estado do Rio de Janeiro: uma abordagem geral
Projeto PLANÁGUA SEMADS / GTZ de Cooperação Técnica Brasil Alemanha - Agosto de 2001
http://www.serla.rj.gov.br/planagua/pdf/publi8.zip
As águas da Guanabara: despoluir ou sanear
Revista Ciência Hoje
http://www2.uol.com.br/cienciahoje/chmais/pass/ch155/emdia.pdf
Evitando enchentes
http://www.planeta.coppe.ufrj.br/artigo.php?artigo=285
Artigo sobre a tese de doutorado de Marcelo Gomes Miguez, "Modelo Matemático para a Simulação de Enchentes em Áreas Urbanas", do Laboratório de Hidraúlica Computacional do Programa de Engenharia Civil da COPPE.
Orientações da Secretaria Estadual de Saúde para população durante e após as enchentes
http://www.saude.rj.gov.br/acoes/enchentes.shtml
Controle de Enchentes Urbanas - O Caso da Baixada Fluminense
Artigo do professor Jerson Kelman, Diretor-Presidente da Agência Nacional de Águas - ANA.
Site do especialista Jerson Kelman
O diretor-Presidente da Agência Nacional de Águas - ANA é autor de mais de 100 artigos técnicos e livros e orientou dezenas de teses de mestrado e doutorado.
http://www.ana.gov.br/jersonkelman/index.asp
Site do especialista Jorge Rios
http://www.profrios.hpg.ig.com.br/
História do Saneamento da Baixada Fluminense
http://www.ipahb.com.br/saude_sanea.php
Site do Instituto de Pesquisas e Análises Históricas e de Ciências Sociais da Baixada Fluminense (IPAHB)
Especial sobre enchentes do Rio Águas, da Prefeitura do Rio de Janeiro
www.rio.rj.gov.br/rioaguas/rioaguas_menu.htm
Centro de Informações da Baía de Guanabara
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